#Por Julia Queiroz –
A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas anunciou, ontem, os indicados à 97ª edição do Oscar, o principal prêmio do cinema mundial. Em uma surpresa, Ainda Estou Aqui fez história e foi indicado ao prêmio máximo do Oscar, o de Melhor Filme.
É a primeira vez na história que o Brasil conquista uma vaga na categoria com um filme totalmente falado em português — antes, houve uma indicação para O Beijo da Mulher-Aranha, uma coprodução Brasil-EUA, falada principalmente em inglês.
O longa de Walter Salles ainda conseguiu indicações nas categorias de Melhor Filme Internacional e de Melhor Atriz, para Fernanda Torres.
É a quinta vez que o País conquista uma indicação para longa-metragem estrangeiro. Já Torres é apenas a segunda atriz brasileira a conquistar o feito, depois, claro, da própria mãe, Fernanda Montenegro, que concorreu por Central do Brasil, também de Salles, em 1999.
Ainda Estou Aqui, o primeiro original Globoplay, estreou no Festival de Veneza em setembro e chegou aos cinemas nacionais em novembro. Virou um fenômeno de público e crítica, vendendo mais de 3 milhões de ingressos no Brasil. O filme é baseado no livro homônimo do escritor Marcelo Rubens Paiva sobre sua mãe Eunice (vivida por Torres), que precisou reconstruir sua vida após o assassinado do marido, ex-deputado federal Rubens Paiva (Selton Mello), durante a ditadura militar.
O principal rival do País na categoria internacional, o francês Emilia Pérez, lidera a premiação com 13 indicações. O filme, um musical exuberante que aborda traficantes de drogas, cirurgias de redesignação sexual, vítimas de assassinatos, sociedade patriarcal e protagonismo feminino, fez história com a indicação de Karla Sofia Gascon em melhor atriz – ela é a primeira atriz trans a ser indicada para um Oscar de atuação.
Emoção
Fernanda Torres publicou um vídeo para comemorar as três indicações de Ainda Estou Aqui ao Oscar 2025 — a sua, na categoria de Melhor Atriz, e as duas recebidas pelo longa, em Filme Internacional e Melhor Filme, a disputa mais importante da premiação.
Posteriormente, em entrevista à GloboNews, a atriz confessou que não assistiu à indicação ao vivo, que foi exibida na manhã de ontem, no canal oficial do YouTube do Oscar.
“Eu acordei com aquela angústia, porque eram duas alternativas: uma era não ser indicada e ficar com aquele sentimento de ‘morreu na praia’. E a outra era o medo de ser nomeada e eu sei o trabalho que vem pela frente agora”, comentou Fernanda.
Quem assistiu e deu a notícia logo em seguida para a atriz brasileira foram o seu marido, Andrucha Waddington, e o seu filho Joaquim. “Eu resolvi não assistir porque o meu sobrenome é Torres e eles vão em ordem alfabética pelo sobrenome. E [o ‘T’] vem sempre no fim. Tinham me pedido para filmar a reação, mas eu estava aqui no meu quarto, Andrucha e o meu filho Joaquim lá embaixo, e aí eles que subiram e falaram: ‘Nanda, rolou’.”