Por Inês de Matos#
A procura global por viagens aéreas aumentou, em março, 3,3%, num crescimento que, segundo a IATA – Associação Internacional de Transporte Aéreo, se deveu essencialmente à subida da procura internacional, que cresceu 4,9%, enquanto a procura doméstica avançou apenas 0,9%, apesar da quebra generalizada na ocupação dos voos.

Os dados divulgados esta quarta-feira, 30 de abril, pela IATA mostram que o aumento da procura global foi acompanhado pelo crescimento da capacidade, que subiu 5,3% no terceiro mês de 2025, enquanto a ocupação atingiu os 80,7%, 1,6 ppt abaixo do registado em março de 2024.
O crescimento global foi, segundo os números da IATA, impulsionado pelo aumento da procura internacional, que subiu 4,9% face a março do ano passado, o que foi possível graças ao aumento de 7,0% na capacidade, ainda que o load factor tenha ficado nos 79,9%, o que traduz uma quebra de 1,7 ppt em relação a março de 2024, com a IATA a notar que a descida da ocupação internacional foi comum a todas as regiões do mundo.
Já a procura doméstica registou um aumento de apenas 0,9%, com a IATA a revelar que o aumento da capacidade doméstica também foi mais fraco e ficou nos 2,5% em relação ao ano anterior, enquanto o load factor foi de 82,0%, o que revela uma descida de 1,3 ppt em relação a março de 2024.
“A procura de passageiros cresceu 3,3% em março, em relação ao mesmo período do ano anterior, um ligeiro fortalecimento em relação ao crescimento de 2,7% registrado em fevereiro. Uma expansão de capacidade de 5,3%, no entanto, superou a subida da procura levando a uma queda na taxa de ocupação, que passou de níveis recordes para 80,7%”, explica Willie Walsh, diretor-geral da IATA.
De acordo com o responsável, a especulação em torno do impacto das tarifas anunciadas pelos EUA, assim como de outros obstáculos económicos, não parecem ter, por enquanto, grande expressão, até porque os dados de março mostram que houve apenas uma “pequena queda” na procura por viagens na América do Norte.
Willie Walsh considera, contudo, que é preciso acompanhar a evolução da procura na América do Norte, apesar dos números de março continuarem a “mostrar um padrão global de crescimento nas viagens aéreas”.
Tráfego internacional desacelera com Ásia-Pacífico na liderança
A IATA assinala que, em março, se registou uma desaceleração do crescimento do tráfego internacional, uma vez que o aumento de 4,9% ficou aquém da subida de 5,9% registada em fevereiro e de 12,5% de janeiro.
A IATA diz, no entanto, que “essa desaceleração desde janeiro reflete em grande parte a normalização final das comparações de procura a cada ano no período pós-COVID” e assinala o desempenho da Ásia-Pacífico, que apresentou um crescimento de 9,9%, apesar do load factor ter caído em todas as regiões do mundo, numa média de 1,7 ppt.
Os dados da IATA mostram que, além do crescimento de 9,9% no tráfego internacional na Ásia-Pacífico, esta região do mundo assistiu também a um aumento de capacidade de 11.6% em março, o que permitiu um load factor de 84.1%, com uma descida de 1.3 ppt face a março do ano passado.
Na América Latina, o desempenho foi igualmente positivo, já que o tráfego aéreo internacional cresceu, em março, 7,7%, enquanto a capacidade aumentou 12.1% e o load factor foi de 80.9%, o que traduz uma descida de 3.3 ppt comparativamente ao mesmo mês de 2024.
Na Europa, o aumento do tráfego internacional foi de 4.9% face a março do ano passado, enquanto a capacidade aumentou 6.9% e o load factor ficou nos 78.2%, o que reflete uma descida de 1.5 ppt em relação a março de 2024.
As companhias aéreas africanas viram ainda o tráfego internacional aumentar 3,3% e disponibilizaram mais 3.5% de capacidade, com o load factor a ficar-se pelos 70.1%, o que indica um decréscimo de 0.2 ppt face ao mesmo mês do ano passado.
Já no Médio Oriente e na América do Norte, o tráfego aéreo internacional desceu 0,1%, com a capacidade a subir apenas 2.0% na América do Norte e 2,8% no Médio Oriente, o que levou também a descidas no load factor. Na América do Norte, a ocupação dos voos internacionais caiu 1.8 ppt, fixando-se nos 83.0%, enquanto no Médio Oriente a descida foi de 2.9 ppt, para 74.6%.
No entanto, se no Médio Oriente a IATA atribui a descida do tráfego ao Ramadão, que costuma “afetar os padrões de viagem”, no caso da América do Norte a descida poderá ser explicada pelas politicas da nova Administração dos EUA, com a IATA a notar apenas que, face ao mês anterior, em que a descida tinha sido de 1,5%, houve uma “melhoria” neste indicador. Font: publituris.pt