Por Marina Marcondes
A porção sul da Espanha é composta pela comunidade autônoma da Andaluzia, uma das regiões mais visitadas do país devido ao seu passado fascinante que remete à nação moura, antigos residentes da Península Ibérica. Suas três grandes cidades – Córdoba, Sevilha e Granada – revelam a presença desse povo por meio do estilo arquitetônico dos palácios, jardins e mesquitas, que se misturam a sinagogas e igrejas católicas. A região da Andaluzia também apresenta fantásticas praias, vilarejos medievais, reservas ecológicas e a possibilidade de, a partir de uma viagem de barco de uma hora, explorar o Marrocos, no continente africano.
Confira as dicas dessa fantástica região, inspiradas no Guia O Viajante Europa Mediterrânea, da editora O Viajante.
SEVILHA
Capital da Andaluzia e quarta maior cidade espanhola, Sevilha, com pouco mais de 700 mil habitantes, cortada de norte a sul pelo rio Guadalquivir, tem fama de festeira. Sua história é de uma riqueza como pouco se vê igual: foi ponto de ligação entre o Novo e o Velho Mundo durante o século 16, uma vez que detinha o monopólio do comércio com a América.
Vale a pena conhecer a cidade a pé; muitas das atrações estão no entorno da grandiosa Catedral de Sevilha (foto acima). A igreja impressiona pelo tamanho, pela mistura de elementos cristãos e muçulmanos e pela preciosa decoração interna que a tornam uma das catedrais mais fantásticas da Espanha.
Ao visitar a catedral, não deixe de ir ao Patio de los Naranjos, espaço ajardinado no interior do complexo arquitetônico, e à Torre La Giralda, que oferece uma bela vista de Sevilha.
Próximos à catedral estão o Reales Alcázares e a Plaza de España. O primeiro, que foi locação de Game of Thrones é um suntuoso palácio que começou a ser construído pelos árabes e tornou-se um grande exemplo da arte mudéjar (estilo hispano-mulçumano). Já o segundo local é uma bela e ampla praça com um prédio semicircular, um canal, algumas pontes e painéis de azulejos que apresentam as províncias espanholas.
Também imperdível em Sevilha é apreciar as pontes, muitas delas de arquitetura arrojada, visitar o Museo de Bellas Artes, de rica coleção, passear pelo Barrio de Santa Cruz, o velho quarteirão judeu, e se impressionar com a Casa de Pilatos, bela mansão do século 16.
CÓRDOBA
Uma das mais importantes cidades da Andaluzia, Córdoba, de 316 mil habitantes, é a mais significativa lembrança da Reconquista Cristã.
Durante dois séculos, foi a capital do al-Andalus, território mouro na Península Ibérica que deixou pelas ruas seu legado cultural. Cortada pelo rio Guadalquivir, preserva típicas ruas estreitas e casas de pátios arborizados – onde uma sombra é tudo o que você irá desejar no verão.
A maior atração de Córdoba é a Mezquita-Catedral de Córdoba, que foi construída no século 8, sendo o primeiro monumento muçulmano erguido no Ocidente, e mistura os estilos romano, gótico, bizantino e elementos persas, o que a torna uma das construções mais impressionantes da Espanha.
A 700 metros da mesquita está o Alcázar de los Reyes Cristianos, palácio construído em 1328 que serviu de residência aos reis católicos Fernando e Isabel durante oito anos. Suas torres, jardins e banhos árabes são encantadores. Também perto está a Judería, fascinante área judaica de ruas estreitas e casas seculares. O Museo de Bellas Artes, a Sinagoga e a Torre de la Calahorra também são pontos importantes de Córdoba, mas, realmente imperdível, é apreciar uma noite de Flamenco, sendo o Tablao El Cardenal um local tradicional. A apenas 10 quilômetros de Córdoba, chega-se a Medina Al-Zahra, cidade originalmente árabe que, apesar de hoje estar em ruínas, ainda ostenta algumas construções, como aquedutos, pontes e a mesquita.
GRANADA
Talvez a cidade “mais moura” da Espanha, Granada, com 240 mil habitantes, tem seu passado marcado pela presença de importantes dinastias árabes. Por estar no sopé da Sierra Nevada, se transforma com o frio. Não à toa, possui uma ótima estação de esqui e é um dos destinos inusitados para visitar no inverno europeu.
Conjunto arquitetônico espetacular, situado em Granada, é a La Alhambra: complexo fortificado que inclui o Alcazaba (forte), Alcázar (palácio), Generalife (palácio de verão e os jardins) e a muralha. Impressiona pelo tamanho, significado histórico, riqueza de informação e fortes marcas da arte e arquitetura islâmicas. O local faz uso elaborado do rio Darro, parte dele canalizada para dentro do complexo, abastecendo fontes, laguinhos, canais e espelhos d’água.
Antiga área moura, Albaicín fica sobre uma colina de frente para a Alhambra e o ideal por ali é se perder pelas ruelas estreitas – que guardam construções de estilo muçulmano e renascentista – e pelos becos que serpenteiam os bairros. Já Sacromonte é um antigo reduto de ciganos repleto de formações rochosas que permitiram que os ciganos construíssem suas casas como se fossem cavernas, dentro das pedras. Também merecem destaque a Catedral, o Museo Arqueológico, o El Bañuelo, antes um local de banhos árabes, e o moderno Centro Cultural Caja Granada Memória de Andalucía.
MÁLAGA
Hoje com 570 mil habitantes, a segunda mais populosa cidade da Andaluzia, Málaga é um dos mais antigos centros urbanos europeus, fundado por fenícios em 770 a.C.
Conserva importantes construções de diversos povos que por ali se assentaram e deixaram suas marcas artísticas, concentradas no centro histórico. Terra natal de Pablo Picasso, Málaga também exibe uma veia artística pulsante, com importantes museus e intensa programação cultural.
Entre as principais atrações estão as ruínas do Teatro Romano, construído no século 1 a.C., a bem-conservada Alcazaba, fortaleza moura do século 11 que abriga palacetes, pátios e um museu arqueológico, e o Castillo de Gibralfaro, no topo do monte homônimo. Desse último local, têm-se as mais impressionantes vistas de Málaga, inclusive da arena de touros La Malagueta.
A Catedral e a Basílica de Santa María de la Victoria são os grandes destaques eclesiásticos de Málaga, e os museus Picasso, Casa Natal de Picasso e Carmen Thyssen, os artísticos. Principal porta de entrada para a Costa del Sol, região litorânea que abrange 150 quilômetros de luxuosos balneários, Málaga é um destino delicioso para o às vezes escaldante verão andaluzino.
Quem deseja um programa bem diferente pode se dirigir a Júzcar: a 123 quilômetros de Málaga e uma das dez cidades coloridas ao redor do mundo, o vilarejo é totalmente pintado de azul, característica advinda de uma jogada de marketing hollywoodiana.
Quando for à Andaluzia
O sul da Espanha apresenta um clima mediterrânico continental que possibilita o turismo ao longo de todo o ano. O verão é quente e seco, o inverno, suave e a primavera e o outono apresentam temperaturas amenas e chuvas irregulares.
Quem não gosta de muito calor, no entanto, deve evitar visitar a Andaluzia em julho e agosto, já que as temperaturas podem chegar a tórridos 40°C em algumas cidades. Com tamanho calor, as praias são uma ótima pedida, então, é claro, o verão coincide com a alta temporada na Andaluzia e, nessa época, você talvez tenha que disputar espaço na areia com milhares de turistas e de espanhóis.
*Fonte: skyscanner
conteúdo original: http://bit.ly/2zAZRh3