A primeira visita do meu tour – sim, acabei vindo de tour – tem até uns brasileiros no grupo, mas a maioria é de espanhóis. Os “brazucas” naquele portunhol avançado entenderam que tinham que comprar chinelos para uma visita num templo no dia seguinte. A informação, na verdade, era para levarem meias porque não se pode entrar de sapato ou descalço, enfim…
Parada inicial: o Museu e Castelo de Osaka, um forte no meio da cidade. Mas, na verdade, a maior atração agora são as famosas cerejeiras em flor ou Sakura. Todo mundo fica tirando milhões de fotos de todos os ângulos, é um espetáculo.
Eu até entrei no museu, que vale bastante a pena nos seus cinco andares, mas o mais legal mesmo é uma parte que você se veste de samurai e tira aquelas fotos instantâneas por 1600 yens. É imperdível!
Poderíamos ter almoçado ali mesmo, essa seria a melhor opção para todos, mas as agências que fazem os pacotes raramente conhecem os locais de verdade e criam roteiros que quase nunca conseguem agradar porque não pensam no cliente.
Visitamos (correndo) em 35 minutos e rumamos para um shopping com vários restaurantes chamado Namba Parks, ali perto. Vale até conhecer. Tem vários restaurantes que parecem sofisticados, mas acabamos num buffet de frango frito e algumas saladinhas e missushiro.
Fim da “tourtura”. As ovelhas desgarraram e seguiram seu rumo. O Nambas é um shopping enorme e eu, claro, me perdi e não achava a saída. A guia recomendou: siga paro Norte como se fosse algo automático. Me deparei com quatro adolescentes e tentei um Exit para ver se me ajudavam. Eles sorriram e me indicaram um andar, foram comigo e saímos num lugar que não parecia a saída. Eu fui numa direção e elas em outra. Daí perceberam que tinham me indicado errado e voltaram para me buscar. Isso é muito mais que gentileza, é preocupação com o outro. E isso infelizmente a cultura ocidental perdeu. O Brasil, então, nunca foi bom nisso!
Saída encontrada e começa a aventura pelas ruelas do centro comercial fervente de Osaka: Shinsaibashi, perto da Namba Station. Você pode ficar por lá o dia todo. É tanta lojinha, tanta informação, tanta luz piscando e gente passeando e tudo impecavelmente limpo. Não tem um saquinho no chão, nada. Impressionante.
Escolhi outros utensílios para meu futuro jantar japonês e após pagar (sempre tenha yen ou não vai comprar nada no Japão), ele pôs as coisas num balcão e disse que eu poderia empacotar. Foi a coisa mais difícil do dia! Embrulhar com vários jornais japoneses todas as coisas que eu tinha comprado – e quase já me arrependido.
Demorei horas para embrulhar tudo direitinho e até me lembrei do meu primeiro emprego de caixa, onde eu costumava fazer pacotes. Depois achei uma lojinha que vende todos os produtos japoneses imagináveis em resina. Vai de chaveirinho a pin de geladeira, frutas e legumes variados. O senhor no balcão também é o artista: Aburatani Kouseido.
Já meio cansada das compras me atrevi a entrar num dos cubículos de Massage. Eu merecia uma massagem típica. Escolhi uma reflexologia para ajudar a circulação das pernas e pés após as 25 horas de voo mais bate-perna de comprinhas e não me arrependi. A melhor reflexologia da minha vida, e olha que faço essa massagem em spas incríveis de luxo, mas nada se compara por 30 minutos e 2,5 mil yen.
Para terminar o meu dia, queria uma refeição decente japonesa e escolhi um desses típicos restaurantes de balcão onde você pede várias duplinhas ao sushiman no comando. Fantástica a rapidez da montagem das pecinhas e a qualidade dos peixes. A única coisa que pode ser meio desagradável é o cliente ao lado fumando. Eles ainda fumam nos restaurantes, mesmo os pequenos, e para gente, isso pode incomodar um pouco. A conta também você paga sempre na saída, não vem na mesa, e sempre em cash.
Na volta peguei um táxi com uma porta que abre sozinha e um motorista de terno e gravata impecavelmente passado. Falei meu hotel e ele disse para eu sair porque a direção era oposta. Não entendi bem e achei que poderia caminhar, tudo isso fruto do litro de saquê junto com o jantar. Eu saí do taxi e fui na direção oposta.
E não é que o senhor veio atrás de mim e disse que eu tinha de atravessar a rua e pegar o táxi do outro lado? Era apenas isso. Eles não acham justo você pagar mais para dar a volta quando do outro lado passam vários. É um senso de consideração que surpreende. Parece que estamos em outro planeta. Visite Osaka!