Na rota das Marias Fumaças

Por Nayara Oliveira

Andar de trem é fazer uma verdadeira viagem no tempo. O meio de transporte desenvolvido no início do século XIX confere aos seus passageiros uma viagem confortável com direito à paisagens exuberantes entre serras, matas e plantações. No Brasil, a construção da primeira ferrovia foi iniciada com o Barão de Mauá, que implementou os primeiros trilhos em terras tupiniquins. O tempo foi passando, outras formas de locomoção foram chegando, mas as ferrovias não perderam seu charme. Ao contrário: vem ganhando importância no turismo.

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A Estrada de Ferro Vitória a Minas proporciona belas paisagens naturais para os turistas. Foto: Embratur

Hoje, existem 28 roteiros de trens de passageiros, entre regulares e turísticos, autorizados pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). Dados do Plano Nacional de Viação de 2016 mostram que o país possui 30,6 mil km ferrovias já implantados e 17,2 mil km em planejamento. Só no ano de 2016, o setor transportou 1,3 milhão de passageiros.

A variedade de trens é tão grande que o turista pode escolher entre antigas Marias Fumaças ou trens mais modernos, que não agridam ao meio ambiente. Para embarcar nessa viagem, a Agência de Notícias do Turismo selecionou alguns roteiros de trilhos para o viajante apaixonado pelas locomotivas. Para outros roteiros, clique aqui.

Estrada de Ferro Carajás (PA – MA): Norte e Nordeste brasileiros estão unidos pelos trilhos em um trajeto de 892 km. Considerado o mais longo do país nessa categoria, o visitante vai percorrer o trajeto da maior mina de minério de ferro a céu aberto do mundo, em Carajás, no sudeste do Pará, ao Porto de Ponta da Madeira, em São Luís (MA).  O trem funciona desde 2015 e transporta cerca de 300 mil passageiros por ano.

Trem do Corcovado (RJ) – A paisagem da Mata Atlântica faz parte do percurso. Quando se trata de trem, esse é um dos roteiros mais populares do Brasil, com direito a locomotiva centenária (a primeira do país) e elétrica, o que auxilia a não poluir o meio ambiente. Como bônus, o turista ainda consegue admirar a cidade maravilhosa lá do alto, no Cristo Redentor.

Estrada de Ferro Vitória a Minas (ES – MG): Vitória (ES) e Belo Horizonte (MG) são ligadas pela ferrovia desde 1907, levando um milhão de passageiros por ano pelos 664 km de distância entre as capitais. Com essa opção, o turista se deleita por um dia inteiro com paisagens de importância histórica na região sudeste. É importante ressaltar que o trem oferece conforto e estrutura alimentar para que esse dia seja ainda mais inesquecível.

Trem de Rio Negrinho a Rio Natal (SC): Sentir-se um típico passageiro da década de 1940 vai fazer parte do passeio de quem escolher esse roteiro, as “senhoras” locomotivas podem até ter uma idade avantajada, mas dão conta de cruzar os 40 km entre Rio Negrinho e Rio Natal, no município de São Bento do Sul com maestria.  Também fazem parte do atrativo incríveis obras da engenharia, como túneis, viadutos e pontes que estão presentes históricas.

Trem do Vinho (RS): Dois atrativos em um só passeio. A Maria Fumaça “trem do vinho”, como é conhecida, percorre as cidades de Bento Gonçalves, Garibaldi e Carlos Barbosa e dá oportunidade ao turista de viver as tradições dos imigrantes italianos, que são retratadas no passeio por meio de apresentações gaúchas. No trajeto também são servidos vinho tinto, suco de uva branco e tinto, além de espumante. A rede ferroviária foi inaugurada em 1919 e transportou passageiros até a metade da década de 1970.

INCENTIVO PARA OS TRILHOS

O turismo ferroviário é uma importante ferramenta de promoção do turismo e tem o apoio do MTur. Em fevereiro deste ano, uma reunião em Brasília marcou a retomada de discussões do Grupo de Trabalho de Turismo Ferroviário coordenado, desde 2010, pela Pasta. A pauta do encontro abordou pontos como a necessidade de avanços normativos e legais na área para superar obstáculos ao adequado desenvolvimento do ramo no Brasil.

A próxima reunião do colegiado deve ocorrer em abril. Além do MTur, fazem parte do GT de Turismo Ferroviário representantes do Ministério dos Transportes, do DNIT, da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), do Ministério do Meio Ambiente, do Brasil Convention & Visitors Bureau e empresários do setor, entre outros.

 

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