De Barcelona– Novo rebento da Royal Caribbean, o Symphony of the Seas mede 362 metros de comprimento e custou US$ 1,5 bilhão. Assim como o Harmony of the Seas, lançado em 2016, ele é quase do tamanho do Empire State Building de Nova York deitado. No entanto, supera seu antecessor em 1,1 tonelada de arqueação bruta – ou seja, é um tiquinho mais volumoso.
Vendo os dois gigantes lado a lado, você não seria capaz de detectar a diferença. Mas quem se importa com isso? Maior navio de cruzeiros do mundo, com capacidade para 5.518 hóspedes em ocupação dupla nas suas 2.759 cabines (e 6.670 com lotação máxima, incluindo bi-camas e afins), o 25o integrante da frota da armadora americana zarpou do porto de Barcelona dia 7 de abril para sua viagem inaugural. Recheado de inovações tecnológicas, além de espetáculos, atrações e restaurantes inéditos, ele navegará pelo Mediterrâneo até outubro e, a partir de novembro, fará a rota entre Miami e o Caribe.
Batalha laser e superproduções
Quarto navio da classe Oasis da Royal Caribbean, que vem agregando “maiores do mundo” desde 2009 (quando foi lançado o Oasis of the Seas), o Symphony of the Seas não é muito diferente de seus irmãos. Mas ele traz algumas novidades de peso. O upgrade nas atrações vem em forma de uma arena de Laser Tag, espécie de videogame ao vivo em que duas equipes de jogadores se enfrentam com armas de raio laser na batalha pelo Planeta Z.
No gigantesco Royal Theatre, está em cartaz uma versão reciclada do espetáculo Hairspray, um musical da Broadway inspirado nos anos 1960 e vencedor de oito prêmios Tony, o Oscar do teatro americano (no Brasil, a peça foi protagonizada por Edson Celulari e Danielle Winits). A partir de maio, os passageiros também poderão assistir Flight, produção original da Royal Caribbean sobre a arte de voar, que contou com a consultoria do astronauta Clayton C. Anderson e contará com uma reprodução em tamanho real do avião com o qual os irmãos Wright levantaram voo em 1903. As duas montagens engrossam a programação, que já era um dos pontos fortes da classe Oasis. No espetáculo de patinação no gelo, por exemplo, 40 drones fazem um balé sincronizado sobre o palco, enquanto no lado externo, no Aqua Theatre, atletas olímpicos de várias partes do mundo fazem um show de acrobacias aquáticas.
Shangri-lá infantil e tecnologia
Em termos de acomodação, a nova vedete é a Ultimate Family Suite, um apartamento duplex onde o quarto das crianças, no andar superior, é conectado à sala de estar por um tobogã. A suíte de 125 metros quadrados ainda tem uma sala de cinema 3D com máquina de fazer pipoca, parede de Lego do teto ao chão e uma varanda de 20m2 equipada com jacuzzi. A decoração é um espetáculo à parte, com luminárias coloridas que pendem do teto como balões, pufes multicoloridos e cadeiras em formatos insólitos. A diversão tem seu preço: em média US$ 45 mil para uma família de quatro pessoas por semana.
O Symphony também está equipado com o que a companhia tem de mais high-tech, incluindo as cabines internas dotadas de “varanda virtual” (com tela de alta definição que transmite imagens do exterior em tempo real) e um bar onde os barmen são robôs. Para agilizar o processo de embarque, o passageiro pode fazer o check-in através do aplicativo com reconhecimento facial e ir direto para a cabine praticamente sem parar na fila. Uma vez a bordo, a ferramenta pode ser usada para reservar restaurantes e excursões, controlar os gastos e espiar os bastidores do navio com a função X-Ray Vision. O navio também é mais eficiente do ponto de vista do uso de energia, em parte graças a um sistema que emite microbolhas através de seu casco, reduzindo o atrito com a água e, consequentemente, o consumo de combustível. Ainda assim, o titã leva um minuto para engolir o equivalente ao tanque de um automóvel convencional. Não à toa, seu depósito comporta 5 mil metros cúbicos de diesel, o equivalente ao conteúdo de duas piscinas olímpicas!
Novidades gastronômicas
Há 20 restaurantes a bordo, sendo 11 deles “de especialidade”, pagos à parte, a preços que variam de US$ 20 a US$ 53,90. Neste setor, a grande novidade é o Hooked (US$ 20,90 no almoço e US$ 42,90 no jantar). Especializado em frutos do mar, tem ostras e outros itens frescos no cardápio – uma façanha logística em se tratando de cruzeiros marítimos. O arsenal gastronômico especial também incorpora o novo bufê mexicano El Loco Fresh, ao ar livre, perto das piscinas, e o Playmakers Sports Bar & Arcade, onde são servidos hambúrgueres e afins para acompanhar a transmissão de jogos nos telões. Entre as laricas, a novidade é a Sugar Beach, um mix de sorveteria com confeitaria que, ao começo de cada viagem, é abastecido com 4 toneladas de tentações açucaradas.
E por falar em superlativos, o Symphony of the Seas ostenta o tobogã aquático mais alto do mundo (45,72 metros acima do nível do mar), o maior cassino dos mares (que também é o maior fumódromo) e a internet mais rápida da indústria dos cruzeiros. Mas nada é tão espantoso quanto as cifras alimentares do gigante. Em uma semana de cruzeiro, são consumidas, em média, 350 toneladas de comida – e essa quantia pode chegar a dobrar em viagens que partem dos Estados Unidos!
Para saciar o apetite voraz de seus passageiros, o navio tem 33 cozinhas sob o comando do chef executivo Gary Thomas, um grandalhão de Liverpool conhecido como “general”, que se refere ao Shymphony of the Seas como “the beast” (“a besta”, ou “a fera”). Seu maior orgulho é o Wonderland, inspirado no universo de Alice no País das Maravilhas. “Aposto com você que é o melhor restaurante da indústria de cruzeiros”, disse-me ele com a segurança de quem comanda um exército de mais de 10 mil cozinheiros repartidos pela frota da Royal Caribbean e um staff de 1085 apenas no Symphony of The Seas, entre chefs, garçons e assistentes.
Especializado em cozinha molecular, o Wonderland serve delícias como salada caprese líquida, ovos defumados sobre um “ninho” que lembra um baclava e muitas outras receitas com texturas invertidas, espuminhas e afins – destaque para os fofíssimos cogumelos coloridos e apimentados da sobremesa. Se é o melhor dos mares, não saberia dizer. Mas dificilmente haverá algo mais surrealista (literalmente) flutuando por aí. O pacote tem direito a Chapeleiro Louco despejando frases nonsense entre os comensais, cadeiras com orelhas de coelho e talheres que desafiam a habilidade dos canhotos (tive que ser praticamente servida na boca em alguns momentos críticos). O jantar custa US$ 53,90 por pessoa com bebida incluída e pode sair até 40% mais barato a quem comprar um pacote de alimentação antecipado – ou seja, uma pechincha para um restaurante molecular.
Resort flutuante
Nos ambientes fechados do navio, a sensação é a de estar em um resort. “Foi-se o tempo em que os cruzeiros eram grandes iates, hoje em dia fazemos hotéis flutuantes”, disse Michael Baylay, CEO e presidente da Royal Caribbean, que não vê contradição em aumentar a frota dos maiores navios do mundo enquanto cidades como Barcelona e Veneza debatem os excessos do turismo de massa e estudam restringir a presença de cruzeiristas. “A população do planeta vai continuar crescendo, mesmo que muita gente não queira, e todos têm o direito de viajar. Por isso, não se trata de limitar essa liberdade mas de investir em infraestrutura para que o fluxo de pessoas seja mais suave”.
Dentro do barco, pelo menos, não tem aperto. Dividida em sete “bairros” temáticos, a área de lazer é extremamente bem sinalizada. Boa parte dos restaurantes mais incrementados, como o Jamie’s Italian (do chef britânico Jamie Oliver) se concentram no Central Park, um dos ambientes mais agradáveis, decorado com 12 mil plantas de verdade. Outro achado é o Solarium, só para adultos (ideal para fugir da música alta que rola nas piscinas principais), onde há um ótimo bar, piscina de bordas transparentes e um bistrô que serve comida leve e saborosa.
Telas táteis posicionadas em vários pontos dos saguões ajudam os hóspedes a encontrar atrações e restaurantes. Se ainda assim você se perder, não passará 30 segundos sem topar com um dos e 2.200 tripulantes de 77 nacionalidades, sempre sorridentes e dispostos a ajudar. Em dois dias de viagem, não presenciei filas ou aglomerações; nem tive que esperar muito por um dos 24 elevadores panorâmicos que conectam os 16 deques de passageiros. Outra vantagem do gigantismo é a estabilidade do barco. Apenas quando o mar ficou bem agitado dava para sentir uma sutilíssima movimentação.
Roteiros
O Symphony of the Seas fará cruzeiros de três (desde US$ 850), sete (desde US$ 1231) e nove (desde US$ 1666) noites com saídas de Barcelona durante o verãono Hemisfério Norte, passando por Palma de Mallorca, na Espanha; Marsella (que dá acesso à Provence), na França; e Florença, Pisa, Roma e Nápoles, na Itália. A partir de 10 de novembro, terá o novo Terminal A de Miami como base e fará cruzeiros de uma semana pelo Caribe (desde US$ 775), passando por destinos como Haiti, St. Thomas, Cozumel (México), St. Maarten e Porto Rico. Algumas rotas também incluirão CocoCay, ilha particular nas Bahamas onde a Royal Caribbean investiu U$ 200 milhões para transformá-la em um grande parque temático tropical, com tobogãs, a maior piscina de água doce do Caribe e um balão de hélio que permite observar a ilha de cima.
Reservas
A R11 Travel é a representante oficial da Royal Caribbean no Brasil.