“Precisamos tornar o Brasil um ambiente amigável ao investidor”, defende ministro do Turismo

Por Geraldo Gurgel

 

A modernização do modelo de negócios do turismo de olho na atração de investidores que impulsionem o setor e, consequentemente, gerem mais empregos foi o tema central de um evento promovido nesta quarta-feira (06), em São Paulo. O seminário “Investe Turismo: segurança jurídica gera empregos” promovido pelo Ministério do Turismo, em parceria com os jornais O Globo e Valor Econômico, reuniu representantes de diferentes segmentos do turismo brasileiro e debateu o assunto que vem recebendo atenção especial da Pasta.

 

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Ministro Vinicius Lummertz durante o Seminário Investe Turismo. Crédito: Roberto Castro

 

Na pauta do encontro: o modelo atual para construção de marinas, investimentos em parques temáticos e o melhor aproveitamento do potencial turístico dos parques nacionais e das cidades históricas brasileiras. “Temos um enorme potencial, mas ainda não contamos com um ambiente acolhedor para atrair investimentos. O Ministério do Turismo vem trabalhando em diversas frentes para atrair investidores e desenvolver a economia do turismo brasileiro”, afirmou o ministro Vinicius Lummertz.

O fortalecimento do ambiente de negócio no turismo brasileiro é considerado fundamental para que o segmento possa atrair investimentos, gerar novos negócios, diversificar a oferta turística e assim responder mais rapidamente com a criação de empregos. “Temos uma crise de empregos no mundo, mas nós não precisamos passar por isso no Brasil. Temos muito potencial para criar emprego e renda e para isso a segurança jurídica é fundamental”, avaliou o ministro.

Vinicius Lummertz defendeu a atração de capital externo para cassinos integrados com resorts; a política de céus abertos para companhias aéreas internacionais; e parcerias com a iniciativa privada na gestão dos parques nacionais e monumentos históricos. Ele citou medidas já adotadas que estão atraindo mais visitantes como a emissão de vistos eletrônicos para Japão, Canadá, Estados Unidos e Austrália, bem como os recentes incentivos fiscais para aquisição de equipamentos destinados aos parques temáticos nacionais.

Além de atraírem grandes investimentos, os parques temáticos são considerados importantes para atração de visitantes e diversificação da atividade turística. “O turismo de natureza e aventura deve ser combinado com atrativos tecnológicos como os parques temáticos”, disse o presidente do Sindepat, Alain Baldacci, que foi um dos debatedores do evento. Ele destacou que, ao contrário do que muitos pensam, o atrativo mais visitado da França não é a Torre Eiffel ou o Museu do Louvre, mas a Eurodisney que recebe mais de 15 milhões de visitantes por ano. Para Baldacci, o Brasil é a última fronteira a ser desenvolvida nesse segmento. “Primeiro foram os EUA, depois a Europa, na sequência vieram os Emirados Árabes e a Ásia. Só resta a América do Sul como grande mercado a ser explorado”, comentou.

ORLAS  – Entre os assuntos debatidos estava o turismo náutico que, apenas em Parati (RJ), é responsável pela geração de 20 mil empregos. Apesar do número expressivo, o navegador Amyr Klink, um dos palestrantes, citou as dificuldades que enfrentou ao longo de 12 anos para construir uma marina. “É uma atividade muito importante para o turismo, com potencial poderoso para o Brasil, mas ainda pouco compreendido”, disse ao relatar sua experiência.

Marcos Ferraz, presidente da Clia Abremar, falou sobre as barreiras físicas e burocráticas que impactaram o setor, além da importância das atividades para a economia dos municípios. “O Brasil que chegou a ter 20 navios por temporada tem como expectativa apenas sete para a próxima estação”, comentou. Ele citou o exemplo de Balneário Camboriú (SC), que depois de 12 anos de negociações, entrou na rota dos cruzeiros com 20 escalas na última temporada. A receita estimada para o município foi de R$ 100 milhões.

CIDADES HISTÓRICAS – O aproveitamento do patrimônio histórico nacional para gerar desenvolvimento através do turismo foi outro assunto do seminário. O potencial do turismo cultural abrange 85 sítios históricos tombados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Marcelo Brito, diretor de cooperação e fomento do Instituto defendeu a parceria estabelecida desde 2015 com o Ministério do Turismo para construir um novo modelo de cooperação entre cultura e turismo. “O que fizermos tem de ser sustentável para a atividade turística para que possamos usufruir do patrimônio histórico de forma ordenada”, ressaltou. Segundo ele, Tiradentes (MG) é uma das cidades históricas que mais avançaram no turismo cultural.

O Brasil já conta com 14 sítios históricos e sete naturais reconhecidos como patrimônio mundial. O Iphan também está pleiteando, junto à Unesco, a inclusão de um sistema de defesa de 19 fortificações em 10 estados como patrimônio histórico e cultural da humanidade com gestão compartilhada da atividade turística. Neusvaldo Lima, diretor de planejamento e gestão estratégica do MTur, defendeu parcerias com a iniciativa privada para que os bens culturais, assim como o patrimônio natural, possam ser explorados mediante concessões. “Somente a Secretaria do Patrimônio da União (SPU) conta com 60 mil imóveis que podem ser utilizados pelo turismo mediante concessões”, destacou.

ARGENTINA – O último painel do dia foi dedicado à apresentação da experiência que alavancou o turismo na Argentina nos últimos anos feita por Ramiro Alem, ex-secretário de investimentos do Ministério do Turismo da Argentina. Segundo ele, a mudança começou em 2015 após o entendimento do governo de que o turismo está entre os setores estratégicos para o desenvolvimento do país. “O ministro do Turismo da Argentina, Gustavo Santos, faz parte do gabinete econômico do governo e integra as reuniões quinzenais com todos os setores produtivos do país”, relatou.

Para a presidente da Embratur, Teté Bezerra, o Brasil também vive um importante momento político para o setor. “Está para ser votado no Congresso Nacional, um projeto que transforma a Embratur em agência, aumentando a possibilidade de ampliar a promoção do Brasil no exterior”, disse a presidente que reforçou a importância do turismo internacional para o país. “O turismo doméstico é muito importante mas é um dinheiro que já circula no país. É o turismo internacional que traz dinheiro novo para o Brasil, por isso as medidas de incentivo à atração desses viajantes são fundamentais para o desenvolvimento da atividade”, concluiu. Fonte: Agência de Notícias do Turismo.

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