Por Paulo Atzingen
É de perder-se de vista os modelos equivocados de ocupação de nosso litoral. Desde o formato colonial-fortaleza de dar as costas para o oceano e erguer casarios voltados para uma vila com medo dos piratas e conquistadores, até os modelos mais modernos de asfaltar a praia e construir prédios obstruindo o sol da tarde. Fomos especialistas nisso durante séculos e agora, com o advento de novas economias, entre elas a da hotelaria e do turismo, repensamos a ocupação desses espaços.
O projeto Principado Ecológico de Touros encomendado ao escritório de arquitetura Jaime Lerner pela Touros Desenvolvimento Urbano é um desses novos modelos. Com previsão de implantação ao longo de 36 anos (com início por volta de 2008) ele parte do pressuposto que é necessário respeitar o habitat natural, minimizar os impactos ambientais, criando assim um equilíbrio entre o urbano e o natural, preservando a identidade local e respeitando o valor da região e seu entorno.
Primeiro Passo
Em visita ao recém-inaugurado Vila Galé Touros Hotel Resort Conference & Spa, no município de Touros, no Rio Grande do Norte, o Diário do Turismo pôde constatar que o primeiro passo para esse grande projeto foi iniciado.
O Resort, inaugurado em setembro deste ano, ocupa uma área de 113 mil m² e marca a criação de um novo polo turístico na região da Costa das Dunas.
Com investimentos em torno de R$ 150 milhões feito pelo grupo português, o resort integra-se ao lugar e ergue-se entre as dunas, coqueiros, pés de carnaúba, a vegetação predominante no local. “O projeto do Vila Galé Touros obedece princípios de sustentabilidade e garantindo a identidade local”, afirma o engenheiro Rick Rocha. “Ocupamos 11,3 hectares e temos aproximadamente 37 mil metros quadrados de área construída”, afirma o engenheiro mostrando o mapa do resort onde se percebe um estrito cuidado com o ambiente, com os mananciais, com a flora e a fauna locais.
Relevância na região
O empreendimento com 514 apartamentos se torna relevante por suas características históricas e sociais. Primeiro porque emprega diretamente 300 pessoas e indiretamente mais de 1.5 mil fornecedores, parceiros e colaboradores. É preciso lembrar que o Rio Grande do Norte e praticamente todo o nordeste brasileiro teve o seu período colonial marcado pelo extrativismo (cana de açúcar em especial) e até então, no litoral oeste do estado – a chamada Costa das Dunas – não havia nenhum tipo de empreendimento de turismo com essa envergadura, o que gerará e já está gerando um fluxo de pessoas, mercadorias e receita até então nunca vistos.
“O Vila Galé Touros tem o maior Centro de Convenções do Estado, com capacidade de acomodar até 1.200 pessoas. Várias empresas já bloquearam o espaço para seus eventos de fim de ano e convenção”, afirma o Agenor Fonseca, o gerente operacional do resort.
Acordo de cavalheiros
Como uma redescoberta de nossos potenciais naturais, o grupo português Vila Galé a partir de um acordo com o município de Touros, construiu uma via de acesso, com cerca de três quilômetros em calçamento de bloquetes que mudou todo o entorno da via. Com isso gerou um efeito dominó positivo na região. Casas foram reformadas, fachadas foram pintadas, comércios foram abertos e pequenas atividades informais ganharam vida ao longo da via agora pavimentada.
Enquanto esse movimento de dentro para fora se manifesta de forma clara no dia-a-dia do tourense, um fenômeno simultâneo ocorre no coração e nas mentes das pessoas daqui. Fonte: Diário do Turismo.