Por Geraldo Gurgel
Mais uma região do Brasil está reativando trilhos, locomotivas e vagões para atrair passageiros em viagens turísticas. Com o resgate do meio de transporte amplamente utilizado no passado, 14 municípios do Sudeste de Goiás despertaram o interesse pela implantação de um trem turístico que vai criar rotas de valorização da cultura regional. Oito dessas cidades já estão unidas em um Consórcio Intermunicipal de Cultura e Turismo, que começa a planejar a oferta do serviço na estrada de ferro que se estende de Senador Canedo, na região metropolitana de Goiânia, até Catalão, já na divisa de Goiás com Minas Gerais.
A concessionária, que administra a ferrovia com trens de carga, já disponibilizou uma locomotiva para fins turísticos. A estrutura de vagões está em fase de aquisição para formar a composição. “Os trechos que serão atendidos pelo trem de turismo e a periodicidade das viagens serão definidos pelo estudo de viabilidade técnica e econômica que estamos elaborando”, conta o secretário de Cultura e Turismo de Silvânia, Valdir Rosa. Os trechos variam, em média, de 30 a 50 km.
Rosa informou que o município goiano já está se preparando para receber os futuros visitantes, com a antiga estação restaurada, hotéis fazenda e Centro de Atendimento ao Turista (CAT), entre outros serviços de apoio ao setor turístico. Já Pires do Rio, outra cidade incluída no roteiro, conta com um Museu Ferroviário, entre outros atrativos. “Entendemos que a união desses municípios goianos ao longo da ferrovia, além de resgatar o passado da região, projeta o futuro com viagens que levam o turista a descobrir novos atrativos históricos, culturais e naturais do roteiro”, diz o secretário nacional de Qualificação e Promoção do Turismo do MTur, Bob Santos.
NO BRASIL
Atualmente, o turismo ferroviário conta com 28 roteiros de trens de passageiros em todo o país, entre os que oferecem viagens regulares e passeios turísticos. As composições variam desde antigas Marias Fumaças, ligando pequenos trechos entre cidades históricas, aos trens mais modernos, de longo curso, como os que ligam Belo Horizonte (MG) a Vitória (ES), com 664 km de distância; e Carajás (PA) a São Luís (MA), que transporta cerca de 300 mil passageiros por ano ao longo de 892 km de trilhos.
A experiência, para uma parte dos turistas, é de pura nostalgia, mas para outros, viajar de trem é uma completa novidade. As paisagens exuberantes de vilarejos, serras, matas e plantações, têm como ponto de partida antigas estações que se tornaram espaços de memória para as cidades. Foi numa delas, em Bento Gonçalves (RS), que a brasiliense Karla Chéquer embarcou com a família. A viagem no ‘Trem do Vinho’, passando entre parreirais, foi até Carlos Barbosa com parada em Garibaldi, na Serra Gaúcha. “Foi um passeio fantástico e me senti voltando no tempo. Era uma Maria Fumaça com danças, comidas e bebidas italianas. As crianças, que só conheciam o metrô, adoraram a viagem no trem rústico”, conta a servidora pública, Ela afrma que o trem é um atrativo a mais para conhecer novos destinos e fazer verdadeiras viagens no tempo e na história brasileira.
POLÍTICAS PÚBLICAS
O MTur coordena o Grupo de Trabalho de Turismo Ferroviário, que incentiva a promoção dos destinos, além dos avanços normativos e legais na área, entre outros assuntos discutidos no colegiado. Também fazem parte do GT representantes do Ministério da Infraestrutura, do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), do Ministério do Meio Ambiente, do Brasil Convention & Visitors Bureau e empresários do setor, entre outros.
*Fonte: Agência de Notícias do Turismo