Por Jordânia Freitas
Uma pequena enseada de águas calmas e cristalinas, com areia branca e cercada por vegetação. Parece descrição de pacote turístico para o Caribe, mas estamos falando do mais novo point do verão soteropolitano. Situada na avenida Contorno, a pacata prainha do Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM-BA), que até outro dia só era frequentada por moradores da Gamboa e jovens alternativos, está sendo (re) descoberta por baianos e turistas, transformando-se em uma das praias mais disputadas da capital baiana. Contudo, o que muita gente não sabe é que para curtir nesse paraíso, ao contrário das outras praias da cidade, existe hora para entrar e sair.
É que o principal acesso à pequena baía se dá pelo Parque das Esculturas, galeria ao ar livre do museu que abriga obras de Carybé e Mário Cravo.Os banhistas precisam que os seguranças do MAM abram o portão que dá acesso ao parque para chegar até a praia. De acordo com a direção do equipamento, os visitantes podem permanecer no local das 8h às 18h, horário de encerramento das atividades do museu.
No entanto, a reportagem da Tribuna da Bahia esteve no local no último sábado (19) e pontualmente as 17h dois guardas avisaram aos banhistas, ao som de apitos, que o horário do banho de mar estava encerrado.
Ao ser questionado pela TB, um dos profissionais afirmou que a praia é fechada uma hora mais cedo que o museu. A notícia frustrou muita gente, que foi pega de surpresa. “Eu queria ter apreciado o pôr do sol. Faltavam apenas alguns minutos. Os seguranças foram educados, vale ressaltar, mas, mesmo assim, o final de tarde foi um pouco diferente do esperado”, disse a empresária Simone Amorim.
Zivé Giudice, diretor do MAM-BA, pontuou que às 17h os seguranças avisam do fechamento, mas há uma tolerância até 18h para permanência na prainha.
Outra polêmica envolvendo os seguranças diz respeito à restrição do número de banhistas no local. Fontes ligadas à Tribuna relataram que foram impedidas de entrar na praia, sob a alegação de superlotação. Para não voltar para casa sem conhecer a praia “queridinha” da vez, algumas pessoas contrataram um barco, na Gamboa, por R$15, e chegaram à prainha pelo mar.
Praia pública
Apesar de a praia estar situada nas dependências do museu, trata-se de um terreno de Marinha, pertencente à União, cujo acesso deveria ser livre para todos. O gestor do MAM-BA classificou as denúncias como “falácias” . Segundo ele “Não tem nada proibido. É tudo por conta da reforma na galeria Rubem Valentim e no Parque das Esculturas. Tinha material de obra lá, onde, inclusive, as pessoas poderiam se machucar. O acesso está liberado. Nós só pedimos cuidado para não acessar essas áreas da reforma, que estão isoladas” , ponderou Zivé Giudice. A previsão é que as obras sejam finalizadas até abril.
O diretor afirmou também que o museu sempre esteve de portas abertas para a comunidade. Por isso, o MAM está preparando um calendário fixo de atividades esportivas na praia. A iniciativa inclui aulas gratuitas de natação para crianças da região e campeonatos de natação de adultos. O projeto ainda não tem data para começar.
Popularização
O aumento do fluxo de banhistas na prainha começou há alguns meses e ganhou ainda mais força com a chegada do verão. “Eu vi alguns amigos postando fotos no Instagram e perguntei: onde é essa praia na Barra que eu não conheço? Daí eles responderam que não era na Barra, era a praia do MAM. Mas eu achava que só tinha a outra, que fica ao lado da Gamboa. Essa eu não conhecia”, explicou o funcionário público Antônio Marques, morador da Graça, ao visitar o lugar pela primeira vez, no fim de semana passado.
Com milhares de seguidores, alguns digital influencers soteropolitanos descobriram a prainha e também divulgaram fotos em suas redes sociais, o que pode ter contribuído com a rápida popularização do espaço.
De férias em Salvador há pouco mais de dez dias, a turista carioca Marina Sereno soube da fama da praia e resolveu conferir.
“Fui visitar o museu, mas estava fechado, daí me disseram que tem essa praia e que é legal. Como aqui eu já ando com biquíni por debaixo da roupa, vim conhecer e foi uma surpresa boa. Eu não esperava. Mas também não me espanto, porque é maravilhoso e eu estou entendendo que é Bahia”, disse, se referindo ao fato de haver uma praia dentro do museu.
Diante do crescimento repentino de frequentadores da praia, muitos temem a depredação do lugar. “Para mim é a melhor praia da cidade, principalmente por causa do mar tranquilo e porque é perto do Centro, mas eu cheguei e já catei lixo do chão, acho que vão esculhambar”, avaliou Antônio Marques.
Zivé Giudice revelou que casos de vandalismo, como danificação de refletores e marcações nas esculturas, foram registrados recentemente. Ele pede que os banhistas não esqueçam que estão dentro de um museu, onde há peças de grande valor artístico e cultural. Fonte: Tribuna da Bahia.
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