Por Geraldo Gurgel
Dotada de boa infraestrutura de apoio ao turista e atrativos naturais que consolidaram Alagoas como um dos principais destinos de sol e mar do Nordeste, a capital, Maceió, é um convite para o turista vivenciar experiências únicas ao longo da temporada de férias. Da foz do rio São Francisco, ao sul de Maceió, até a divisa com Pernambuco, ao norte, são tantas as opções de passeios que os turistas têm a difícil tarefa de escolher entre os atrativos oferecidos nos pacotes que duram, em média, uma semana. É aí que entram alguns dos serviços contratados pelos turistas: as agências e guias de turismo. As duas atividades são regulamentadas por lei e contam com cadastro obrigatório no Ministério do Turismo.
Segundo a Associação Brasileira de Agência de Viagens (ABAV), as agências de turismo representam 90% dos pacotes vendidos no Brasil. De acordo com o Cadastur, do Ministério do Turismo, são 19 mil agências de turismo cadastradas em todo o Brasil. O boliviano Alejandro Velásquez, que conheceu Maceió como turista, é dono hoje de uma das 315 agências de viagem alagoanas autorizadas. Ele recepciona mais de 4 mil turistas por mês. Quase metade desse fluxo chega em voos fretados da Argentina. Para atender bem os visitantes, o empresário conta com 72 empregados e ainda contrata os serviços autônomos de 35 guias de turismo. Em Alagoas atuam, legalmente, 420 profissionais de um total de 18 mil guias com formação profissional registrados no Ministério do Turismo.
Com um chapéu de couro em clara referência à sua origem sertaneja, o guia Antônio Lino, o “Lindo”, trabalha na região. Antes de se aventurar na profissão, atuou como agricultor e pescador e conta que despertou para o turismo ao cruzar com os passeios turísticos pela foz e cânions do rio São Francisco. “Somos o primeiro contato do turista ao chegar na cidade. A qualidade do nosso atendimento gera a primeira impressão sobre o destino e impacta diretamente nos demais serviços oferecidos durante o passeio”, destaca. Ele ainda ressalta que todas as etapas dos passeios comercializados pelas agências de turismo, incluindo a chegada e o retorno ao aeroporto, são acompanhadas de um guia.
Dezenas de ônibus levam os turistas aos atrativos de Maceió e demais destinos. Os motoristas que conduzem os visitantes são tão numerosos quanto os guias. O folclórico Ilton Anastácio, o “Coisado”, é um deles. Fantasiado e brincalhão, o condutor diverte o grupo no trajeto sinuoso entre Paripueira e a Ilha da Crôa, de onde partem as lanchas para a paradisíaca praia de Carro Quebrado, em Barra de Santo Antônio. “Tenho casa, carro e crio oito filhos nessa brincadeira aqui”, conta ele, segurando firme o volante da jardineira em um raro momento em que fala sério. Enquanto ele aguarda o retorno dos turistas, os pilotos de lanchas e o pessoal de apoio seguem trabalhando para o bom andamento do passeio, a diversão dos turistas continua, agora no mar.
Nas praias, os pontos de apoio aos turistas mais parecem clubes, tamanha é a diversidade de serviços das barracas que, também, servem de partida para outros passeios, entre eles, os catamarãs que levam os turistas aos bancos de corais vivos. Os visitantes atraem outros serviços como mergulho, filmagens e fotos subaquáticas e até o trabalho de biólogos que controlam o acesso a Área de Proteção Ambiental Costa dos Corais por todo o litoral norte de Alagoas. Entre os trabalhadores predominam ex-pescadores. A maioria trocou jangadas e redes por um emprego fixo com carteira assinada. “Agora eu só pesco por esporte e nas férias”, brinca José Bianor, no comando de uma das embarcações. Ao deixar o aquário de piscinas naturais e ouvir o depoimento do piloto, o corretor de imóveis Edilson Gavenas, de Barão de Cotegipe (RS), observou como o dinheiro gasto em cada passeio com a família movimenta a economia local.
Em terra, o empresário gaúcho, Vanderlei Turatti, que também conheceu Maceió como turista, gera 230 empregos direto em duas barracas de praia instaladas para receber até 2 mil turistas por dia nas praias de Paripueira e Ipioca. Afinado com o Ano Internacional do Turismo Sustentável para o Desenvolvimento, proposto pela ONU para 2017, ele qualifica a população local para trabalhar, recicla os resíduos sólidos, aduba a horta com a compostagem do lixo orgânico, irriga coqueiros com o esgoto tratado e gera a energia solar que movimenta o próprio negócio. “Foi um copo sujo de batom em um restaurante, onde não havia água nem copo limpo, que me motivou a investir em serviços de qualidade para o turista e a promover o desenvolvimento local”, disse o empresário que trocou o trabalho de terraplenagem pelo turismo. Ao sul de Maceió, a Lagoa de Mundaú é outro exemplo de sustentabilidade motivada pelos passeios turísticos. Quatro empresas conduzem os visitantes entre as nove ilhas do manancial.
Jardson Custódio, também conhecido como “Alemão”, começou como piloto e hoje tem uma frota de embarcações. Os restaurantes onde os turistas degustam, entre outras iguarias o sururu de capote, são abastecidos pelos pescadores que lançam suas redes enquanto os visitantes procuram os melhores ângulos para apreciarem o pôr do sol. “Eu vivo dos passeios desde jovem. Aqui, quem não trabalha diretamente com o turismo, como as rendeiras e pescadores, também se beneficiam dessa atividade”, reconhece o piloto. De volta ao atracadouro, no Pontal da Barra, é a vez das rendeiras recepcionarem os visitantes com bordados e filés. A paulista Vanda Santos, que, pela manhã, já havia passeado de jangada nas piscinas naturais da praia de Pajuçara, ainda ia caminhar pela orla e gastar mais dinheiro nos atrativos noturnos antes de jantar e retornar ao hotel. No dia seguinte, mais ao sul, a agenda estava cheia. Da praia do Francês, ela iria até a Barra de São Miguel, de onde atravessaria de barco para a praia do Gunga e ainda faria um passeio de buggy para as falésias. “Todo dia faço um passeio diferente pelas praias”, concluiu.
Fonte: Agência de Notícias do Turismo