WEBSÉRIE DE VERÃO EP. 05

Por Gabriel Fialho

Mais de oito milhões de pessoas visitaram as Unidades de Conservação Federais no último ano, atraídos pela natureza de áreas que abrangem 9% do território brasileiro. Lagoas, rios, cachoeiras, paredões, montanhas, cavernas, fauna e flora formam cenografias diversas que encantam os turistas. Ecossistemas que necessitam ser preservados para o equilíbrio ambiental do planeta e para que o fluxo de pessoas continue movimentando a economia de cidades como a Chapada dos Guimarães (MT).

O município mato-grossense abriga um dos 72 Parques Nacionais do país. Somente em 2016, a Chapada dos Guimarães foi visitada por 158,3 mil turistas, ficando em sétimo lugar no ranking brasileiro. “O período de férias, no final de novembro a fevereiro e o meio do ano – de junho a agosto -, é quando temos mais visitantes. Esse número varia de 10 a 20 mil pessoas, dependendo da época”, detalha Cíntia Brazão, 34 anos, chefe do Parque e analista ambiental do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), órgão responsável pela preservação desses locais.

“A nossa função é proteger a Unidade de Conservação e proporcionar nos Parques Nacionais a visitação, a educação ambiental, áreas para pesquisa, além de trazer o bem-estar para a população junto à beleza cênica que o local possui”, prossegue Cíntia.

Apenas em janeiro deste ano, foram registrados 16 mil turistas na unidade da Chapada dos Guimarães. Pessoas como o casal Paulo César Alves, 56 anos, e Nizete dos Santos, 55 anos, que decidiram mudar a rotina das férias de verão. “Nós estávamos habituados a frequentar praias do Nordeste todos os anos. O passeio começou a ficar repetitivo e resolvemos mudar um pouco o nosso roteiro, optando pelo ecoturismo”, explica Paulo César.

Cachoeira Véu de Noiva. Crédito: Danilo Borges/ MTur

Os paulistas montaram um roteiro passando por Presidente Epitácio (SP), banhado pelo Rio Paraná, Bonito (MS), Pantanal, Cuiabá (MT) e Chapada dos Guimarães. Diante de um dos cartões postais do Parque, a cachoeira Véu de Noiva, Paulo César disse estar impressionado pela beleza do lugar e defendeu o turismo pelo interior do país.

“O Brasil é interior também. É gratificante vermos que temos essas belezas naturais. Às vezes poucas pessoas conhecem, preferem ir para fora. Eu acho melhor conhecer aqui dentro, a gente tem condições de movimentar a economia, o que é muito importante para a região, e de explorar o que nós não sabemos de potencial turístico. Para a gente foi uma grata surpresa”, elogiou.

HISTÓRIA

Criado em 1989, com uma área de quase 33 mil hectares, o Parque Nacional da Chapada dos Guimarães conta com atrativos como cachoeiras e a “Cidade de Pedra”, composta por paredões e cânions. “As áreas conservadas e preservadas, mostram a importância de ambientes naturais para que a população possa ter o proveito de desfrutar de lazer nestes locais”, afirma Cíntia Brazão.

Segundo a analista ambiental, entre junho e agosto, os estrangeiros são maioria na Chapada dos Guimarães, sendo boa parte deles observadores de aves. Mas há turistas como o casal russo Yevgenia Lobanova, 34 anos, e Dimitrii Lobanova, 36 anos, que visitam o lugar durante a alta temporada brasileira. “Na Rússia não temos essa natureza, florestas, flores, reservas, animais… é interessante para nós. São muitos lugares bonitos. Nosso país não é igual”, afirma Yevgenia.

Gruta da Lagoa Azul. Crédito: Danilo Borges/ MTur

AMPLIANDO O HORIZONTE

O ecoturismo na região não se restringe ao Parque Nacional. Proprietário de uma fazenda a cerca de 50 quilômetros do município da Chapada dos Guimarães, Carlos Pereira, 71 anos, fez um plano de manejo junto ao Ibama para poder explorar de forma sustentável as potencialidades do local. A trilha passa pela Ponte de Pedra, pelas cavernas Kiogo Brado e Aroe Jari e pela Gruta da Lagoa Azul, dentre outros atrativos.

“Se a pessoa tiver alguma coisa que pode implantar o turismo, pode fazer, porque é muito bom”, recomenda Carlos, que conta com 16 funcionários no empreendimento. A capacidade da trilha é de até 150 pessoas por dia. A taxa de entrada é de R$ 65. “Na época de temporada eu tenho um movimento muito grande, até cem pessoas por dia. Mesmo na baixa temporada eu tenho uma média de 20 pessoas por dia. O movimento nunca acaba totalmente”, comemora Carlos.

Outra parte da cadeia econômica alimentada pela propriedade do fazendeiro é a de guia de turismo. Para o passeio, é necessário contratar um profissional que seja cadastrado no Cadastur, do Ministério do Turismo, e tenha conhecimento da região. São cerca de 200 profissionais aptos a fazer os roteiros pela Chapada. Um exemplo é Cecília de Almeida, 51 anos, sendo 20 deles dedicados à atividade.

“A Chapada era uma opção gostosa, mas a gente não conseguia viver desse trabalho. Hoje é possível, através da organização, da graduação… a gente tem cada vez mais condições de se sustentar como guia”, comenta Cecília, que mantem os quatro filhos com a profissão.

Cíntia Brazão (esq.) e Victoria Matos na Cidade de Pedra. Créditos: Danilo Borges/ MTur

Há, ainda, os turistas que vão a uma das 326 Unidades de Conservação no Brasil não apenas a lazer, mas também para pesquisar. É o caso da mestranda em engenharia florestal pela Universidade de Brasília, Victoria Matos, 22 anos, que estuda a valoração econômica do turismo de natureza. “A minha coleta de dados é fazer entrevista com os turistas para pegar dados socioeconômicos deles e os gastos que eles têm nestes ambientes naturais”, resume a estudante, que faz um alerta sobre a importância da preservação do meio ambiente.

“Acho que isso que está faltando para o Brasil, a gente perceber que pode viver do ecoturismo, que grande parte da nossa economia pode ser vinda do turismo, não precisa ser agronegócio, mineração. A gente tem um potencial muito grande e uma beleza incrível que deveriam ser mais exploradas de uma forma consciente e com equilíbrio”, finaliza Victoria.

Fonte: Agência de Notícias do Turismo

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