Por Yuri Abreu
O avanço da mancha de óleo que chegou a costa norte do litoral baiano na última sexta-feira, não tem trazido inquietação apenas a pescadores e a pessoas ligadas ao meio ambiente nas regiões afetadas. O problema – que já chegou a praias do município de Camaçari, na Região Metropolitana e em Mata de São João, Praia do Forte, segundo a Marinha do Brasil – preocupa também o trade turístico.
De acordo com dirigentes do segmento ouvidos pela Tribuna da Bahia, apesar da questão ainda ser muito recente e incipiente nos principais destinos litorâneos do estado, eles esperam que os resíduos oleosos não cheguem a Salvador, o que poderia afetar significativamente a vinda de visitantes a capital baiana, seja em uma eventual diminuição na quantidade de passageiros nos voos que chegam ao município ou em cancelamento de reservas feitas em hoteis da cidade.
“Ainda não estamos sentindo os efeitos. Não tivemos, até então, cancelamento de voos”, afirmou o presidente em exercício da Associação Brasileira das Agências de Viagens, seção Bahia (ABAV-BA), Jorge Pinto. Por outro lado, ele ressaltou que existe uma preocupação de que mancha de óleo acabe chegando a Salvador. “Acho apenas que não devemos fazer pânico disso e, com relação aos vôos neste mês de outubro, eles estão dentro da normalidade para um período de baixa estação”, salientou.
Outro que espera medidas rápidas por parte dos poderes públicos é o presidente da Federação Baiana de Hospedagem e Alimentação (FeBHA), Sílvio Pessoa. “A poluição ambiental prejudica, sem dúvida, àqueles que gostam de um turismo de sol e praia. Espero que essa mancha de óleo que se espalhou pelo Nordeste não chegue com mais força ao Litoral Norte e a Salvador”, afirmou.
Expectativa semelhante também tem o presidente do Conselho Baiano de Turismo (CBTur), Roberto Duran. Para ele, o estado brasileiro precisa tomar previdências. “Se continuar, claro que isso vai gerar uma repercussão negativa. Mas a situação, aqui na Bahia, ainda é muito recente. A chegada desse óleo ainda é muito incipiente ante a poluição causada. Mas, que consigam debelar isso sem afetar as praias do estado, diferentemente do ocorreu no restante da região Nordeste”, comentou.
Procurada pela equipe de reportagem da TB, a Secretaria Estadual de Turismo (Setur) informou que está acompanhando a questão. “Inclusive, tem um assessor responsável para intermediar o acesso da Capitania dos Portos e Ibama com os prefeitos dos municípios atingidos, quando necessário”, explicou a assessoria de comunicação do órgão.
GUARAJUBA
Nesta quarta-feira, a Marinha do Brasil divulgou uma nota em que confirmou a localização de resíduos oleosos nas praias de Itacimirim e Guarajuba, em Camaçari, distantes cerca de 50 km da Praia do Flamengo, a primeira que faz parte do município de Salvador.
A instituição informou que além do recolhimento de amostras do material, que serão encaminhadas para análise no Instituto de Pesquisas do Mar Almirante Paulo Moreira (IEAPM), localizado em Arraial do Cabo, no Rio de Janeiro, o 2º Distrito Naval (Com2DN) mantém busca de manchas como aeronaves e navios.
“Há também o acompanhamento o acompanhamento do tráfego marítimo de embarcações mercantes, que efetuem transporte de óleo com características similares ao encontrado; e o monitoramento da área, em coordenação com órgãos ambientais e prefeituras da região”, explica a Marinha do Brasil.
Por outro lado, o Instituto do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais não-Renováveis (Ibama) informou, no próprio site, que até o último dia 8/10, três municípios da Bahia tinham registros de manchas de óleo: Esplanada, Conde e Jandaíra. Em toda a Região Nordeste já são mais de 62 cidades afetadas – Aracaju, Maceió, João Pessoa e Natal são algumas das capitais regionais que fazem parte desta lista.
Com relação a fauna afetada pelo material, o Instituto também comunicou o registro de 19 casos envolvendo animais e o material oleoso. Conforme o último levantamento, houve 11 mortes (10 tartarugas marinhas e uma ave do tipo Bobo-pequeno). Já outras oito tartarugas marinhas foram salvas. Na Bahia, desde o último dia 4/10, quatro dessas espécies foram resgatadas, mas uma acabou morrendo, na região de Coqueiro, em Jandaíra, na divisa com o estado de Sergipe.