Em março de 2017 foi apresentada a Estratégia Turismo 2027, o documento onde constam as linhas orientadoras do governo para o turismo nos próximos 10 anos. Uma das metas desta estratégia é afirmar o turismo na economia do mar, reforçando o posicionamento de Portugal como um destino de atividades náuticas, desportivas e de lazer associadas ao mar, em toda a costa e como destino de surf de referência internacional. E é exactamente esse o posicionamento que Portugal tem alcançado nos últimos tempos, sendo um destino cada vez mais procurado pelos praticantes e amantes da modalidade.
Patrick e Salvador Stilwell, surfistas e organizadores do evento Surf Out Portugal, indicam que, em 2012, um estudo da Associação Nacional de Surfistas concluía que o peso do surf na economia nacional estava na ordem dos 400 milhões de euros, um valor que consideram estar largamente ultrapassado e que “naturalmente tem um forte impacto no turismo em Portugal”.
Segundo os responsáveis, no país existem, de momento, cerca 900 empresas de animação turística, formação ou prestação de outros serviços diretamente ligadas ao surf. “Por uma série de diferentes fatores – da excelência das nossas ondas e praias, à organização das melhores e mais prestigiadas competições internacionais – o nosso país, como destino para a prática do surf goza atualmente de grande mediatismo global. Prova disso, é a popularidade de Portugal em pesquisas online, onde atualmente é dos países mais procurados internacionalmente no que toca ao tópico “viagens de surf”, referem.
“Portugal, por ser o país mais ocidental da Europa, é um destino privilegiado para a prática de surf. E, dentro do país, o Centro de Portugal é o território mais indicado para esta modalidade”, considera Pedro Machado, presidente da Turismo do Centro de Portugal. As condições únicas apresentadas pelas praias da região fazem com que cada vez mais surfistas internacionais coloquem “o Centro de Portugal como destino obrigatório, com reflexos muito positivos nas economias locais”. Um dos exemplos é a etapa mundial de Peniche, cujo impacto direto e indireto está avaliado em 10 milhões de euros.
Pedro Machado salienta ainda o facto do surf contribuir para a redução da sazonalidade, “o surf é uma atividade que garante receitas ao longo de todo o ano”, além de contribuir para aumentar a estada média: “Muitos dos surfistas que escolhem a Nazaré, Peniche ou Santa Cruz ficam mais do que dois dias”.
Desafios
Apesar do sucesso que Portugal tem alcançado com este produto turístico e das vantagens comprovadas para o destino, existem ainda diversos desafios pela frente.
Para Pedro Machado, um dos desafios é “conseguir assegurar-se que a prática de surf se mantém ambientalmente sustentável”. “Com o aumento da visibilidade e da notoriedade da região entre os surfistas mundiais, há um risco potencial de que a oferta de infraestruturas não acompanhe o aumento da procura, e que isso deteriore as condições para a prática da modalidade. Mas estamos longe de que isso seja um problema real nesta altura e é de realçar o esforço das autarquias e das comunidades intermunicipais, que têm presente esta situação”, realça.
“O surf em Portugal atravessa uma fase sem precedentes. O contexto é positivo e de crescimento evidente”, constatam os irmãos Stilwell. Contudo, concordam que “torna-se crítico desenvolver mais um eixo essencial para fortalecer a proposta de valor global: a capacitação, dinamização e desenvolvimento do coletivo empresarial do surf em Portugal”. Ou seja, fortalecer “a própria indústria e os seus diferentes agentes económicos como um todo (fabricantes de pranchas de surf, material técnico, roupa, acessórios, etc), de forma a promover um futuro mais sustentável para o sector”.
As ótimas condições para fazer surf o ano inteiro em praias de norte a sul do país e ilhas deixam antever a continuidade de um futuro promissor no surf em Portugal. Isto se forem asseguradas algumas condições, como a qualidade do serviço que pode ser colocada em causa tendo em conta os problemas “resultantes de uma massificação do surf”, como o crescimento desmesurado de escolas de surf: “Sem grande controlo e com tantas oportunidades de negócio, continuam a surgir escolas, que se amontoam à beira-mar, colocando em causa a qualidade do serviço prestado – o que, a longo prazo, passará uma imagem negativa”, alertam os responsáveis do Surf Out Portugal.
Para Pedro Machado, “o surf é uma modalidade desportiva e um produto turístico que ainda tem uma grande margem de progressão”, mas há que fazer “uma aposta ainda mais concreta em complementar o produto surf com outros produtos turísticos: conseguir que quem venha surfar aproveite para conhecer outros locais da região que não sejam apenas a praia”
As 10 melhores praias para surfar em Portugal by Surf Out Portugal
REGIÃO NORTE
Praia da Leça da Palmeira: situada em Matosinhos, no Grande Porto, é uma praia onde dá para surfar todo o ano. Com fundo de areia, mas com algumas rochas, apresenta uma onda divertida e ideal para a prática de surf, mas também para bodyboard e kitesurf, especialmente no seu extremo norte.
Praia da Baía: esta é uma praia na cidade de Espinho, também no distrito do Porto, que se caracteriza por ter, provavelmente, as melhores ondas da região norte do país. Esta praia oferece uma direita (onda longa, na qual o surfista vai a cortar para o lado direito) que, em dias bons, proporciona tubos incríveis. Esta é uma das praias mais concorridas da cidade e onde se realizam vários campeonatos da World Surfing League.
REGIÃO CENTRO
Praia do Cabedelo: uma praia pertencente à Figueira da Foz, que aquando de uma conjuntura meteorológica favorável, consegue ter ótimas condições para a prática de surf. Esta caracteriza-se por um fundo de areia e pedra e pela formação de direitas muito cumpridas.
Praia do Norte: praia na Nazaré que tem, certamente, as ondas mais conhecidas de Portugal. Proporciona os maiores tubos do mundo já surfados, registados pelo Guiness Book of Records. É imperdível, mas apenas para surfistas muito experientes, porque o perigo é iminente.
Praia dos Supertubos: fica em Peniche e tem das melhores ondas da Europa. Conta com direitas e esquerdas muito potentes e ocas. Como o nome indica, é conhecida pelos seus tubos e é também por isso palco de grandes competições de surf, nacionais e internacionais.
Praia da Física: localizada em Santa Cruz, em Torres Vedras, tem fundo arenoso e as suas ondas são boas à prática de surf durante todo o ano. Aqui, há condições para surfar para todos os níveis, desde os surfistas mais experientes, aos que estão a iniciar-se na modalidade.
Ribeira d’Ilhas: uma praia na Ericeira, a alguns quilómetros de Lisboa, conhecida por ter as direitas mais compridas da Europa. As suas ondas quebram sobre lage e fundo de pedra. É procurada praticamente todo o ano para a prática de surf.
GRANDE LISBOA
Praia Grande: fica situada em Sintra, perto de Lisboa. Esta praia caracteriza-se por ser muito consistente e exposta a grandes ondulações. O seu fundo é totalmente de areia.
Praia de Carcavelos: é uma das principais praias de Lisboa, ficando em Cascais. Tem uma onda rápida e tubular, que funciona melhor durante os meses de inverno. Na estação mais quente, acaba por registar uma onda mais plana.
REGIÃO SUL
Praia do Zavial: esta é a praia mais a sul do país na lista, pertencendo à região do Algarve, na Vila do Bispo. Tem uma onda rápida e veloz, que por vezes apresenta condições de luxo. No entanto, precisa de ondulações potentes para funcionar. Está rodeada por altas falésias que a abrigam de ventos fortes.
Fonte: Publituris