Trade turístico de Salvador (BA) considera ser ainda cedo para se falar em cancelar Carnaval

Por Yuri Abreu

Bastante alinhados quando o assunto são as ações de combate ao novo coronavírus, o governador Rui Costa e o prefeito ACM Neto também tomaram rumos parecidos ao falar sobre a possibilidade cancelamento de duas das principais festas de Salvador, em virtude da pandemia de coronavírus que já registrou mais de 11 mil casos positivos na capital baiana e 453 mortes: o Réveillon, no dia 31 de dezembro, e o Carnaval de 2021, que acontece entre os dias 11 e 16 de fevereiro do próximo ano.

O motivo de tanta preocupação, conforme os gestores, é a falta ainda de uma vacina capaz de imunizar a população, uma vez que ambos os eventos reúnem uma grande quantidade de pessoas e já é notoriamente conhecido pela população de que as aglomerações são um prato cheio para que a doença possa se disseminar, o que poderia gerar um segundo pico da covid-19 e um acréscimo nas ocorrências e óbitos.

“Todo evento, não só no Brasil, na Bahia, mas no mundo inteiro, que gere aglomerações, só depois da vacina. Não dá para imaginar um show com 50 mil pessoas, com 20 mil pessoas ou com 5 mil pessoas em qualquer lugar do mundo antes da vacina. O risco de haver uma proliferação é enorme”, disse o governador Rui Costa, em entrevista no último sábado para a CNN Brasil. No estado, as festas juninas já foram canceladas e o feriado de São João acabou sendo antecipado para a última terça-feira.

“Se até lá houver uma vacina, e a gente espera que haja, esse assunto vai estar inteiramente resolvido. Se não houver, vai ser preciso analisar num momento mais próximo do futuro quais são as condições de transmissões do vírus, quais são as restrições que ainda precisarão acontecer em 2021”, pontuou o prefeito ACM Neto, em declaração dada ao programa Poder em Foco, do SBT, também no mês passado.

Precipitação

Por outro lado, o trade turístico ainda acha cedo e até precipitado se falar sobre o assunto, uma vez que ainda faltam mais de 250 dias para a próxima folia de momo ocorrer na capital baiana.

“As modificações estão ocorrendo rapidamente, pode acontecer de voltarmos à normalidade daqui até lá. Acredito que seja precipitado e distante para se discutir isso”, disse Sílvio Pessoa, presidente da Federação Baiana de Hospedagem e Alimentação (FeBHA).

De acordo com ele, é preciso esperar e observar os eventos de protocolos em países da Europa e nos Estados Unidos que, aos poucos, estão retomando algumas atividades, a exemplo de abertura de parques e pontos turísticos. Aqui no Brasil, o dirigente citou o exemplo no Natal Luz, que é realizado em Gramado, no Rio Grande do Sul, e que já teve o calendário divulgado: de 22 de outubro de 2020 a 10 de janeiro de 2021.

“Vivemos muito dessas festas que há muito estão no imaginário do turista. Não gostaria de vaticinar se vamos perder o 13º mês do ano”, comentou Pessoa, ao evitar fazer qualquer tipo de previsão sobre a realização ou não das festas.

A mesma linha de raciocínio é adotada por Roberto Duran, presidente do Salvador Destination. “É muito prematuro. Quando você fala no Carnaval, que está bem longe, acho que é de uma grande irresponsabilidade as pessoas pensarem, em pleno século XXI, achar que a humanidade não terá capacidade, em praticamente um ano, de se criar uma alternativa para se voltar a uma nova realidade, mesmo que esta nova realidade venha a ter algumas pequenas restrições”, disse o dirigente.

“Em algumas reuniões virtuais, o assunto é comentado, tanto pelo trade daqui como pelo trade nacional, a questão do réveillon já foi discutida, assim como o carnaval, mas todos nós achamos que ainda é prematuro em ter algum diagnóstico, se vai ter ou não. É preciso aguardar a evolução da ciência e ir trabalhando com as ferramentas que você tem na mão”, acrescentou Roberto Duran.

*Fonte: Tribuna da Bahia/Foto:  Magali Moraes.

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