Por Lício Ferreira
A presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagens (ABAV), capítulo Bahia, Ângela Carvalho, disse nesta terça-feira 16, que a retomada do turismo na Bahia e no Brasil será de forma “lenta e gradual”. E assim justificou: “As pessoas precisam readquirir a confiança em viajar, mas sabendo como estão sendo tratadas as questões sanitárias nos locais para onde pretendem desfrutar do seu lazer”.
Além dos locais de destino, as agências de receptivos já estão se preparando para receber os turistas tanto nas áreas de recepção quanto na de transporte. Ângela Carvalho, que também é sócia-diretora da Happy Tour, acredita que as viagens regionais serão o início da retomada do setor. “E para nossa felicidade, o território baiano tem uma rica diversidade de atrações, desde o turismo religioso ao de aventura, passando por praias cada uma mais bela que a outra”, reforça.
A expectativa da ABAV-Bahia se apoia na informação de que a partir da segunda quinzena de julho, os resorts, hotéis e pousadas sinalizam a reabertura de suas atividades; “Embora, tudo vá depender do momento em que cada município estará vivendo”, comenta Ângela Carvalho que ainda lembra das barreiras sanitárias impostas pelas prefeituras municipais nas entradas das cidades.
”Mas, tão logo os voos começarem a chegar e sair com regularidade em nosso Estado será a vez do turismo doméstico. Já o internacional vai demorar muito, devido às restrições impostas pelos principais destinos, seja Estados Unidos, Europa e América Latina”.
Ângela Carvalho reconhece que o momento do turismo hoje, é muito difícil. “Fomos o primeiro setor produtivo a sentir o baque e, com certeza, seremos o último a se reerguer”. Ela sabe que o turista precisa ter confiança em deixar sua casa para viajar em paz e com tranquilidade. “As nossas secretarias de turismo (municipais e estadual) estão agindo com orientação da saúde para vencer essa situação de desconforto e preparar as condições para quem quer nos visitar. Esse trabalho tem sido feito em conjunto e com a união total das forças”, sinaliza.
SINTONIA NOS DISCURSOS
Dois agentes de viagens locais, Geraldo Guedes Santana Filho (Foccus Turismo e Eventos) e Aimar Franciê Pereira (Franciê Viagens e Turismo) quase que repetiram pelo telefone o mesmo discurso durante as entrevistas. O que mostra uma sintonia perfeita na questão que aflige aos dois e, por extensão, ao trade turístico baiano.
Geraldo Guedes, por exemplo, espera que os protocolos de segurança e as medidas de proteção atinjam imediatamente os turistas. E que eles ganhem mais confiança para preparar as suas próximas viagens. “Nosso foco é o turismo corporativo. E a nossa expectativa é de uma retomada a partir de julho, quando esperamos os pedidos para serem realizadas as viagens de setembro em diante. Atualmente, estou trabalhando com quatro pessoas. Em abril passado tive que fechar um ‘quiosque’, no Shopping Liberdade e perder um ativo colaborador”.
O agente de viagem não esconde que o seu papel como profissional vai crescer bastante a partir desta pandemia do coronavírus. “Nós vamos dar a chancela dos hotéis indicados; dos atrativos turísticos oferecidos; e oferecer uma total orientação ao cliente em todo o processo de compra e venda dos pacotes.
Já Airam Franciê, que trabalha com seu filho Guilherme Pereira na Franciê Viagens e Turismo lamenta que a retomada seja muito lenta para suas expectativas comerciais. E relatou com certo desânimo: “Eu já nem estou fazendo qualquer propaganda dos meus negócios. Antes do Covid 19 eu vendia muitas passagens internacionais. Alguns para pacotes com média de 40 pessoas, que iam para o Leste Europeu; outras com média igual para a Costa Malfitana, na Itália; e algumas, com média de 25 pessoas, para visitar Buenos Aires”.
Ela que trabalhou por anos na Iguatemi Turismo e abriu sua própria empresa há cinco, considera difícil que a retomada do turismo seja algo com força total. “Nem para o próximo réveillon estou otimista. Não posso vender passagens e o cliente não poder sair do País. Será um prejuízo tanto para ele quanto para mim que vou trabalhar e ainda pagar o que for contabilizado. Estou apenas divulgando para meus clientes, os destinos que trabalho anualmente. E mais nada”, diz a Airam proprietária da Franciê Viagens e Turismo.
DESTINOS DOMÉSTICOS
Em todo o pais, o trade nacional aposta na retomada dos destinos domésticos e a modificação a ser trazida pela crise deve ser no tipo de produto oferecido. Esse ponto de vista é compartilhado. E todos querem que a verba de promoção do Embratur para este ano seja dedicada totalmente ao mercado nacional.
Informações do governo federal dão conta de que o Ministério do Turismo já está trabalhando em um plano, que será puxado por uma grande divulgação dos destinos nacionais e a integração entre os modais de transporte, fazendo com que destinos próximos possam ser visitados em uma só viagem. O ministro Marcelo Álvaro Antônio disse em Live. “Vamos ter um amplo plano de promoção nacional do turismo brasileiro, incentivando a nossa população a fazer o turismo doméstico e conhecer a nossa diversidade de destinos”
Ele também destacou na conversa, com o trade, que busca a liberação pelo Ministério da Economia de uma linha de credito de até R$ 5 bilhões para ajudar os trabalhadores e empreendedores do Turismo do país. “Essa medida provisória vai atender em 80% os micros e pequenos e 20% as empresas de médio e grande porte que prestam serviços turísticos no país. Vamos trabalhar para que este recurso possa ser ofertado de forma atrativa e com facilitações”, pontuou. A contratação do crédito é permitida a prestadores de serviços elencados no art. 21 da Lei 11.771/2018 e que estejam devidamente inscritos no Cadastur, o cadastro oficial de operadores da área.
Ainda em outra Live, o Ministério do Turismo divulgou os protocolos sanitários recomendados para 15 segmentos turísticos que desejam solicitar o selo “Turismo Responsável – Limpo e Seguro”. A expectativa é que a adoção das medidas contribua para a retomada do setor ao atender as novas exigências do turista cada vez mais atento à questão da segurança e higiene. Os protocolos foram construídos em parceria com o trade, levando em consideração diretrizes internacionais, e contou com a validação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Esses protocolos estão disponíveis para atender aos meios de: Hospedagem; Agências de Turismo; Transportadoras Turísticas; Organizadoras de Eventos; Parques Temáticos; Acampamentos Turísticos; Restaurantes, Cafeterias, Bares e similares; Parques Temáticos Aquáticos; Locadoras de veículos para turistas, Guias de Turismo, entre outros. O selo criado pelo Ministério do Turismo é gratuito e será utilizado em todo o Brasil. *Fonte: Tribuna da Bahia