A segurança no turismo depende de “uma combinação” de fatores, variáveis no tempo e no espaço, afirmou um conselheiro da Organização Mundial da Saúde (OMS), destacando que é necessário um equilíbrio entre os riscos e as medidas de mitigação.
Maurizio Barbeschi, conselheiro do diretor executivo para as Emergências Sanitárias da OMS, disse à agência Lusa que “qualquer das medidas [de controlo da epidemia] tomada isoladamente é apenas parte da receita. Quando se cozinha um prato, tem de se usar todos os ingredientes, é a combinação destes que faz o prato”.
“Os países que foram bem sucedidos no controlo [da epidemia] adoptaram todas as medidas, ao mesmo tempo”, frisou.
Não é possível dizer o que é arriscado ou não em termos absolutos, continuou Maurizio Barbeschi. “Se agora formos de Sul para Oeste da Nova Zelândia, é muito seguro viajar. Se estivermos noutros Estados-membros [da OMS], em que a transmissão é muito elevada, no Brasil hoje, por exemplo, a percepção do risco é diferente”, afirmou.
Para avaliar o risco, a OMS criou uma ferramenta “que faz um equilíbrio entre os riscos – sabendo que o risco zero não existe – e as medidas de mitigação. É a combinação das duas que permite tomar decisões acertadas”, enfatizou o conselheiro.
“A decisão de ter um pacote sobre viagens e turismo faz-se na base das medidas de mitigação e do momento da pandemia: a mesma ferramenta, se for aplicada dentro de três semanas ou de três meses pode conduzir a decisões diferentes”, acrescentou.
Maurizio Barbeschi frisou ainda que “é essencial comunicar o resultado do risco. No início da pandemia, vimos tudo a fechar – estádios, eventos, tudo fechou, em efeito dominó –, nem sempre baseado nos riscos e nem sempre bem comunicado às pessoas e isso criou pânico e incerteza”.
“As decisões que forem tomadas têm de ser bem comunicadas às pessoas e devem ser reavaliadas em dois ou três meses”, salientou.
Para a indústria do turismo, é importante ter em conta “todo o pacote”, porque há “toda uma combinação” entre a viagem e a estadia. “A maior parte das pessoas viaja de A para B, mas, quando está no B, fica num hotel, come num restaurante, vai a um jogo de futebol, à igreja, a uma festa”.
Nesse sentido, Maurizio Barbeschi antecipa “possíveis mudanças na forma como pensamos em viagens, turismo, lazer”, designadamente “um processo de tomada de decisão de maior qualidade, baseado na abordagem do risco”.
“É mais seguro um hotel mais pequeno, mas sem médicos nem serviços de saúde perto, ou um hotel maior, com acesso facilitado a cuidados de saúde?”, exemplifica. “Não há receita, não pode haver uma. Depende do país e de onde no país”, esclarece. “A abordagem da mitigação dos riscos é importante por isso”.
*Fote:PressTUR com Agência Lusa; Foto: divulgação