Por Rafael Brais
Um dos principais pontos turísticos de Recife, a Rua do Bom Jesus acaba de ser eleita a terceira mais bonita do mundo. A seleção foi feita pela Architectural Digest, importante publicação dos Estados Unidos, que listou 31 ruas espalhadas por vários países – apenas uma no Brasil. Além da beleza, o local, encravado no centro da capital pernambucana, revela também histórias de moradores, de relacionamentos e é ponto de encontro de famílias e turistas. Até ensaio de casamento já teve por lá.
Fernando Alvarenga e Joana Barros têm uma história especial na Rua do Bom Jesus. Crédito: Camila Pessoa
Os primeiros lugares do ranking feito pela Architectural Digest foram Setenil de Las Bodegas, na Espanha, e Washington Street, no Brooklyn, em Nova York (EUA). De acordo com o site da revista, “a bela Rua do Bom Jesus ocupa uma das partes mais orientais da cidade. A rua colorida, repleta de palmeiras altas, está repleta de história”. E continua: “datada do século XV, esta rua continha a primeira sinagoga construída nas Américas, a Sinagoga Kahal Zur Israel. O prédio ainda está lá para os visitantes verem”. Por causa da pandemia do novo coronavírus, o comércio local e a circulação de turistas estão em fase de espera para retomar as atividades.
HISTÓRIA
No período da ocupação holandesa, vários judeus foram se estabelecer em Recife, precisamente na Rua do Bom Jesus. Por este fato, o local ficou conhecido como “Rua dos Judeus”, em referência à liberdade de credo. A rua é considerada a mais antiga da capital e é assim chamada por causa do Arco de Bom Jesus que existia como porta de entrada da cidade.
É O AMOR
Morador de Olinda, o casal Fernando Alvarenga e Joana Barros tem uma história especial na Rua do Bom Jesus. Após o casamento, em 2012, eles fizeram um ensaio romântico no espaço. “Casamos num sábado e, como nossa viagem de lua de mel seria no meio da semana, aproveitamos a segunda-feira para o registro no local”, explica Alvarenga.
Para ele, a Rua do Bom Jesus tem uma atmosfera diferenciada. “As cores, o clima, tudo convergia para o amor. Além disso, tenho boas lembranças de passeios com a família na rua, seja em períodos de fim de semana ou até mesmo em época carnavalesca, onde o local literalmente ferve. Há o contexto histórico da rua, com a primeira sinagoga das Américas e a Embaixada dos Bonecos Gigantes de Pernambuco”, relembra.
O empresário Júlio Araújo, morador de Recife, relata que a Rua do Bom Jesus é um ótimo lugar para passear e voltar ao passado. “É um espetáculo de história viva do Recife. Frequento desde pequeno, quando minha mãe me levava, principalmente no período do Carnaval, para assistirmos aos blocos de frevo passar”, conta. Araújo também destaca que sempre leva amigos de outros lugares do Brasil para conhecerem o local. “É a minha primeira opção para levar os amigos que vêm me visitar, pois além da beleza encontrada temos cafeterias e bares tradicionais, com uma pegada retrô”, explica.
Além disso, a rua também é uma ótima opção para crianças. “É uma ótima opção de passeio com as crianças, pelo colorido, pela arborização, pelos museus e esculturas espalhados pela rua. Fiz questão de levar meu pequeno desde os 6 meses de idade para vivenciar esse tesouro histórico e cultural da nossa capital pernambucana”, completa Araújo.
Rua do Bom Jesus é um dos lugares preferidos de Júlio Araújo. Crédito: arquivo pessoal
TRABALHO
A administradora Amanda Correia trabalha na Rua do Bom Jesus, que, na sua opinião, é um marco para qualquer recifense, especialmente após a revitalização do Bairro do Recife, há cerca de 30 anos. “Ela é a estrela maior do local, juntamente com a praça do Marco Zero do Recife. Trabalhar aqui é um privilégio. É um lugar muito aprazível e, apesar de estar situado no centro da cidade, é calmo, com pouca violência. No Carnaval, o lugar ganha outra vida, com toda a decoração especial que é feita por aqui”, afirma.
Amanda também aponta a grande movimentação de turistas na região. “Sempre tem turistas circulando por aqui. Nos meses de férias, mais gente. No entanto, a gente percebe que o turismo interno é o que prevalece”, diz, lembrando, ainda, da proximidade com o porto da cidade. “Mas como o Porto do Recife, próximo ao local, recebia navios com frequência, a ocorrência de turistas estrangeiros também era grande”, conclui. *Fonte: Agência de Notícias do Turismo