Cerrado: um dia para celebrar esta maravilha da natureza

O Cerrado já perdeu metade da sua vegetação original. Preservação do bioma passa pelo estímulo ao turismo sustentável.  Foto: Daniel Altman 

O segundo maior bioma da América do Sul se estende por um pouco mais de 2 milhões de quilômetros quadrados, equivalente a cerca de 22% território nacional. Possui áreas contínuas nos estados de Goiás, Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Bahia, Maranhão, Piauí, Rondônia, Paraná, São Paulo, além do e Distrito Federal, com alguns reflexos no Amapá, Roraima e Amazonas.

Diversidade

De acordo com o Ministério do Meio Ambiente (MMA), no bioma Cerrado já foram catalogadas mais de 11,6 mil espécies de plantas nativas. A diversidade de seus habitats abriga em torno de 199 espécies de mamíferos, 837 de aves, 1.200 de peixes, 180 de répteis e 150 de anfíbios. Estima-se a hospedagem de 13% das borboletas, 35% das abelhas e 23% dos cupins trópicos.

Além disso, abriga as nascentes das três maiores bacias hidrográficas da América do Sul: Amazônica/Tocantins, São Francisco e Prata. O Cerrado é a caixa d’água do Brasil!

Cachoeira do Segredo, Alto Paraíso. Foto: Daniel Altman 

Ainda sobre sua importância, vale lembrar que o Cerrado é uma das sete Reservas da Biosfera do Brasil, ao lado da Amazônia Central, da Caatinga, da Mata Atlântica e Cinturão Verde da Cidade de São Paulo, do Pantanal e da Serra do Espinhaço. Lembrando que, em 2018, a Comissão Brasileira do Programa Homem e Biosfera (Cobramab) passou a considerar sua conectividade com os biomas Caatinga, Mata Atlântica e Pantanal, abrangendo um total de 74 milhões de hectares.

Mas o Cerrado não é importante somente do ponto de vista ambiental. Ele é fundamental para as comunidades indígenas, quilombolas, geraizeiros, ribeirinhos, babaçueiras, vazanteiros, que extraem dele a sobrevivência de suas famílias, com uso de conhecimentos tradicionais.

Experiência de etnoturismo com o povo Krahô, do Tocantins. Foto: Emerson Silva 

Alerta

Apesar de todas essas informações, é preciso manter o alerta. Graças à sua rica hidrografia, aliada aos avanços tecnológicos aplicados a partir dos anos de 1970, cerca de 40% do Cerrado estão ocupados pela agropecuária. Ao todo, ele já perdeu metade da vegetação original, e o restante está fragmentado.

Muitos não sabem, mas a degradação do bioma é responsável pelo mesmo nível de emissões de gás carbônico da Amazônia! A estimativa é de que o bioma Cerrado desapareça em 22 anos, caso o atual modelo predatório de desenvolvimento seja mantido.

Turismo sustentável

Uma das saídas apontadas para o controle do desmatamento e preservação do bioma para as próximas gerações é o turismo. Repleto de rios, cachoeiras, chapadões e até dunas, o Cerrado oferece uma infinidade de atrativos em todos os estados de sua abrangência.

No Jalapão (TO), dunas, cachoeiras e chapadões dominam o cenário. Foto: Emerson Silva

Além do ecoturismo, também oferece oportunidades singulares para o desenvolvimento de roteiros de experiência em comunidades abertas a mostrar seu modo de vida, cultura, gastronomia.

A Tekoá Brasil, operadora de turismo receptivo que desenvolve roteiros de experiência e viagens de imersão, comprova que o turismo no Cerrado tem um grande potencial. Seu principal foco de atuação são os segmentos ecológicos e etnológicos, aplicando os conceitos do Turismo Sustentável de Base Comunitária nos estados de Goiás e Tocantins.

“Nosso diferencial é, justamente, apresentar roteiros diferenciados que vão além do desfrute de belezas, e sim, provoquem um contato real com as realidades locais, com as pessoas e seu modo de vida”, revela o diretor da empresa, Marcos Luz, lembrando que, em função da pandemia do novo coronavírus as atividades com comunidades indígenas e quilombolas estão temporariamente suspensas, enquanto as visitações à Chapada dos Veadeiros, em Goiás, estão em processo de retomada.

A data

A data foi escolhida em homenagem ao ambientalista Ary José de Oliveira – o Ary Pára-Raios -, um defensor dos direitos humanos e do meio ambiente, que transformou a cultura do bioma Cerrado em arte mambembe. Ele foi o fundador do grupo teatral Esquadrão da Vida, uma troupe de artistas do Distrito Federal.

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