Ecoturismo e Turismo de Aventura: os destinos que estão em alta no Brasil

Por Ana Azevedo e Felipe Lima

O segmento desponta pela capacidade de conseguir manter as premissas de distanciamento social e priorização de ambientes naturais.

Ecoturismo e Turismo de Aventura

Unir turismo e segurança. Encontrar caminhos que consolidem essa parceria e ajudem a reconquistar a confiança do viajante tem sido motivo de preocupação diária para o trade desde o início da pandemia do novo coronavírus, em março deste ano. As empresas vêm respondendo às necessidades do momento atual e se preparando com os devidos protocolos, amparados por estudos científicos.

As mudanças ajudam a manter a roda da economia girando – ainda que, inicialmente, em um movimento lento que é ditado pelo próprio consumidor. Nesse cenário, um segmento desponta pela capacidade de conseguir manter as premissas de distanciamento social e priorização de ambientes naturais: o ecoturismo e o turismo de aventura.

Isso não quer dizer que as empresas atuantes nesse nicho foram dispensadas de adaptações, mas que a implementação de medidas de biossegurança foi um pouco mais simples, já que o conceito da oferta em si já traz a ideia de ambiente seguro. De acordo com a Associação Brasileira das Empresas de Ecoturismo e Turismo de Aventura (Abeta), viagens nesse perfil representam 9,7% do total de roteiros no Brasil, conforme os resultados de uma sondagem realizada entre março e abril deste ano. Isso significa que há muito espaço para crescer, dada a oferta de ambientes propícios para a atividade no País.

O levantamento também buscou entender os efeitos da covid-19 no turismo de natureza no Brasil e mostrou que 78,8% dos serviços comercializados envolvem passeios e vivências. Caminhadas de curto e longo curso se destacam, representando 66,4% das atividades comercializadas. Em seguida estão o turismo náutico (34,5%), cicloturismo (18,6%), turismo fora de estrada (16,8%), cachoeirismo, canionismo e espeologia (15%) e montanhismo e escalada (14,2%).

Durante o Abeta Summit 2019, Bob Santos, secretário nacional de Integração Interinstitucional do Ministério do Turismo (MTur), explicou como a procura de turistas estrangeiros pelo turismo de natureza no Brasil cresceu 27,3%. Além disso, baseando-se em dados fornecidos pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), ele ressaltou o gasto total de R$ 2 bilhões, deixado pelos visitantes nos municípios do entorno das unidades de conservação, além da geração de cerca de 80 mil empregos diretos.

“Isso mostra que o turismo de natureza tem se tornado uma das principais portas de entrada das viagens no Brasil, país considerado o número 1 em atrativos naturais no ranking de competitividade do Fórum Econômico Mundial. Precisamos potencializar esse espaço que o Brasil já possui. O ecoturismo é mais do que um tipo de turismo. Ele é renda, é oportunidade de emprego para o cidadão, é preservação, é educação”, afirmou Santos durante o evento.

ENTENDA A DIFERENÇA

É importante lembrar que, apesar das similaridades, ecoturismo e turismo de aventura não são sinônimos.

TURISMO DE AVENTURA: É uma modalidade que envolve a realização de atividades com experiências físicas e sensoriais de maneira recreativa, envolvendo uma série de desafios e em ambientes naturais.

ECOTURISMO: Também conhecido como turismo ecológico, ele pode ser definido como o conjunto de atividades realizadas em áreas naturais de forma responsável e com incentivo à preservação de patrimônios culturais e ambientais.

Personalização de serviço

O Brasil consegue se destacar no segmento, graças à extensa gama de atividades que se tornam viáveis nos atrativos naturais do País. Diversas empresas que atuam neste mercado reforçam como este conceito pode ser vantajoso para a retomada dos negócios e, acima de tudo, atrativo para os viajantes.

É o caso da Pisa Trekking, empresa que trabalha com propostas divididas por níveis de intensidade (de 1 a 5) para percursos nacionais e internacionais. Para atuar no cenário de insegurança instaurado pela pandemia, a agência vem restringindo ainda mais a capacidade de público nas atividades visando garantir a segurança de todos e proporcionar contínua experiência aos clientes.

Gabrielle Monteiro, gerente de Marketing da Pisa Trekking, afirma que o ecoturismo será uma tendência, visto que proporciona momentos seguros de maneira natural, gera impacto positivo ao meio ambiente e oferece renda direta às comunidades tradicionais. Ou seja, tudo o que o consumidor já sinalizou como tendência para o futuro próximo em diversas pesquisas realizadas.

“Sempre buscamos experiências autênticas locais, guias especialistas nas atividades, reservamos hospedagens pequenas e que trazem valor à viagem, incentivamos a cultura e o empreendedorismo local, adicionamos passeios na natureza em todos os pacotes. Agora, nossa maior missão é receber a todos com segurança, atendendo aos protocolos sanitários”, afirma.

Outra empresa especializada no segmento é a Alaya Brotas, com atuação focada em atividades de aventura – especialmente as aquáticas – na cidade do interior paulista que é famosa nacionalmente pela potência de suas corredeiras. Em termos de segurança e exclusividade, a agência aposta em uma redução no número de participantes e criou o Rafting VIP, com lotação máxima de três pessoas. Também há pacotes para prática de rapel, escalada, flutuação, tirolesa e arvorismo. “Todas as atividades operadas são oferecidas principalmente para um público formado por famílias, o que reforça que a participação é acessível a todos e não somente a atletas e praticantes de esportes de aventura. É uma oportunidade de conhecer mais sobre este mundo”, relata Renata Torres, gerente Comercial da Alaya Brotas.

Sem operações no momento atual e com perspectiva de retomada em outubro, a Korubo Expedições é especialista em glamping no Tocantins. De acordo com Cinthia Krause, gerente da agência, o momento exige a realização de atividades ao ar livre e o estado se destaca por fugir do turismo de massa. Além de disponibilizar álcool em gel e se preocupar com a higienização de equipamentos, a empresa também passou a oferecer tendas individuais pelo mesmo preço das tendas compartilhadas. “Estamos nos preparando para a retomada, com expectativa bem alta. É uma viagem que proporciona integração constante do turista com outras pessoas e com a natureza”, observa a profissional.

Ainda na região Norte, a Roraima Adventures já percebe alguns sinais de recuperação nas vendas, apesar de a empresa ainda não ter retomado as atividades normalmente. De acordo com Magno Souza, diretor da empresa, o anseio do público anseia pela oportunidade de sair de casa pôde ser notado durante uma campanha recente. Em maio, a agência iniciou a comercialização de vouchers, sem data de validade, e as vendas superaram as expectativas. O resultado, segundo Souza, foi superior ao de meses com ações promocionais exclusivas, realizadas anualmente pré-pandemia.

“Estamos com o termômetro muito positivo, pois sabíamos que o segmento de natureza ia ser o primeiro a crescer. Acredito que essas vendas vão ajudar a roda da economia voltar a girar. A tragédia é clara, mas, para nossa empresa, este foi um período de oportunidade. Esperamos que 2021 seja um ano bem melhor”, comenta.

Portfólio brasileiro

No Brasil, a tendência de promoção do setor é refletida na pesquisa feita pela Decolar, publicada em agosto. Segundo a análise, que teve participação de mais de mil respondentes, a oferta de ambientes naturais em abundância faz do Nordeste a região com maior intenção de visitas (42%) entre outubro e novembro. Maceió (AL), Jericoacoara (CE) e Natal (RN) são os destinos melhores ranqueados.

Para conhecer mais sobre alguns dos atrativos brasileiros que estão prontos para a prática de ecoturismo e turismo de aventura, o Brasilturis Jornal contatou dez estados em alta na categoria. Confira mais detalhes sobre cada um deles!

Alagoas

Posicionado como o estado com maior número de estabelecimentos certificados pelo Selo do Turismo Limpo e Responsável, do Ministério do Turismo, Alagoas exibe mais 250 quilômetros de faixa litorânea e quase metade dela em Área de Preservação Ambiental. “Quase a totalidade dos turistas (98%) chegam por Maceió e lá, têm contato com atividades de ecoturismo. Acreditamos na segurança do estado, uma vez que a chance de se contaminar com o novo coronavírus é menor em ambientes abertos e grande parte dos nossos atrativos está em meio à natureza”, pontua Rafael Brito, secretário do Desenvolvimento Econômico e do Turismo.

Mais do que os esportes náuticos convencionais oferecidos nas praias do Gunga, Francês, Ipioca e Pajuçara, entre outras, o viajante pode experimentar, em Maragogi, a bike aquática, atração com capacidade para até seis pessoas, que inclui três guias e incita a habilidade com manobras e desafios. Apesar do apelo turístico litorâneo – preferência nacional há anos – o estado destaca outros cenários igualmente preparados no interior.

Alagoas
Rafael Brito, secretário de Turismo de Alagoas

Os cânions do Rio São Francisco estão em quinto lugar em um ranking que destaca os maiores e mais navegáveis do mundo. O atrativo fica na divisa entre Alagoas e Sergipe e, do lado alagoano, é acessado pela cidade de Piranhas. O charmoso município abriga mirantes para o rio e o museu do Lampião, além de ser ponto de partida e chegada para os passeios de catamarã. A jornada, com duração máxima de uma hora, termina em uma piscina natural com pausa para banho.

Em adição à rota convencional, o Paraíso do Talhado, em Delmiro Gouveia, é uma opção para quem deseja conhecer as belas paisagens do lado mais estreito do cânion.  O percurso de carro tem cerca de 16 quilômetros e a trilha de intensidade leve percorre a caatinga até chegar ao Mirante do Talhado, com paisagens de tirar o fôlego. Há a possibilidade de realizar uma segunda trilha – de cerca de uma hora e grau médio de dificuldade – até uma gruta para banho no rio.

Na foz do São Francisco, outro destino se destaca. As Dunas Piaçabuçu – também conhecidas como Dunas Douradas – se estendem por 20 quilômetros, propiciando a prática de atividades como passeios de buggy adaptado e sandboard tanto individual quanto em dupla. Há, ainda, trilhas pela caatinga com visita a cavernas com pinturas rupestres, em Olho D’Água do Casado. “O estado de Alagoas é uma joia escondida no Brasil e uma forma de redescobrir o País. Todo o cuidado que tínhamos está sendo redobrado para que os visitantes desfrutem com segurança dos atrativos da capital e do interior”, reforça Brito.

Amazonas

“Quando tudo passar, o Amazonas te espera para receber o seu abraço”. E é com essa mensagem que a região incentiva o turismo durante o período de pandemia. O estado possui atrativos e infraestrutura que propiciam caminhadas, práticas de arvorismo, escaladas e rapel, por exemplo, conforme declara Roselene Medeiros, presidente da Amazonastur. Ela ainda destaca que as pesquisas indicam que desfrutar da oferta de lazer motiva 32,21% dos turistas domésticos e 72,53% dos viajantes estrangeiros.

“O turismo que promovemos no Amazonas é de baixo impacto, não promove aglomerações. Além disso, as características naturais e de acesso ao estado oportunizam esse turismo que agrada e atrai grupos pequenos. Por isso, acreditamos que poderemos ser um dos principais destinos para o novo turista pós-pandemia”, comenta Roselene.

Roselene Medeiros,  da Amazonastur

As opções de atividades são diversas. Há o turismo de pesca esportiva, por exemplo, que possui uma demanda consolidada durante o começo do primeiro semestre e todo o segundo semestre. A prática teve pouca adaptação, já que o conceito da atividade prevê grupos bastante reduzidos – muitas vezes, apenas um turista e o barqueiro. Além disso, muitos viajantes optam pelo turismo de base comunitária, que envolve a vivência do cotidiano de caboclos e famílias indígenas de comunidades ribeirinhas.

A preocupação com o meio ambiente é constante e, por isso, o estado promove campanhas que incentivam a preservação e manutenção da floresta. Além disso, Roselene observa que o turista que vai ao estado já é por si só consciente das práticas ambientais e quer ter essa experiência com a natureza.

Para a retomada, o estado desenvolveu a campanha “Amazone-se”, que prevê ações de promoção, ordenamento, suporte ao empresariado e obras de infraestrutura. “Estão previstas as reformas dos Centros de Atendimento ao Turista (CATs) e do terminal de passageiros do Aeroporto de Barcelos, uma das principais portas de entrada para a prática de pesca esportiva; a instalação de infraestrutura turística em comunidades indígenas no entorno de Manaus; e melhorias na infraestrutura na Serra da Valéria, comunidade localizada no município de Parintins”, detalha Roselene.

Ceará

Atrativos naturais, turismo de aventura e o ecoturismo são três das quatro principais motivações dos visitantes que vão ao estado a passeio, representando mais de 90% da parcela, segundo dados da Secretaria do Turismo do Ceará (Setur). Locais como Cariri, Quixadá, Ibiapaba e Baturité são alguns dos municípios que se destacam no segmento em nível estadual.

Com a alta representatividade do segmento, é cabível que o estado venha a promover ações que tenham como foco proteger suas riquezas naturais. “A Setur orienta os parques e administradores a orientarem os visitantes a aproveitarem os locais da forma mais respeitosa possível, visto que não é diretamente responsável pelo cuidado desses pontos”, detalha Arialdo Pinho, secretário de Turismo do Ceará.

Arialdo Pinho, secretário de Turismo do Ceará

Além das trilhas que se destacam nas regiões citadas, a prática de observação de pássaros é uma das ofertas consolidadas no estado. Para os amantes da atividade, é possível, por exemplo, conhecer um uirapuru-laranja e a jandaia, duas aves típicas da região. Outro pássaro que chama a atenção de curiosos é o soldadinho-do-araripe.

Para garantir que os visitantes serão bem recebidos, o estado também aposta na contínua capacitação dos profissionais. Entre 2017 e 2019, foram mais de 200 turmas de cursos de treinamento em diferentes áreas relacionadas ao turismo, incluindo ecoturismo. Ao todo, foram mais de 5 mil pessoas beneficiadas com essas ações.

Maranhão

Além dos Lençóis Maranhenses, o Maranhão é conhecido pela Chapada das Mesas, local que desperta grande interesse dos viajantes aventureiros. O Parque Nacional é responsável pela proteção de 160 mil hectares de cerrado, bioma que contempla os municípios de Riachão, Estreito, Imperatriz e Carolina, principal acesso aos passeios no centro-sul do estado.

“Na Chapada, é 100% vida ao ar livre. Somos especialistas em aventura e pretendemos ser a maior referência de ecoturismo e turismo de aventura do Maranhão e um dos principais destinos do Brasil nesse segmento”, afirma Catulé Júnior, secretário de Turismo do Estado.

Segundo Beto Kelnner, superintendente de Turismo da Chapada das Mesas, o local opera hoje com 50% da capacidade, restrição esta já em andamento no período pré-pandemia de covid-19, a fim de promover a preservação da natureza. “É importante lembrar que a maioria dos passeios é feita em passarelas, reduzindo o impacto por pisoteio nas trilhas. O desafio está em sensibilizar os novos adeptos da vida ao ar livre e, para isso, utilizamos ferramentas tecnológicas e meios convencionais de comunicação como sinalização. Acreditamos que nesse novo normal, nossas atitudes e comportamento serão exemplo, e, ao mesmo tempo, todos seremos fiscais”, ressalta.

Catulé Junior

Dentre os atrativos de maior destaque, o santuário ecológico Pedra Caída, a 53 quilômetros de Carolina é uma opção para quem deseja praticar rapel e tirolesa ou fazer passeios em veículos tracionados ou caminhadas. A Pedra Caída possui 1,4 mil metros de comprimento e 300 metros de altura, fator que a torna uma das mais altas e extensas do País. O complexo possui, também, estrutura de chalés e restaurantes.

Fãs de misticismo se sentirão especialmente atraídos pelas lendas indígenas que envolvem o Morro do Chapéu, ponto mais alto da Chapada, também acessado pelo município de Carolina. O trekking até o topo percorre 365 metros pelo terreno de arenito, o que exige certo preparo físico.

Para se refrescar, o Rio Cocal, localizado no município de Riachão, é responsável pela formação do Poço Azul, Namorados e Santa Paula, cachoeiras que estão localizadas em uma propriedade privada. Há ainda, a Santa Bárbara, queda d’água com 75 metros de altura, além de trilhas e cânions, pontos propícios para a prática de atividades náuticas, como caiaque ou stand up paddle.

O Maranhão orienta que os passeios sejam feitos com acompanhamento de guias profissionais credenciados, para evitar o risco de acidentes e a prática de comportamentos inadequados. “Segurança e capacitação são itens constantes e ininterruptos. O que a nova realidade nos trouxe foi um novo tema: biossegurança. Para a retomada, acreditamos no turismo doméstico, especialmente o realizado dentro do estado, e continuaremos apostando no turismo regional, investindo nos estados vizinhos, como Pará, Tocantins, Piauí”, diz Júnior.

Mato Grosso do Sul

Em 2019, o turismo foi responsável pela chegada de 615 mil viajantes ao Mato Grosso do Sul, considerando apenas os números do aeroporto e da rodoviária na capital. Um dos carros chefes do estado, Bonito, atraiu cerca de um terço desse número – 209.568 visitantes -, o que representa aumento de 4,1% em relação ao resultado de 2018.

O município que é conhecido por seus rios cristalinos, balneários e cachoeiras destaca-se pela oferta de flutuações, mergulhos, boia cross, tirolesas, quadriciclos, espeleoturismo (exploração de grutas e cavernas) e observação de aves. Uma das atividades mais radicais e que requer coragem é o Abismo Anhumas, com 80 metros de profundidade. Localizado a 23 quilômetros de Bonito, o visitante é desafiado a descer os 73 metros de rapel por uma fenda e, depois, realizar a flutuação com snorkel ou o mergulho com cilindro.

“O ecoturismo é o nosso grande mote, mas geralmente é tratado somente como uma atividade de natureza. Nossos destinos conseguiram revolucionar isso, com controle da capacidade de suporte e respeito à questão ambiental. Eu sempre digo que Bonito tem organização no seu DNA e esse é o nosso diferencial em relação aos outros estados”, destaca Bruno Wendling, presidente do Fundtur.

O controle de público é feito por meio da emissão de vouchers para a prática de cada uma das atividades, respeitando os limites pré-estabelecidos para cada dia. No ano passado, 711.515 vouchers foram impressos, o que significa aumento de 12,6% em relação a 2018, quando foram registrados 631.389 vouchers. Com a pandemia, os estabelecimentos turísticos restringiram ainda mais o limite de usuários e reforçaram as medidas de segurança e saúde.

“Temos mais de 600 empresas que adotaram os protocolos de segurança e saúde elaborados em parceria com o Sesi e Sebrae para promover a segurança do visitante. É um trabalho conjunto. Os destinos se organizam com os protocolos e nós ficamos com a parte de comunicação ao mercado. O cuidado constante em termos de meio ambiente e sustentabilidade, agora, tem adição da biossegurança”, enfatiza Wendling.

Mato Grosso do Sul Fundtur-MS
Bruno Wendling da Fundação de Turismo de MGS .

Outro nicho com grande número de adeptos é a pesca esportiva no Pantanal. Em 2019, 94.407 licenças foram emitidas pelo estado, representando alta de 38,6% em relação a 2018. Já os barcos-hotéis da região de Corumbá e Porto Murtinho transportaram 15.006 passageiros (+2,7%). A região é propícia também para a observação de aves e da fauna como um todo, tanto em saídas de barco e trilhas quanto em cavalgavas.

O Fundo Geral do Turismo (Fungetur), linha de financiamento do Mtur, apoia o desenvolvimento de uma campanha de conscientização que deve, segundo Wendling, ser lançada na Abav Collab, que ocorre de 27 de setembro a 2 de outubro. Outra novidade é a expansão da malha aérea com voos diretos de Congonhas (SP) para Três Lagoas, região conhecida pelo turismo rural.

Minas Gerais

Em Minas Gerais, o Parque Nacional da Serra do Cipó conta com 33.880 hectares de rios, cachoeiras, cânions, cavernas, além de fauna e flora diversa, características que lhe conferiram o título de “Jardim do Brasil” pelo paisagista Burle Marx, em 1950. O ponto de partida para se aventurar com alpinismo, ciclismo, passeios a cavalo e trekking é Santana do Riacho. A partir de lá, os viajantes podem descobrir também o rio Cipó e a cachoeira Grande.

Outra opção é o Parque Estadual do Ibitipoca nos municípios de Lima Duarte e Santa Rita do Ibitipoca, que é conhecido como a “serra que estoura”, devido à grande incidência de raios e à quantidade de grutas. Com 1.488 hectares e limite de 1,2 mil pessoas por dia, o destino é uma ramificação da Serra da Mantiqueira.

O parque conta com os roteiros Circuito das Águas, Circuito Janela do Céu e Circuito do Pião, com diferentes graus de dificuldade, além de área para camping, banho, trilhas sinalizadas em inglês e português, estacionamento e lanchonete. Na hora de indicar a Serra do Cipó e de Ibitipoca, lembre-os que os meses de abril a setembro são considerados os mais indicados, pois há menos chuvas e as temperaturas estão mais amenas.

“As regiões da Serra do Cipó e de Ibitipoca são importantes destinos de turismo de aventura e ecoturismo no estado, assim como outros tantos em Minas Gerais. A preservação da natureza e a conscientização dos turistas é um trabalho em parceria com a Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Minas Gerais e com o Instituto Estadual de Florestas”, pontua a Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais (Secult).

A pasta afirma, ainda, que o programa de retomada e o gerenciamento de público e atrativos, quando autorizados, acontecerão em consonância com plano “Minas Consciente”, criado em parceria com selo Turismo Responsável, do MTur. Outra ação é o projeto “Capacita Turismo”, desenvolvido junto com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas em Minas Gerais (Sebrae-MG), Federação do Comércio, Bens, Serviços e Turismo do Estado de Minas Gerais (Fecomércio-MG) e Federação dos Circuitos Turísticos de Minas Gerais (Fecitur), que visa qualificar pequenos negócios do turismo com foco na retomada do setor. Para os profissionais do trade, o “Minas Recebe” volta sua atenção para às agências, receptivos, operadoras de ecoturismo e turismo de aventura.

São Paulo

Conhecida nacionalmente como a Capital do Turismo de Aventura, Brotas, no interior de São Paulo, é o destino número um para a prática de rafting, atração que pode incluir uma tirolesa ao final do circuito. Outras modalidades consolidada são canionismo e descida de cachoeira com técnicas de rapel. Os turistas podem, ainda, se divertir em trilhas a pé ou em quadriciclos, além de se aventurar pelos circuitos de arvorismo. As atividades podem ser combinadas, criando diferentes roteiros com variados níveis de intensidade e dificuldade.

“O ecoturismo é um dos sete segmentos prioritários para a Secretaria de Turismo do Estado de São Paulo (Setur) e representa, hoje, um em cada cinco turistas no território. Para o estado, Brotas é uma referência quando se fala da atividade de turismo e natureza”, declara Vinicius Lummertz, secretário de Turismo de São Paulo.

Para exploradores de cavernas, o Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira (Petar) é a dica no estado. A região é procurada tanto por viajantes de longa distância quanto àqueles que realizam o trajeto de carro. “O Petar tem uma demanda muito grande por conta das cavernas, uma busca principalmente por parte de turistas de um dia que saem da capital. O nosso trabalho no âmbito do Vale do Futuro é fortalecer este turismo de natureza e também reforçar a presença do Vale do Ribeira no mercado nacional como um destino de natureza”, reforça Lummertz.

Vinicius Lummertz

No litoral norte, Ilhabela se destaca com a oferta de windsurfe, vela, caiaque, turismo de base comunitária e em veículo 4×4. Segundo Lummertz, algumas operadoras ofertam pacotes para a observação da vida marinha, principalmente baleias e golfinhos.

Com o objetivo de melhorar a estrutura, alguns parques estaduais estão passando por um processo de concessão. Trata-se de uma parceria entre o poder público estadual e a iniciativa privada, liderada pela Secretaria de Infraestrutura e do Meio Ambiente para a permissão do uso público das Unidades de Conservação.  Outra ação da pasta é o projeto Rotas Turísticas, ação que visa sensibilizar e capacitar os atores do setor de ecoturismo e turismo de aventura, a partir de 2021.

“Nossa forma de fortalecer este nicho é trabalhar diretamente com os destinos para fazer a promoção integrada. Partimos também do princípio que quem é turista de natureza já tem noção e possui certo grau de responsabilidade ambiental e de sustentabilidade”, conclui o secretário.

Tocantins 

Com sete regiões turísticas, com destaque para o Jalapão, o estado é considerado um destino com vocação natural para aventura e ecoturismo. Na divisa com Maranhão, Pará, Mato Grosso, Goiás, Bahia e Piauí, o Tocantins tem diversidade de biomas e atividades, o que enriquece a experiência dos viajantes. De acordo com Maria Antônia Valadares, diretora de Projetos da Agência de Turismo de Tocantins, o estado está apostando na consolidação de vários produtos, enquanto enfrenta a crise decorrente da covid-19.

“Tocantins é hoje um dos principais destinos de ecoturismo. Todas as regiões têm planos de desenvolvimento voltados para esse potencial. Atualmente, estamos na fase de formalização desses projetos, a fim de fortalecer nossa imagem, alcançar o mercado e vender os produtos certos para os clientes certos”, comenta a diretora.

Experiência é um dos grandes diferenciais prometidos nas atividades que promovem vivências junto a quilombolas, além das trilhas, rafting e passeios de cachoeira.

Maria Antônia Valadares

As Dunas do Jalapão, por exemplo, formam um dos produtos que mais encantam os visitantes pela possibilidade de combinar turismo de mera contemplação com o contato direto com a natureza. A expectativa é que o nicho seja motor de recuperação para o período pós-pandemia.

“Estamos falando de um segmento que não é desenvolvido em grandes grupos, mas com famílias e amigos. E esse trabalho de fortalecer o potencial de cada uma de nossas regiões vem justamente ao encontro desta retomada. Tocantins está se preparando para receber, logo que possível, seus visitantes. Queremos receber bem a todos, mas primeiro temos de estar com a casa arrumada”, destaca Maria Antônia.

Esse processo de “organizar a casa” também envolve o investimento em melhorias de infraestrutura. Durante este período de quarentena e isolamento social, o estado se preocupou em acelerar algumas obras para melhor receber o turistas, como implementações de serviços em parques e atrações.

Outro destaque é a qualificação profissional. O Tocantins vem promovendo cursos pautados neste cenário futuro de reaquecimento. O trade, por sua vez, tem a participação ativa no estado, visto que as ações contam continuamente com a presença das mais importantes associações do setor, como Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav), Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) e Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH).

*Fonte: Brasilturis 

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