O segmento desponta pela capacidade de conseguir manter as premissas de distanciamento social e priorização de ambientes naturais.
Unir turismo e segurança. Encontrar caminhos que consolidem essa parceria e ajudem a reconquistar a confiança do viajante tem sido motivo de preocupação diária para o trade desde o início da pandemia do novo coronavírus, em março deste ano. As empresas vêm respondendo às necessidades do momento atual e se preparando com os devidos protocolos, amparados por estudos científicos.
As mudanças ajudam a manter a roda da economia girando – ainda que, inicialmente, em um movimento lento que é ditado pelo próprio consumidor. Nesse cenário, um segmento desponta pela capacidade de conseguir manter as premissas de distanciamento social e priorização de ambientes naturais: o ecoturismo e o turismo de aventura.
Isso não quer dizer que as empresas atuantes nesse nicho foram dispensadas de adaptações, mas que a implementação de medidas de biossegurança foi um pouco mais simples, já que o conceito da oferta em si já traz a ideia de ambiente seguro. De acordo com a Associação Brasileira das Empresas de Ecoturismo e Turismo de Aventura (Abeta), viagens nesse perfil representam 9,7% do total de roteiros no Brasil, conforme os resultados de uma sondagem realizada entre março e abril deste ano. Isso significa que há muito espaço para crescer, dada a oferta de ambientes propícios para a atividade no País.
O levantamento também buscou entender os efeitos da covid-19 no turismo de natureza no Brasil e mostrou que 78,8% dos serviços comercializados envolvem passeios e vivências. Caminhadas de curto e longo curso se destacam, representando 66,4% das atividades comercializadas. Em seguida estão o turismo náutico (34,5%), cicloturismo (18,6%), turismo fora de estrada (16,8%), cachoeirismo, canionismo e espeologia (15%) e montanhismo e escalada (14,2%).
Durante o Abeta Summit 2019, Bob Santos, secretário nacional de Integração Interinstitucional do Ministério do Turismo (MTur), explicou como a procura de turistas estrangeiros pelo turismo de natureza no Brasil cresceu 27,3%. Além disso, baseando-se em dados fornecidos pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), ele ressaltou o gasto total de R$ 2 bilhões, deixado pelos visitantes nos municípios do entorno das unidades de conservação, além da geração de cerca de 80 mil empregos diretos.
“Isso mostra que o turismo de natureza tem se tornado uma das principais portas de entrada das viagens no Brasil, país considerado o número 1 em atrativos naturais no ranking de competitividade do Fórum Econômico Mundial. Precisamos potencializar esse espaço que o Brasil já possui. O ecoturismo é mais do que um tipo de turismo. Ele é renda, é oportunidade de emprego para o cidadão, é preservação, é educação”, afirmou Santos durante o evento.
ENTENDA A DIFERENÇA
É importante lembrar que, apesar das similaridades, ecoturismo e turismo de aventura não são sinônimos.
TURISMO DE AVENTURA: É uma modalidade que envolve a realização de atividades com experiências físicas e sensoriais de maneira recreativa, envolvendo uma série de desafios e em ambientes naturais.
ECOTURISMO: Também conhecido como turismo ecológico, ele pode ser definido como o conjunto de atividades realizadas em áreas naturais de forma responsável e com incentivo à preservação de patrimônios culturais e ambientais.
Personalização de serviço
O Brasil consegue se destacar no segmento, graças à extensa gama de atividades que se tornam viáveis nos atrativos naturais do País. Diversas empresas que atuam neste mercado reforçam como este conceito pode ser vantajoso para a retomada dos negócios e, acima de tudo, atrativo para os viajantes.
É o caso da Pisa Trekking, empresa que trabalha com propostas divididas por níveis de intensidade (de 1 a 5) para percursos nacionais e internacionais. Para atuar no cenário de insegurança instaurado pela pandemia, a agência vem restringindo ainda mais a capacidade de público nas atividades visando garantir a segurança de todos e proporcionar contínua experiência aos clientes.
Gabrielle Monteiro, gerente de Marketing da Pisa Trekking, afirma que o ecoturismo será uma tendência, visto que proporciona momentos seguros de maneira natural, gera impacto positivo ao meio ambiente e oferece renda direta às comunidades tradicionais. Ou seja, tudo o que o consumidor já sinalizou como tendência para o futuro próximo em diversas pesquisas realizadas.
“Sempre buscamos experiências autênticas locais, guias especialistas nas atividades, reservamos hospedagens pequenas e que trazem valor à viagem, incentivamos a cultura e o empreendedorismo local, adicionamos passeios na natureza em todos os pacotes. Agora, nossa maior missão é receber a todos com segurança, atendendo aos protocolos sanitários”, afirma.
Outra empresa especializada no segmento é a Alaya Brotas, com atuação focada em atividades de aventura – especialmente as aquáticas – na cidade do interior paulista que é famosa nacionalmente pela potência de suas corredeiras. Em termos de segurança e exclusividade, a agência aposta em uma redução no número de participantes e criou o Rafting VIP, com lotação máxima de três pessoas. Também há pacotes para prática de rapel, escalada, flutuação, tirolesa e arvorismo. “Todas as atividades operadas são oferecidas principalmente para um público formado por famílias, o que reforça que a participação é acessível a todos e não somente a atletas e praticantes de esportes de aventura. É uma oportunidade de conhecer mais sobre este mundo”, relata Renata Torres, gerente Comercial da Alaya Brotas.
Sem operações no momento atual e com perspectiva de retomada em outubro, a Korubo Expedições é especialista em glamping no Tocantins. De acordo com Cinthia Krause, gerente da agência, o momento exige a realização de atividades ao ar livre e o estado se destaca por fugir do turismo de massa. Além de disponibilizar álcool em gel e se preocupar com a higienização de equipamentos, a empresa também passou a oferecer tendas individuais pelo mesmo preço das tendas compartilhadas. “Estamos nos preparando para a retomada, com expectativa bem alta. É uma viagem que proporciona integração constante do turista com outras pessoas e com a natureza”, observa a profissional.
Ainda na região Norte, a Roraima Adventures já percebe alguns sinais de recuperação nas vendas, apesar de a empresa ainda não ter retomado as atividades normalmente. De acordo com Magno Souza, diretor da empresa, o anseio do público anseia pela oportunidade de sair de casa pôde ser notado durante uma campanha recente. Em maio, a agência iniciou a comercialização de vouchers, sem data de validade, e as vendas superaram as expectativas. O resultado, segundo Souza, foi superior ao de meses com ações promocionais exclusivas, realizadas anualmente pré-pandemia.
“Estamos com o termômetro muito positivo, pois sabíamos que o segmento de natureza ia ser o primeiro a crescer. Acredito que essas vendas vão ajudar a roda da economia voltar a girar. A tragédia é clara, mas, para nossa empresa, este foi um período de oportunidade. Esperamos que 2021 seja um ano bem melhor”, comenta.
Portfólio brasileiro
No Brasil, a tendência de promoção do setor é refletida na pesquisa feita pela Decolar, publicada em agosto. Segundo a análise, que teve participação de mais de mil respondentes, a oferta de ambientes naturais em abundância faz do Nordeste a região com maior intenção de visitas (42%) entre outubro e novembro. Maceió (AL), Jericoacoara (CE) e Natal (RN) são os destinos melhores ranqueados.
Para conhecer mais sobre alguns dos atrativos brasileiros que estão prontos para a prática de ecoturismo e turismo de aventura, o Brasilturis Jornal contatou dez estados em alta na categoria. Confira mais detalhes sobre cada um deles!
Alagoas
Posicionado como o estado com maior número de estabelecimentos certificados pelo Selo do Turismo Limpo e Responsável, do Ministério do Turismo, Alagoas exibe mais 250 quilômetros de faixa litorânea e quase metade dela em Área de Preservação Ambiental. “Quase a totalidade dos turistas (98%) chegam por Maceió e lá, têm contato com atividades de ecoturismo. Acreditamos na segurança do estado, uma vez que a chance de se contaminar com o novo coronavírus é menor em ambientes abertos e grande parte dos nossos atrativos está em meio à natureza”, pontua Rafael Brito, secretário do Desenvolvimento Econômico e do Turismo.
Mais do que os esportes náuticos convencionais oferecidos nas praias do Gunga, Francês, Ipioca e Pajuçara, entre outras, o viajante pode experimentar, em Maragogi, a bike aquática, atração com capacidade para até seis pessoas, que inclui três guias e incita a habilidade com manobras e desafios. Apesar do apelo turístico litorâneo – preferência nacional há anos – o estado destaca outros cenários igualmente preparados no interior.
Os cânions do Rio São Francisco estão em quinto lugar em um ranking que destaca os maiores e mais navegáveis do mundo. O atrativo fica na divisa entre Alagoas e Sergipe e, do lado alagoano, é acessado pela cidade de Piranhas. O charmoso município abriga mirantes para o rio e o museu do Lampião, além de ser ponto de partida e chegada para os passeios de catamarã. A jornada, com duração máxima de uma hora, termina em uma piscina natural com pausa para banho.
Em adição à rota convencional, o Paraíso do Talhado, em Delmiro Gouveia, é uma opção para quem deseja conhecer as belas paisagens do lado mais estreito do cânion. O percurso de carro tem cerca de 16 quilômetros e a trilha de intensidade leve percorre a caatinga até chegar ao Mirante do Talhado, com paisagens de tirar o fôlego. Há a possibilidade de realizar uma segunda trilha – de cerca de uma hora e grau médio de dificuldade – até uma gruta para banho no rio.
Na foz do São Francisco, outro destino se destaca. As Dunas Piaçabuçu – também conhecidas como Dunas Douradas – se estendem por 20 quilômetros, propiciando a prática de atividades como passeios de buggy adaptado e sandboard tanto individual quanto em dupla. Há, ainda, trilhas pela caatinga com visita a cavernas com pinturas rupestres, em Olho D’Água do Casado. “O estado de Alagoas é uma joia escondida no Brasil e uma forma de redescobrir o País. Todo o cuidado que tínhamos está sendo redobrado para que os visitantes desfrutem com segurança dos atrativos da capital e do interior”, reforça Brito.
Amazonas
“Quando tudo passar, o Amazonas te espera para receber o seu abraço”. E é com essa mensagem que a região incentiva o turismo durante o período de pandemia. O estado possui atrativos e infraestrutura que propiciam caminhadas, práticas de arvorismo, escaladas e rapel, por exemplo, conforme declara Roselene Medeiros, presidente da Amazonastur. Ela ainda destaca que as pesquisas indicam que desfrutar da oferta de lazer motiva 32,21% dos turistas domésticos e 72,53% dos viajantes estrangeiros.
“O turismo que promovemos no Amazonas é de baixo impacto, não promove aglomerações. Além disso, as características naturais e de acesso ao estado oportunizam esse turismo que agrada e atrai grupos pequenos. Por isso, acreditamos que poderemos ser um dos principais destinos para o novo turista pós-pandemia”, comenta Roselene.
As opções de atividades são diversas. Há o turismo de pesca esportiva, por exemplo, que possui uma demanda consolidada durante o começo do primeiro semestre e todo o segundo semestre. A prática teve pouca adaptação, já que o conceito da atividade prevê grupos bastante reduzidos – muitas vezes, apenas um turista e o barqueiro. Além disso, muitos viajantes optam pelo turismo de base comunitária, que envolve a vivência do cotidiano de caboclos e famílias indígenas de comunidades ribeirinhas.
A preocupação com o meio ambiente é constante e, por isso, o estado promove campanhas que incentivam a preservação e manutenção da floresta. Além disso, Roselene observa que o turista que vai ao estado já é por si só consciente das práticas ambientais e quer ter essa experiência com a natureza.
Para a retomada, o estado desenvolveu a campanha “Amazone-se”, que prevê ações de promoção, ordenamento, suporte ao empresariado e obras de infraestrutura. “Estão previstas as reformas dos Centros de Atendimento ao Turista (CATs) e do terminal de passageiros do Aeroporto de Barcelos, uma das principais portas de entrada para a prática de pesca esportiva; a instalação de infraestrutura turística em comunidades indígenas no entorno de Manaus; e melhorias na infraestrutura na Serra da Valéria, comunidade localizada no município de Parintins”, detalha Roselene.
Ceará
Atrativos naturais, turismo de aventura e o ecoturismo são três das quatro principais motivações dos visitantes que vão ao estado a passeio, representando mais de 90% da parcela, segundo dados da Secretaria do Turismo do Ceará (Setur). Locais como Cariri, Quixadá, Ibiapaba e Baturité são alguns dos municípios que se destacam no segmento em nível estadual.
Com a alta representatividade do segmento, é cabível que o estado venha a promover ações que tenham como foco proteger suas riquezas naturais. “A Setur orienta os parques e administradores a orientarem os visitantes a aproveitarem os locais da forma mais respeitosa possível, visto que não é diretamente responsável pelo cuidado desses pontos”, detalha Arialdo Pinho, secretário de Turismo do Ceará.
Além das trilhas que se destacam nas regiões citadas, a prática de observação de pássaros é uma das ofertas consolidadas no estado. Para os amantes da atividade, é possível, por exemplo, conhecer um uirapuru-laranja e a jandaia, duas aves típicas da região. Outro pássaro que chama a atenção de curiosos é o soldadinho-do-araripe.
Para garantir que os visitantes serão bem recebidos, o estado também aposta na contínua capacitação dos profissionais. Entre 2017 e 2019, foram mais de 200 turmas de cursos de treinamento em diferentes áreas relacionadas ao turismo, incluindo ecoturismo. Ao todo, foram mais de 5 mil pessoas beneficiadas com essas ações.
Maranhão
Além dos Lençóis Maranhenses, o Maranhão é conhecido pela Chapada das Mesas, local que desperta grande interesse dos viajantes aventureiros. O Parque Nacional é responsável pela proteção de 160 mil hectares de cerrado, bioma que contempla os municípios de Riachão, Estreito, Imperatriz e Carolina, principal acesso aos passeios no centro-sul do estado.
“Na Chapada, é 100% vida ao ar livre. Somos especialistas em aventura e pretendemos ser a maior referência de ecoturismo e turismo de aventura do Maranhão e um dos principais destinos do Brasil nesse segmento”, afirma Catulé Júnior, secretário de Turismo do Estado.
Segundo Beto Kelnner, superintendente de Turismo da Chapada das Mesas, o local opera hoje com 50% da capacidade, restrição esta já em andamento no período pré-pandemia de covid-19, a fim de promover a preservação da natureza. “É importante lembrar que a maioria dos passeios é feita em passarelas, reduzindo o impacto por pisoteio nas trilhas. O desafio está em sensibilizar os novos adeptos da vida ao ar livre e, para isso, utilizamos ferramentas tecnológicas e meios convencionais de comunicação como sinalização. Acreditamos que nesse novo normal, nossas atitudes e comportamento serão exemplo, e, ao mesmo tempo, todos seremos fiscais”, ressalta.
Dentre os atrativos de maior destaque, o santuário ecológico Pedra Caída, a 53 quilômetros de Carolina é uma opção para quem deseja praticar rapel e tirolesa ou fazer passeios em veículos tracionados ou caminhadas. A Pedra Caída possui 1,4 mil metros de comprimento e 300 metros de altura, fator que a torna uma das mais altas e extensas do País. O complexo possui, também, estrutura de chalés e restaurantes.
Fãs de misticismo se sentirão especialmente atraídos pelas lendas indígenas que envolvem o Morro do Chapéu, ponto mais alto da Chapada, também acessado pelo município de Carolina. O trekking até o topo percorre 365 metros pelo terreno de arenito, o que exige certo preparo físico.
Para se refrescar, o Rio Cocal, localizado no município de Riachão, é responsável pela formação do Poço Azul, Namorados e Santa Paula, cachoeiras que estão localizadas em uma propriedade privada. Há ainda, a Santa Bárbara, queda d’água com 75 metros de altura, além de trilhas e cânions, pontos propícios para a prática de atividades náuticas, como caiaque ou stand up paddle.
O Maranhão orienta que os passeios sejam feitos com acompanhamento de guias profissionais credenciados, para evitar o risco de acidentes e a prática de comportamentos inadequados. “Segurança e capacitação são itens constantes e ininterruptos. O que a nova realidade nos trouxe foi um novo tema: biossegurança. Para a retomada, acreditamos no turismo doméstico, especialmente o realizado dentro do estado, e continuaremos apostando no turismo regional, investindo nos estados vizinhos, como Pará, Tocantins, Piauí”, diz Júnior.
Mato Grosso do Sul
Em 2019, o turismo foi responsável pela chegada de 615 mil viajantes ao Mato Grosso do Sul, considerando apenas os números do aeroporto e da rodoviária na capital. Um dos carros chefes do estado, Bonito, atraiu cerca de um terço desse número – 209.568 visitantes -, o que representa aumento de 4,1% em relação ao resultado de 2018.
O município que é conhecido por seus rios cristalinos, balneários e cachoeiras destaca-se pela oferta de flutuações, mergulhos, boia cross, tirolesas, quadriciclos, espeleoturismo (exploração de grutas e cavernas) e observação de aves. Uma das atividades mais radicais e que requer coragem é o Abismo Anhumas, com 80 metros de profundidade. Localizado a 23 quilômetros de Bonito, o visitante é desafiado a descer os 73 metros de rapel por uma fenda e, depois, realizar a flutuação com snorkel ou o mergulho com cilindro.
“O ecoturismo é o nosso grande mote, mas geralmente é tratado somente como uma atividade de natureza. Nossos destinos conseguiram revolucionar isso, com controle da capacidade de suporte e respeito à questão ambiental. Eu sempre digo que Bonito tem organização no seu DNA e esse é o nosso diferencial em relação aos outros estados”, destaca Bruno Wendling, presidente do Fundtur.
O controle de público é feito por meio da emissão de vouchers para a prática de cada uma das atividades, respeitando os limites pré-estabelecidos para cada dia. No ano passado, 711.515 vouchers foram impressos, o que significa aumento de 12,6% em relação a 2018, quando foram registrados 631.389 vouchers. Com a pandemia, os estabelecimentos turísticos restringiram ainda mais o limite de usuários e reforçaram as medidas de segurança e saúde.
“Temos mais de 600 empresas que adotaram os protocolos de segurança e saúde elaborados em parceria com o Sesi e Sebrae para promover a segurança do visitante. É um trabalho conjunto. Os destinos se organizam com os protocolos e nós ficamos com a parte de comunicação ao mercado. O cuidado constante em termos de meio ambiente e sustentabilidade, agora, tem adição da biossegurança”, enfatiza Wendling.
Outro nicho com grande número de adeptos é a pesca esportiva no Pantanal. Em 2019, 94.407 licenças foram emitidas pelo estado, representando alta de 38,6% em relação a 2018. Já os barcos-hotéis da região de Corumbá e Porto Murtinho transportaram 15.006 passageiros (+2,7%). A região é propícia também para a observação de aves e da fauna como um todo, tanto em saídas de barco e trilhas quanto em cavalgavas.
O Fundo Geral do Turismo (Fungetur), linha de financiamento do Mtur, apoia o desenvolvimento de uma campanha de conscientização que deve, segundo Wendling, ser lançada na Abav Collab, que ocorre de 27 de setembro a 2 de outubro. Outra novidade é a expansão da malha aérea com voos diretos de Congonhas (SP) para Três Lagoas, região conhecida pelo turismo rural.
Minas Gerais
Em Minas Gerais, o Parque Nacional da Serra do Cipó conta com 33.880 hectares de rios, cachoeiras, cânions, cavernas, além de fauna e flora diversa, características que lhe conferiram o título de “Jardim do Brasil” pelo paisagista Burle Marx, em 1950. O ponto de partida para se aventurar com alpinismo, ciclismo, passeios a cavalo e trekking é Santana do Riacho. A partir de lá, os viajantes podem descobrir também o rio Cipó e a cachoeira Grande.
Outra opção é o Parque Estadual do Ibitipoca nos municípios de Lima Duarte e Santa Rita do Ibitipoca, que é conhecido como a “serra que estoura”, devido à grande incidência de raios e à quantidade de grutas. Com 1.488 hectares e limite de 1,2 mil pessoas por dia, o destino é uma ramificação da Serra da Mantiqueira.
O parque conta com os roteiros Circuito das Águas, Circuito Janela do Céu e Circuito do Pião, com diferentes graus de dificuldade, além de área para camping, banho, trilhas sinalizadas em inglês e português, estacionamento e lanchonete. Na hora de indicar a Serra do Cipó e de Ibitipoca, lembre-os que os meses de abril a setembro são considerados os mais indicados, pois há menos chuvas e as temperaturas estão mais amenas.
“As regiões da Serra do Cipó e de Ibitipoca são importantes destinos de turismo de aventura e ecoturismo no estado, assim como outros tantos em Minas Gerais. A preservação da natureza e a conscientização dos turistas é um trabalho em parceria com a Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Minas Gerais e com o Instituto Estadual de Florestas”, pontua a Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais (Secult).
A pasta afirma, ainda, que o programa de retomada e o gerenciamento de público e atrativos, quando autorizados, acontecerão em consonância com plano “Minas Consciente”, criado em parceria com selo Turismo Responsável, do MTur. Outra ação é o projeto “Capacita Turismo”, desenvolvido junto com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas em Minas Gerais (Sebrae-MG), Federação do Comércio, Bens, Serviços e Turismo do Estado de Minas Gerais (Fecomércio-MG) e Federação dos Circuitos Turísticos de Minas Gerais (Fecitur), que visa qualificar pequenos negócios do turismo com foco na retomada do setor. Para os profissionais do trade, o “Minas Recebe” volta sua atenção para às agências, receptivos, operadoras de ecoturismo e turismo de aventura.
São Paulo
Conhecida nacionalmente como a Capital do Turismo de Aventura, Brotas, no interior de São Paulo, é o destino número um para a prática de rafting, atração que pode incluir uma tirolesa ao final do circuito. Outras modalidades consolidada são canionismo e descida de cachoeira com técnicas de rapel. Os turistas podem, ainda, se divertir em trilhas a pé ou em quadriciclos, além de se aventurar pelos circuitos de arvorismo. As atividades podem ser combinadas, criando diferentes roteiros com variados níveis de intensidade e dificuldade.
“O ecoturismo é um dos sete segmentos prioritários para a Secretaria de Turismo do Estado de São Paulo (Setur) e representa, hoje, um em cada cinco turistas no território. Para o estado, Brotas é uma referência quando se fala da atividade de turismo e natureza”, declara Vinicius Lummertz, secretário de Turismo de São Paulo.
Para exploradores de cavernas, o Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira (Petar) é a dica no estado. A região é procurada tanto por viajantes de longa distância quanto àqueles que realizam o trajeto de carro. “O Petar tem uma demanda muito grande por conta das cavernas, uma busca principalmente por parte de turistas de um dia que saem da capital. O nosso trabalho no âmbito do Vale do Futuro é fortalecer este turismo de natureza e também reforçar a presença do Vale do Ribeira no mercado nacional como um destino de natureza”, reforça Lummertz.
No litoral norte, Ilhabela se destaca com a oferta de windsurfe, vela, caiaque, turismo de base comunitária e em veículo 4×4. Segundo Lummertz, algumas operadoras ofertam pacotes para a observação da vida marinha, principalmente baleias e golfinhos.
Com o objetivo de melhorar a estrutura, alguns parques estaduais estão passando por um processo de concessão. Trata-se de uma parceria entre o poder público estadual e a iniciativa privada, liderada pela Secretaria de Infraestrutura e do Meio Ambiente para a permissão do uso público das Unidades de Conservação. Outra ação da pasta é o projeto Rotas Turísticas, ação que visa sensibilizar e capacitar os atores do setor de ecoturismo e turismo de aventura, a partir de 2021.
“Nossa forma de fortalecer este nicho é trabalhar diretamente com os destinos para fazer a promoção integrada. Partimos também do princípio que quem é turista de natureza já tem noção e possui certo grau de responsabilidade ambiental e de sustentabilidade”, conclui o secretário.
Tocantins
Com sete regiões turísticas, com destaque para o Jalapão, o estado é considerado um destino com vocação natural para aventura e ecoturismo. Na divisa com Maranhão, Pará, Mato Grosso, Goiás, Bahia e Piauí, o Tocantins tem diversidade de biomas e atividades, o que enriquece a experiência dos viajantes. De acordo com Maria Antônia Valadares, diretora de Projetos da Agência de Turismo de Tocantins, o estado está apostando na consolidação de vários produtos, enquanto enfrenta a crise decorrente da covid-19.
“Tocantins é hoje um dos principais destinos de ecoturismo. Todas as regiões têm planos de desenvolvimento voltados para esse potencial. Atualmente, estamos na fase de formalização desses projetos, a fim de fortalecer nossa imagem, alcançar o mercado e vender os produtos certos para os clientes certos”, comenta a diretora.
Experiência é um dos grandes diferenciais prometidos nas atividades que promovem vivências junto a quilombolas, além das trilhas, rafting e passeios de cachoeira.
As Dunas do Jalapão, por exemplo, formam um dos produtos que mais encantam os visitantes pela possibilidade de combinar turismo de mera contemplação com o contato direto com a natureza. A expectativa é que o nicho seja motor de recuperação para o período pós-pandemia.
“Estamos falando de um segmento que não é desenvolvido em grandes grupos, mas com famílias e amigos. E esse trabalho de fortalecer o potencial de cada uma de nossas regiões vem justamente ao encontro desta retomada. Tocantins está se preparando para receber, logo que possível, seus visitantes. Queremos receber bem a todos, mas primeiro temos de estar com a casa arrumada”, destaca Maria Antônia.
Esse processo de “organizar a casa” também envolve o investimento em melhorias de infraestrutura. Durante este período de quarentena e isolamento social, o estado se preocupou em acelerar algumas obras para melhor receber o turistas, como implementações de serviços em parques e atrações.
Outro destaque é a qualificação profissional. O Tocantins vem promovendo cursos pautados neste cenário futuro de reaquecimento. O trade, por sua vez, tem a participação ativa no estado, visto que as ações contam continuamente com a presença das mais importantes associações do setor, como Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav), Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) e Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH).
*Fonte: Brasilturis