Palmas: Turismo experimenta novos rumos em Taquaruçu

Por Angel Lima

O mundo atravessa uma pandemia por coronavírus, causador da Covid-19. A recomendação básica da Organização Mundial da Saúde (OMS) é que a população pratique o isolamento ou distanciamento social, como forma de diminuir o contágio pelo vírus.

E dentro dessa realidade, em que as pessoas precisam manter-se seguras evitando encontros presenciais, aglomerações ou quaisquer tipos de aproximação física, o setor turístico tem, diante de si, uma potente incitação a remodelar-se.

Distrito de Taquaruçu, recanto ecoturístico a 30 km de Palmas. Foto: Edu Fortes.

 

 Turistas e os decretos

 Atualmente, no Brasil, a decisão pelo fechamento, abertura ou reabertura de atrativos turísticos é tomada por cada Prefeitura. O governo estadual define as orientações gerais, porém, não interfere no cumprimento dos decretos municipais.

Em Palmas, conforme o decreto Nº 1.896, de 15 de maio de 2020, cachoeiras, praias e balneários, por exemplo, devem permanecer fechados à visitação do público. No entanto, um dos locais mais visitados na Capital, o Distrito de Taquaruçu, localizado a 30 quilômetros do plano diretor de Palmas, tem recebido grande número de visitantes em virtude de suas inúmeras cachoeiras e balneários.

De acordo com nota oficial, emitida pela Agência Municipal de Turismo de Palmas (Agtur), não há previsão de reabertura desses atrativos naturais. “(…)Tendo em vista o avanço de proliferação da Covid–19, e manter a segurança de todos os empreendedores do turismo e visitantes, até o momento não há previsão para o retorno das atividades de visitação nos empreendimentos turísticos, tais como, cachoeiras no Distrito de Taquaruçu (…)”, informa.

Mesmo com restrições, o mercado turístico palmense busca se reinventar em tempos de distanciamento social. Foto: rapel na Cachoeira do Roncador, em Taquaruçu. Crédito: Thiago Sá.

 

Apesar de a orientação oficial ser a de manter os atrativos naturais de Taquaruçu fechados, é possível observar que a visitação ainda continua. O movimento de pessoas nas cachoeiras e balneários diminuiu, mas ainda ocorre. “Os atrativos continuam fechados. Mas temos visitação constante no distrito. Buscamos esclarecer os visitantes quanto a gravidade da situação sanitária atual e, para alguns, aconselhamos se manterem em casa”, destaca o presidente da Governança de Turismo do Destino Taquaruçu – Goverta, Wertemberg Nunes.

Nunes relata ainda que já foi apresentada à Prefeitura de Palmas, uma proposta de protocolos sanitários a serem adotados pelos empreendimentos turísticos locais, para que possam ser reabertos. O presidente da Goverta afirma, também, que agentes turísticos de Taquaruçu passaram por capacitações de medidas de sanitização e atendimento, oferecidas pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae/TO).

De acordo com a assessoria de comunicação do Sebrae/TO, até o final de 2020 serão realizadas as seguintes oficinas voltadas ao turismo em Taquaruçu: “Negócios e parcerias”, “Protocolos Covid-19” e “A era do marketing digital”.

Setor hoteleiro

O vice-presidente do Conselho Municipal de Turismo (Comtur/Palmas), Ruy Bucar aponta que o momento é preocupante para a cadeia do Destino Turístico de Taquaruçu. Ele destaca que há uma situação de tensão em relação ao segmento em função da falta de definições.

“Empresários reclamam que já não suportam mais arcar com despesas sem perspectiva de retomada das atividades. A tensão aumenta com a procura e a pressa de alguns empreendimentos de abrir as portas antes de um entendimento maior que leve em consideração não apenas o reaquecimento da economia, mas, sobretudo, o cuidado com a vida”, comenta Ruy.

Por meio de nota oficial, a Agtur pontuou a questão do funcionamento de hotéis e similares em Palmas e região. “Quanto aos hotéis e pousadas, estes não foram impedidos de manter suas atividades de trabalho, apenas se adequar às rotinas de protocolos sanitários e às restrições de venda de bebidas, conforme decreto municipal nº 1.856 de 14 de 2020”.

A empresária do ramo hoteleiro, Kênia Borges, que administra uma pousada há quase três anos em Taquaruçu, conta que readequou espaços e rotinas para continuar funcionando com a devida segurança sanitária. Além de reforçar a higienização dos ambientes e incentivar que os hóspedes e funcionários utilizem máscaras, Kênia afirma que diminui sua capacidade de ocupação.

“Estamos trabalhando com 70% da lotação. O uso de máscaras é obrigatório para todos; temos álcool gel espalhado por toda a pousada; o café da manhã, que antes era servido em forma de buffet, agora é servido na mesa do hóspede; adotamos ainda o distanciamento entre as mesas”, ressalta Kênia.

Além dos hábitos de higiene, que foram reforçados com a pandemia, Kênia comenta que o perfil de seu público também mudou. “Atualmente, o procura de grupos grandes diminuiu bastante. Agora, grupos menores, de até cinco pessoas, e casais são nosso maior público”, acrescenta.

Perspectivas

Trilha para a Pedra Pedro Paulo – Divulgação

 

Para empresários e operadores do setor de turismo, a pandemia, além de desafios traz oportunidades de ofertar novos modelos de serviços. O presidente da Goverta, Wertemberg Nunes, afirma que a pandemia está oportunizando a reorganização não só de espaços físicos e hábitos, mas também de ideias quanto aos tipos de serviços turísticos oferecidos ao público.

“A forma convencional de lazer e entretenimento vem desgastada de muito tempo. A própria oferta de cachoeiras somente com banhos, em Taquaruçu, mesmo antes da pandemia, já vinha sendo discutida. Temos a oportunidade de inovar e oferecer outros tipos de vivências ao turista”, afirma.

Kênia destaca que o turismo de exclusividade é, a cada dia, uma realidade mais palpável. “Agora é o momento de oferecermos um serviço diferenciado, de excelência. E eu acredito que seja um turismo de exclusividade. Os turistas têm procurado por esta modalidade, onde apenas um grupo, família ou casal ocupam determinado espaço, sem aglomerações, sem destinos agitados; um turismo de calmaria, isolamento e exclusividade. E toda essa calmaria, no momento, significa também precaução para não atrair a Covid”, pontua a empresária.

 Para Ruy Bucar, o momento é de aprendizado e valorização das potencialidades locais. “Temos que aprender com esta crise a valorizar ainda mais o Destino Turístico de Taquaruçu como um ambiente de promoção de atividades de lazer e entretenimento que geram qualidade de vida, esportes de aventura, ao ar livre, em contato com a natureza e vocação para produção de alimentos saudáveis. O turismo é uma dessas atividades que permite que Taquaruçu ofereça o que tem de melhor”, declara o vice-presidente do Comtur/Palmas.

Deixe seu comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *