Por Paulo Atzingen
Pode até parecer um filme de ficção científica, mas são apenas cuidados para enfrentar o Covid-19: uma atendente com protetor facial, máscara e luvas cirúrgicas borrifa álcool-gel em minhas mãos e me oferece gentilmente outra luva para manipular o buffet do café da manhã…
No prato descartável coloco o pão e o bolo de tapioca e no pote de espuma reciclável o mingau de aveia. Pego os talheres de plástico acondicionados em uma embalagem limpa, quase transparente, e procuro uma mesa depois de servir-me de um café com leite duplo em uma máquina expressa. Felizmente, o bolo de tapioca, o mingau e o café expresso continuam autênticos e a funcionária cumpre à risca todos os protocolos do Bureau Veritas, empresa de inspeção e certificação que o Mercure Salvador Rio Vermelho adotou para desenvolver seus protocolos de segurança em tempos de Covid-19.
A atendente não pode sorrir com os lábios então me sorri com os olhos.
Desde o dia 13 de julho
Tem sido esse o dia-a-dia do Mercure Rio Vermelho em Salvador desde o dia 13 de julho, data de sua reabertura. Tem sido essa a rotina de Steeve Morin, gerente geral do hotel.
“Seguimos os protocolos implantados a nível mundial pelo Bureau Veritas em todas as unidades da Accor e, evidentemente, todas as exigências de segurança para o cliente e funcionário exigidas pela Anvisa (Agência Nacional Vigilância Sanitária) e pela Secretaria Municipal de Saúde nós adotamos aqui”, explica Steeve.
Steeve nos leva à área de carga e descarga de matéria-prima e mostra como é executado os procedimentos de higienização das mercadorias:
“As matérias-primas, os insumos, os produtos hortifrutigranjeiros passam por uma quarentena de 24 horas e são higienizados. Só depois disso é que entram no hotel”, diz o executivo.
De forma didática Steeve explica que esses cuidados iniciais se estendem a todo os ambientes administrativos do hotel, com distanciamento entre os funcionários, uso de máscara, álcool-gel e medidas de prevenção como auferir a temperatura dos colaboradores diariamente.
Três fases
Subimos em um dos andares onde ocorria a higienização de um apartamento.
São três etapas para preparar um quarto para o hóspede: a limpeza, a higienização e a montagem, adianta ele. “A primeira funcionária retira todo o resíduo que ficou no quarto fazendo uma limpeza – a fase suja – minuciosa do espaço. A segunda parte é a higienização do ambiente, equipamentos, móveis com aplicação de produtos químicos especialmente preparados para isso. E a terceira e última etapa é a montagem do quarto com disposição das toalhas e amenities no banheiro, colocação dos lençóis e fronhas nos travesseiros”, enumera o gerente geral. E conclui: “O apartamento só será utilizado por outro hóspede 24 horas depois que o anterior deixa-lo”.
Leitos e Leitos
A retomada das atividades econômicas em Salvador vem sendo realizada de forma gradual, seguindo diretrizes e obedecendo a critérios técnicos e científicos, pautados por indicadores epidemiológicos, bem como a observação das recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e o diálogo com os diversos setores da economia.
Dados da Prefeitura de Salvador indicam que a reabertura está sendo realizada em ciclos de 14 dias a partir da análise dos dados da evolução da doença. A ocupação dos leitos dos hospitais está em torno de 42%, ou seja, na fase 3 de flexibilização. O município já teve 85.481 casos confirmados e 82.621 recuperados, sendo que 2.523 pessoas perderam a vida pelo Covid-19.
Já os leitos dos hotéis, segundo o FOHB – Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil, 76,14% dos hotéis de Salvador estão abertos (de um total de 14 empreendimentos e 3.089 quartos disponíveis) .
Morin não nos revela o percentual de ocupação de seu hotel por enquanto, no entanto adianta que o Mercure SAlvador Rio Vermelho já voltou a realizar eventos e já tem disponíveis oito salas para eventos pequenos com capacidade para até 60 pessoas.
“Já realizamos neste mês de setembro um evento para 50 pessoas. Estamos retornando aos poucos, mas com muita responsabilidade”, garante o gestor. E dá um exemplo numérico: “Fizeram uma cotação de preço para um evento com 120 pessoas. Avisamos que o protocolo municipal só autoriza encontros sociais e corporativos para até 100 pessoas. Não abrimos mão. Perdemos o evento, mas deixamos claro que nos importamos com a saúde dos clientes e dos nossos funcionários”, revelou Steeve.