É já no próximo sábado que o Autódromo Internacional do Algarve recebe o Grande Prémio de Portugal de Fórmula 1, que regressa ao país 24 anos depois.
Está prevista a assistência de 27500 pessoas ao contrário das 46000 inicialmente programadas. O fato da prova ter uma elevada assistência, tendo em conta o contexto atual da pandemia, tem causado algum dissabor na opinião dos portugueses quanto aos benefícios que este evento trará para Portugal, numa altura em que o país vive elevados níveis de contágio da COVID-19.
Contudo, há que lembrar o efeito económico que um evento desta dimensão tem, bem como a realização a 20 e 22 de novembro do Grande Prémio de Portugal de Moto GP, num destino como o Algarve, que viveu um verão com resultados abaixo do que era expectável e que entra agora na sua temporada mais baixa.
João Fernandes, presidente da Região de Turismo do Algarve, explica ao Publituris que a expectativa é que estes dois eventos “tragam um novo fôlego ao turismo no Algarve, já que é esperado que cada uma das competições gere um aumento considerável no número de visitantes à região”. Espera-se assim que ambos os eventos ajudem a mitigar “os efeitos da pandemia no setor e contribuir para que os últimos três meses do ano, que já são época baixa, registem resultados menos negativos”.
“De facto, recebermos no Autódromo Internacional do Algarve (AIA) uma das etapas da Fórmula 1 e a final do Moto GP é um motivo de orgulho e um voto de confiança que é dado à região”, sublinha o responsável. Esta é também “uma janela de oportunidade que temos de maximizar e o destino está bem preparado para as acolher”.
João Fernandes recorda que o Algarve reúne infraestruturas de apoio necessárias e uma rede de cuidados de saúde preparada, cuja capacidade foi “reforçada ainda em período da pandemia”. “Reunimos as condições de segurança exigidas face à situação epidemiológica”, defende o presidente da Região de Turismo do Algarve.
O presidente da Região de Turismo do Algarve acredita que a realização destes eventos de alta competição à escala mundial nas respetivas modalidades na região “irá gerar efeitos positivos a vários níveis, não só económicos, como de notoriedade e projeção internacional da marca Algarve”. Este impacto económico, segundo dados do Autódromo Internacional do Algarve, está estimado em cerca de 80 milhões de euros em receitas diretas e indirectas, e vai permitir “a abertura até novembro de algumas atividades económicas que poderiam encerrar já no início de outubro”.
Hoteleiros cautelosos
Quanto ao efeito que estes dois eventos tem ao nível das reservas hoteleiras, os empresários questionados pelo Publituris realçaram que registam alguma procura para a data de realização dos eventos nas suas unidades, mas revelam-se cautelosos quanto ao impacto real dos mesmos.
No caso da Vila Galé, que mantém seis hotéis abertos no Algarve – Vila Galé Tavira, Ampalius, Atlântico, Collection Praia, Náutico e Lagos, conta já com “reservas confirmadas sobretudo no Vila Galé Lagos, que está praticamente esgotado para ambos os períodos desses eventos e também algumas para o Vila Galé Náutico”. Gonçalo Rebelo de Almeida, administrador da cadeia hoteleira, descreve que as reservas são de clientes individuais como de grupos. “No caso das reservas individuais, são sobretudo de portugueses e em média são de duas noites. No caso dos grupos, a estadia média é de seis noites e entre as nacionalidades destacam-se alemães, suíços, italianos, espanhóis (no caso da F1) e italianos, austríacos, franceses, alemães (no caso do MotoGP”. Para o empresário, a realização destes grandes eventos desportivos tem “sempre um efeito positivo das reservas e é muito importante para divulgar o destino a nível internacional”.
O Stay Hotel Faro Centro, que se mantém aberto nesta altura do ano, nota que as reservas efetuadas para esta altura são mais feitas perto da data. A unidade hoteleira regista, em outubro, uma estadia média de 2,4 noites e, em novembro, de 2,5, sendo que o principal mercado é o português. A administração do grupo Stay Hotels acredita que estes dois eventos “irão ajudar a dinamizar a região numa época que já seria baixa, se as normas definidas pela DGS assim o permitirem”. No entanto, “os resultados irão depender de muitos outros fatores, como o restabelecimento das ligações aéreas e a evolução do surto de Covid-19 em Portugal e no mundo”
A registar alguma procura para esta data estão também os Jupiter Hotels, que revelam que a estadia média a registar é de três noites e os mercados que estão a reservar para já são o mercado português e holandês. Já quanto à importância destes eventos, Nuno Arez, diretor comercial, considera que “todo o negócio nos meses de outubro e novembro são bem-vindos, mas como é óbvio não vem salvar uma época tanto ao nível de preço médio que se consegue nos meses de época alta e também devido aos custos extraordinários que tivemos por cumprir as regras de segurança”.
Quanto ao Grupo Solverde, está a aproveitar a realização da Fórmula 1 e do Moto GP para promover o Hotel Algarve Casino. Para tal, foi lançada uma oferta especial para o público que pretende assistir às provas.
Inverno com vários eventos
Além destes eventos, o Algarve tem ainda uma agenda preenchida para este outono/inverno. O responsável do Turismo do Algarve recorda ainda a realização, no AIA, da European Le Mans Series (30 de outubro a 1 de novembro), do Algarve Classic Festival (6 a 8 de novembro), e da VW Fun Cup (13 a 15 de novembro). Em novembro, está prevista ainda a realização da Taça das Nações em hipismo (Hipódromo de Vilamoura), “uma prova que culmina um calendário de sucessivas provas desta modalidade e que fará passar pelo Algarve mais de 1500 cavalos e respetivas equipas”. Também no mês de novembro realizar-se-ão em Vilamoura os campeonatos europeu e mundial de Windsurf, com mais de 600 velejadores. “Mais prolongado no tempo, fruto da pandemia, temos ainda a decorrer o programa cultural “365 Algarve””, complementa.
João Fernandes recorda que “o esforço e a mobilização na região têm sido gerais, com todos os formatos dos eventos a serem reajustados, por forma a cumprirem com as normas de segurança e proteção indicadas pela Direção-Geral de Saúde e pelas autoridades locais”.
*Fonte: Publituris/PT