A recuperação do turismo na Europa vai ser lenta e deve demorar, pelo menos, quatro anos até que sejam recuperados os níveis pré-pandemia, particularmente nas viagens organizadas, cuja recuperação deve demorar mais alguns anos, aponta o Euromonitor International Report, lançado esta segunda-feira, 9 de novembro, no arranque do WTM Virtual.
“Após a COVID-19, a recuperação deve ser lenta, levando no mínimo quatro anos para que as receitas e as vendas de produtos de viagem voltem aos níveis anteriores à crise, com produtos como as férias organizadas a levarem vários anos”, aponta o estudo, denominado ‘Accelerating Travel Innovations after Coronavirus’ e que foi lançado no dia de abertura do WTM Virtual, a feira de turismo de Londres, que, este ano, decorre em formato inteiramente virtual.
De acordo com o estudo, de uma forma global, o turismo não deverá recuperar os níveis de 2019 em menos de três a cinco anos e as perspetivas mostram-se mais negativas na Europa, onde o desempenho económico já vinha a ser mais lento que no resto do mundo mesmo antes da COVID-19, pelo que o estudo prevê que a União Europeia venha a atravessar uma ‘depressão’ e que o PIB caia 8,8%.
Apesar das perspetivas pessimistas para 2020, no próximo ano, indica o Euromonitor International Report, a Europa deverá já apresentar uma recuperação de 5,2%, desde que as medidas de combate à COVID-19 não se mantenham por “mais do que quatro trimestres”.
O relatório da Euromonitor International aponta, no entanto, diferentes realidades na Europa, uma vez que, em países como a Alemanha ou a Rússia, a recuperação deverá ser mais rápida, já que o crescimento económico nestes países deverá ter uma quebra a rondar os 6,7%, enquanto em países como Espanha, França, Reino Unido e Itália a quebra deverá variar entre os 11% e 12%.
Apesar das dificuldades, o Euromonitor International Report considera que esta é uma oportunidade para que os países europeus tomem medidas contra o excesso de turismo, que estava a ameaçar vários dos destinos europeus mais emblemáticos, como Veneza ou Barcelona, pelo que a quebra no número de visitantes ditada pela COVID-19 representa uma oportunidade para que os “destinos sob pressão tivessem algum tempo para se reorganizarem e tomar medidas para minimizar os impactos ambientais e sociais negativos” do excesso de turismo.
Na Europa, a pandemia da COVID-19 trouxe também uma maior procura por atividades em contacto com a natureza e por viagens domésticas, o que fez cair em cerca de 54% os gastos com turismo, ainda que o relatório destaque as viagens domésticas como fundamentais para toda a cadeia de turismo, especialmente para combater a “sazonalidade” e que funcione como “um amortecedor económico” no curto prazo.
A nível europeu, o Euromonitor International Report destaca ainda o Brexit como outro dos obstáculos a uma mais rápida recuperação do turismo na Europa, até porque o tempo para que se alcance um acordo para a saída britânica da União Europeia está a acabar, o que aumenta a pressão sobre o Reino Unido.
“O Reino Unido está a sentir a pressão do acordo de última hora com a União Europeia, que precisa de estar em vigor até ao final do ano ou o Reino Unido enfrentará a realidade de um Brexit sem acordo”, destaca o relatório, prevendo que, este ano, a economia britânica encolha 11%, ainda que seja possível estimar uma subida de 5% em 2021, “desde que não haja um período prolongado” de vigência das medidas de combate à COVID-19, como é o caso do distanciamento social.
Já as receitas provenientes do turismo internacional devem cair 49% no Reino Unido este ano e, em 2021, “pode haver um declínio ainda maior”, caso venha a existir atraso na distribuição de uma vacina e caso se registem mais vagas do novo coronavírus.
Apesar das perspetivas pouco animadoras, o relatório da Euromonitor International destaca o facto dos destinos europeus se mostrarem comprometidos com a sustentabilidade, como é o caso dos países nórdicos, que continuam a investir para tornar o turismo mais sustentável, ao mesmo tempo que se estão também a adaptar no que diz respeito à inovação tecnológica e ao digital.
*Fonte: PressTur/PT