Avanço do turismo mexicano constrange o Brasil
Por Edvaldo F. Esquivel
Enquanto o Brasil continua há décadas perseguindo a conquista de uma parcela maior de visitantes estrangeiros mais condizente com sua condição de maior país da América do Sul, o México celebra a alta de 50 % no número de visitantes estrangeiros. De fato, conforme anunciou o presidente mexicano, Enrique Peña Nieto,, durante recente encontro com o trade nacional e internacional (a Tianguis Turistico/2017), em Acapulco, seu país recebeu 35 milhões de visitantes estrangeiros no ano de 2016. Resultado do esforço conjunto do seu governo e iniciativa privada, no decorrer dos últimos quatro anos, para duplicar o número de visitantes ao país.
O evento realizado na cidade turística de Acapulco reuniu mais de sete mil participantes de 87 países e mais de 900 empresas do setor. Para Peña Nieto, a feira de turismo sediada naquela cidade-balneário representava o cumprimento da promessa de levar o evento de volta a seu lugar de origem. E completou: “Acapulco foi a cidade que projetou o México para o mundo inteiro e queremos que o país faça o mesmo para o destino”.
O México, porém, parece querer muito mais. Sabe-se que a meta do governo é elevar o total de turistas internacionais para 50 milhões nos próximos anos. Isto vai exigir uma contrapartida sem tréguas envolvendo órgãos governamentais e iniciativa privada. O investimento será maciço na infraestrutura turística do país e incluirá transporte público e privado; rede hoteleira, com o aumento já previsto de 60% na oferta de leitos; capacitação permanente de mão-de-obra e, naturalmente, modernização do sistema de segurança pública. Tudo que o Brasil não está sabendo fazer, diante de gestões pífias em áreas tão importantes para o desenvolvimento do turismo.
A situação é simplesmente constrangedora. O turismo brasileiro não sai do lugar, patina na casa de irrisórios 5 milhões de visitantes estrangeiros. Diante da performance do México, então, nem é bom falar… O país de Cantinflas e Frida Kahlo, sem dúvida, tem um forte potencial turístico que passa por seu patrimônio histórico que remonta à época dos ancestrais astecas; bem explorado acervo arquitetônico herdado da colonização espanhola, de forte apelo internacional. E no caso do Brasil? Bem, aí a realidade é bem diferente: temos um rico patrimônio histórico, que vem da colonização portuguesa, mas em grande parte deteriorado ou mal conservado. A diversidade cultural e religiosa, por sua vez, ajuda mas não é tudo; a maior parte das capitais brasileiras vivem a tragédia cotidiana da pobreza e da ausência civilizatória do Estado, o que só agrava os índices de violência urbana em cidades potencialmente turísticas como Rio de Janeiro, Salvador, São Paulo, e outros destinos. Assim como na política, na questão social, o país vive, portanto, um impasse no seu projeto turístico. Os assaltos e latrocínios contra visitantes estrangeiros, inclusive os famigerados casos de enganos fatais do GPS nos envergonham a todos que prezam os padrões minimamente civilizatórios de um país.
E nestes casos, não adiantam campanhas publicitárias que mostram as atrações paradisíacas do nosso litoral nordestino, as praias encantadoras do Rio de Janeiro, Salvador, ou Fortaleza. Nada, nada disso vai minimizar a triste realidade das nossas cidades turísticas. E o que fazer, então? Tá difícil responder, porém, um bom começo seria a conjugação do verbo Trabalhar e honestidade na gestão pública. E romper a perversa falta de um programa eficaz de educação nas áreas de risco; investir na geração de empregos (e não subempregos!); além de ações sérias na urbanização de favelas, com o imprescindível apoio da iniciativa privada. Claro que a segurança pública também surge como prioridade absoluta para garantir o êxito dessas propostas empreendedoras e de profundo alcance social na luta edificante de redução da violência. Não existe mistério! Governar é trabalhar. É enxergar longe e acreditar no potencial transformador que é o ser humano. Afinal, o México está a nos dar mais um exemplo de que investir bem e honestamente no turismo também é uma saída para redimir uma nação do seu estado de indigência social como é o Brasil de hoje.
*Edvaldo F. Esquivel é Jornalista