Por Paulo Atzingen
O engenheiro e idealizador da plataforma Turismo Seguro, Inbal Blanc, tem trabalhado no sentido de aumentar a percepção tanto do setor público como do privado e até dos turistas sobre um assunto que virou moda: Segurança e Proteção durante a viagem.
Ele acaba de lançar, em parceria com Otávio Novo, especialista na gestão de riscos e crises, os cinco principais riscos para o turismo de férias 2020/2021 (Veja abaixo):
Segundo Inbal, a monitoração dos riscos do turismo e sua interpretação da realidade vêm de diferentes fontes. “No último ano, com a estruturação do projeto Turismo Seguro, achamos importante passar uma base do que é preciso considerar como principais riscos para que a partir daí tomar decisões”, diz ao Diário.
“Este ano é atípico, mas agora as coisas estão ficando mais claras, principalmente com os riscos aumentando. O Covid-19 é o risco principal, já que sua ocorrência é real e o nível de impacto e de controle são flutuantes. A probabilidade de aumentar as contaminações agora é muito alta no Brasil, já que sabemos que as medidas de controle não vão voltar e a pandemia vai crescer muito. A contaminação explodirá com as festas de fim de ano”, disse ao Diário.
“É muito importante que as áreas de turismo sejam públicas ou privadas apliquem os procedimentos para pelo menos minimizar seus efeitos”, fala.
É sabido que todos estão correndo atrás para arrumar soluções econômicas, mas não se pode esquecer da gestão dos riscos, preparar e treinar equipes, fazer a manutenção dos equipamentos e principalmente não baixar a guarda”, enumera.
Abaixo os cinco principais riscos para o turismo de férias 2020/2021, confira:
- CONTAMINAÇÃO PELA COVID-19 EM DESTINOS, ATRATIVOS, COMPLEXOS E EMPREENDIMENTOS TURÍSTICOS
O aumento significativo de casos da Covid-19 em todo o país e falta de controle da pandemia nas principais capitais que enviam e recebem viajantes, se junta ao deslocamento de pessoas entre regiões, criam um potencial alto de expansão rápida da Pandemia.
Como vimos no início da Pandemia e na 2ª onda na Europa: hotéis, atrativos e cidades turísticas podem ser centro de transmissão da pandemia, pois concentram grande quantidade de pessoas com alto índice de contato que se deslocam para diversas regiões. Mesmo seguindo as orientações de segurança o risco de infecção em cada uma das etapas da viagem é alto. O aumento da Pandemia no final do ano, deverá prejudicar os negócios de forma significativa no primeiro semestre de 2021.
- ACIDENTES POR ERROS HUMANOS OU POR DESASTRES / CAUSAS NATURAIS
Alguns acidentes graves que aconteceram desde a reabertura do turismo pelo país, reforçam o aumento do risco de acidentes nos empreendimentos e negócios turísticos assim como acidentes naturais em destinos turísticos. A falta de utilização de brinquedos e equipamentos utilizados por parques, atrativos e destinos turísticos ou da manutenção correta, reduzem o nível de controle e aumentam os riscos. As dificuldades financeiras junto a demissão em massa de diversos empreendimentos turísticos, podem afetar diretamente o controle de qualidade e segurança dos equipamentos. Os destinos de praias, floresta, cachoeiras ou rios sofreram alterações que muitas vezes não foram acompanhados por viajantes ou pela população local. As alterações podem oferecer risco inesperado ao viajante.
- ROUBO E VIOLÊNCIA CONTRA TURISTAS E EMPREENDIMENTOS TURÍSTICOS
O aumento de roubos e ações violentas em áreas turísticas como praias, cresceu de forma significativa em diferentes regiões do Brasil desde a reabertura do turismo. O aumento do desemprego junto a dificuldade de pessoas com pequenos negócios ou trabalhadores informais, têm um potencial significativo para o aumento de envolvimento em ações criminosas. Ex-funcionários demitidos de empreendimentos turísticos aumentam o risco de ação criminosa contra os empreendimentos ou os turistas. O Crime organizado também está sendo pressionado pela Pandemia o que aumenta o risco de roubos de grande porte ou disputas de território entre facções criminosas envolvendo o uso de armas de fogo.
- ATAQUES E FRAUDES CIBERNÉTICOS
O aumento no uso de plataformas tecnológicas nos empreendimentos turísticos assim como um aumento de mais de 100% em ataques cibernéticos no período da Pandemia criam um aumento no nível de risco. As informações de viajantes cadastrados nas OTA´s ou nos próprios empreendimentos turísticos devem ser bem preservadas, sabendo que ainda há uma lacuna significativa no nível de preparo dos negócios. Outro risco significativo é de sequestro dos sistemas eletrônicos de meio de hospedagem ou o uso da rede compartilhada do hotel para atingir hóspedes. A Lei geral de proteção de dados (LGPD) que entrou em vigor em Setembro, potencializa o dano para o negócio turístico que não esteja preparado para guardar de forma segura os dados dos viajantes.
- PERDAS E PREJUÍZOS CAUSADOS PELO AUMENTO DA PERCEPÇÃO DE INSEGURANÇA
A Pandemia reforçou bastante a percepção já existente entre os viajantes que a segurança na viagem têm que ser avaliadas por eles. As pessoas que decidiram viajar no momento atual estão bem atentos a descumprimento de regras e falta de aplicação dos procedimentos por parte dos integrantes da cadeia turística incluindo os negócios, aeroportos e os próprios destinos. Atrativos cheios, praias ou ruas lotadas, eventos realizados sem a devida organização, geram uma imagem negativa que impactam no momento e no futuro. Para a definição dos riscos citados foi realizada uma análise de riscos considerando a probabilidade a potencialidade e o nível de controle de cada cenário.
*Fonte: Diário do Turismo, Mídia-Partner do Portal Turismo Total