*Por Adriana Setti
Adoraria fechar este ano com a certeza de que aprendemos algo mais do que fazer pão ou poses de yoga pra postar no Instagram. Mas, infelizmente, o que temos visto na última semana deixa claro que boa parte da sociedade brasileira vai sair de 2020 do mesmo jeito que entrou: olhando pro próprio umbigo e com a tecla f***-se apertada até o talo.
O lugar para onde resolvi viajar teve poucos casos de covid-19 e eu venho de uma zona crítica? F***-se! O meu (só o meu!) ano foi terrível e a minha saúde mental precisa disso.
O vilarejo no confins da Bahia para onde vou não tem nem um posto de saúde pra população local? F***-se! Se der ruim eu volto e corro pro Einstein.
As festas, mesmo com “protocolos”, têm potencial de ser eventos supertransmissores”? F***-se! Se o Neymar e os bacanas de Trancoso podem, não vou ser idiota de ficar em casa isoladão!
Os Estados Unidos tiveram um pico de contágios sem precedentes depois das celebrações de Ação de Graças (entre 3 e 10 de dezembro, 15.966 pessoas morreram e 1,4 milhão recebeu diagnóstico positivo da doença, segundo reportagem do UOL? F***-se! Deus é brasileiro.
A soma do Natal + Réveillon + verão pode levar os hospitais (inclusive privados) a um colapso? F***-se! A vacina tá aí (#sóquenão).
Mesmo antes do Réveillon, as UTIs de São Paulo já estão com 61,4% de ocupação? F***-se! Eu sou jovem e tenho histórico de atleta!
A Europa está praticamente confinada neste fim de ano pra tentar deter a segunda onda, que também já chegou ao Brasil? F***-se! No Brasil o Réveillon é muito mais importante!
Ontem o Brasil voltou a registrar mais de 1000 mortos em 24h por covid-19? F***-se! Todo mundo vai morrer, já dizia o nosso presidente.
*Adriana Setti assina Blog na Viagem (Fonte)