Por Sonia Santos Pereira
Lisboa é a 83ª cidade mais cara do mundo para trabalhadores internacionais, após ter escalado 23 posições no ranking anual Custo de Vida da consultora internacional Mercer, que integra um total de 209 cidades em cinco continentes. Esta subida “bastante significativa” da capital portuguesa na tabela de 2021 prendeu-se essencialmente com “a valorização do euro, uma situação conjuntural que também impulsionou a ascensão de outras cidades europeias na lista, com os preços do imobiliário, sustentados pelas políticas sociais de resposta à covid, e com o aumento do custo dos bens e serviços”, diz Tiago Borges, Business Leader de Career da Mercer. Já numa análise comparativa entre os 24 países que disputam o Campeonato Europeu de Futebol, Lisboa fica a meio da tabela, ocupando a 13ª posição, adianta o responsável.
Esta escalada de Lisboa no ranking ilustra “o sucesso da cidade” que, desde 2014, “quando o país saiu da crise económica e o turismo ganhou dimensão, tem subido posições na lista da Mercer, apesar de algumas oscilações, derivadas sobretudo das taxas de câmbio”, frisa o responsável. Embora o aumento do custo de vida possa tornar a cidade um pouco menos competitiva, Tiago Borges sublinha que Lisboa se mantém atrativa para empresas internacionais instalarem centros de excelência, nomeadamente em áreas digitais. “Os custos laborais e a disponibilidade de recursos humanos, a que se juntam fatores menos tangíveis como o clima, cultura, qualidade de vida, tornam Lisboa uma proposta atrativa”, diz.
Ashgabat lidera
O ranking da Mercer é liderado este ano por Ashgabat, no Turquemenistão, tendo destronado Hong Kong, que passou para segundo lugar na lista. A terceira cidade com um custo de vida mais elevado é Beirute, que subiu 42 posições, devido à grave depressão económica em que vive. Nas cinco cidades mais dispendiosas do mundo para trabalhadores estrangeiros encontra-se Tóquio (4º lugar) e Zurique (5º). O top 10 integra ainda Xangai (6º lugar), Singapura (7º), Genebra (8º), Pequim (9º) e Berna (10º). Destaque-se que mais de metade das 10 metrópoles mais caras do mundo estão concentradas na Ásia, embora com enquadramentos económicos muito distintos, e a Suíça tem três cidades nesta lista.
O efeito do fortalecimento da moeda local, numa situação idêntica à registada em Lisboa, fez escalar outras cidades europeias na lista. Paris subiu 17 posições e ocupa agora o 33º lugar, Londres subiu uma para 18º e Birmingham oito para 121º. Já os Estados Unidos da América viram as suas cidades cair neste ranking, devido às flutuações monetárias entre março de 2020 e março deste ano, apesar do aumento da inflação dos bens e serviços no país. Nova Iorque (14) é a cidade mais cara, embora tenha caído oito posições desde o ano passado, seguida por Los Angeles (20), São Francisco (25), Honolulu (43) e Chicago (45).Em contraponto, as cidades mais baratas do mundo são Tbilisi (207º), Lusaka (208º) e Bishkek, que encerra a tabela como a menos dispendiosa, em 209º lugar.
O estudo da Mercer visa apoiar empresas multinacionais e governos a determinar estratégias de compensação para os seus empregados expatriados. Para isso, a consultora mede o custo comparativo de mais de 200 itens em cada cidade, como habitação, transporte, alimentação, vestuário, bens domésticos e entretenimento. Como diz Ilya Bonic, presidente de carreira e chefe de estratégia da Mercer, “o custo de vida sempre foi um fator de planeamento internacional da mobilidade, mas a pandemia trouxe toda uma nova camada de complexidade, bem como implicações a longo prazo relacionadas com a saúde e segurança dos colaboradores, políticas de trabalho remoto e flexibilidade”.
*Fonte: Diário de Notícias/pt