Por Jefferson Severino
Apesar dos pesares, a pandemia tem ensinado muito o ser humano e reconectar-se consigo mesmo e com a natureza e entender que menos é mais. Daqui nada levamos a não ser aquilo que bem vivemos, nossas vivências, amigos, recordações… A exemplo disso, mais uma pesquisa realizada pela Booking com mais de 29 mil viajantes, em 30 países, revelou que 78% dos brasileiros querem fazer mais viagens sustentáveis. Muitos já estão fazendo desde quando os destinos (rede hoteleira) foram abrindo suas portas.
O Brasil é o terceiro país que mais acredita que as pessoas precisam agir agora para salvar o planeta para as gerações futuras (85%), atrás apenas do Quênia (88%) e da Tailândia (87%). Dentre os brasileiros que responderam à pesquisa, quase metade (47%) admitiu que a pandemia mudou sua postura e fez com que colocassem em prática mudanças positivas no dia a dia. Em casa, por exemplo, passou a ser prioridade para essas pessoas reciclar o lixo (53%) e reduzir o desperdício de comida (50%).
Além disso, a pesquisa mostrou que o comprometimento com a sustentabilidade na vida cotidiana está em sintonia com a maneira que as pessoas pretendem viajar a partir de já. Neste sentido, os brasileiros são a segunda nacionalidade que mais quer reduzir o desperdício, de maneira geral (91%), empatados com os croatas e atrás apenas dos tailandeses (94%). Para isso, nove em cada 10 viajantes do país (89%) pretendem reduzir seu consumo de energia e 85% querem usar meios de transporte mais ecológicos, como transporte público e bicicletas, em vez de táxis ou carros alugados.
E não é só isso, 76% dos brasileiros querem ter experiências autênticas em suas viagens, enquanto, para 94% dos viajantes do país, compreender outras culturas e preservar o patrimônio cultural é essencial. Além disso, 92% dos brasileiros querem garantir que o impacto econômico do setor de viagens seja distribuído de maneira igualitária em todos os níveis da sociedade. Nesta questão, aliás, os brasileiros ocupam a primeira posição, empatados com os quenianos.
Assim, 76% dos viajantes brasileiros estão dispostos a abrir mão de atrações e destinos populares, para não contribuírem com a superlotação e fazerem sua parte para distribuírem os benefícios positivos do turismo entre outros destinos e comunidades menos visitados. Não é à toa que hotéis, pousadas e resorts que colocam o turista em contato com a natureza, convivendo com ela, aproveitando os pores e nasceres do sol, o contato com os animais, enfim, reconectando-o com a abundância da vida estão em alta.
Outra pesquisa importantíssima revela que turistas com mais de 60 anos em breve dominarão o mundo. Sem dúvidas o rosto do povo brasileiro será bem diferente em poucos anos; a população com mais de 60 anos, a meu exemplo, deverá ser igual ou maior que a de jovens a partir de 2060. De acordo com estudos do Seade (Fundação Sistema de Análise de Dados), só o Estado de São Paulo, em apenas treze anos, terá o número de idosos igual ao da população de adolescentes.
De fato essas estimativas impactam diretamente nos mais diversos setores de serviços, principalmente na área do turismo, considerando que a perspectiva média de vida vem crescendo a cada ano e que “o envelhecimento é a maior conquista da humanidade alcançada no último século” segundo as Nações Unidas.
Mas mesmo com o envelhecimento inerente à vida, as questões como mobilidade, acessibilidade, tornam-se cada dia mais importantes.
Sem dúvidas, no Brasil temos hoje cerca de 58 milhões de pensionistas e aposentados pelo INSS e quase 60% deles recebem até dois salários mínimos. Boa parte da população idosa continua trabalhando e ainda ajuda seus filhos e familiares financeiramente, sendo responsáveis financeiramente pelos domicílios, ressalta o Observatório da Longevidade Humana e Envelhecimento (OLHE). Essa afirmação mostra que a “melhor idade” é um público financeiramente ativo, e tem buscado cada dia mais o lazer em viagens com grupos ou mesmo com os seus companheiros.
Soma-se a tudo isso a grande mudança que estará acontecendo ao longo deste segundo semestre, uma vez que esse público, ávido por novidades, trabalho, segurança, lazer e outras atividades, vão estar 100% imunizados ao vírus. Dessa forma esse público continuará muito ativo até a chegada das próximas décadas. Portanto, não resta nenhuma dúvida que os diversos empreendimentos turísticos, meios de hospedagem e transportes, devem começar a traçar um planejamento nas áreas estruturais e de recursos humanos, para atender com excelência esses turistas, que não estão no futuro, mas no agora, já! Enfim, se você não está se atualizando e está fora do radar do marketing, é muito bom abrir os olhos ao invés de reclamar.
*Fonte: Turismo On-Line