Por Lily Menezes
Um dos principais pontos da cidade, o Pelourinho não parecia nem sombra do que costuma ser em tempos normais: nada de vendedores nas ruas, ou de turistas olhando maravilhados para a arquitetura histórica. Agora, com a chegada da fase verde e a consequente flexibilização das atividades em Salvador, é possível voltar a ver, aos poucos, o retorno dos visitantes.
Mesmo com as restrições que a seriedade do momento de pandemia exige, o recomeço já traz novo fôlego para classes que ficaram paradas por mais de um ano.
“A gente abriu no dia 1º (de julho) e o movimento foi realmente surpreendente. O nível dos visitantes está muito bom”, elogiou José Iglesias, fundador da Associação do Centro Histórico Empreendedor (ACHE), criada no ano passado para fortalecer os negócios da região e proprietário do Cuco Bistrô, no Cruzeiro do São Francisco. Para o empresário espanhol, o crescimento se deve a uma mudança de comportamento de viagem provocada pelo contexto da pandemia. “São pessoas que iriam viajar para o exterior, mas que acabaram optando por fazer turismo dentro do país devido à situação sanitária”.
Incentivos
Além de dar preferência às viagens domésticas, o turista tem consumido mais. “O ticket por pessoa também aumentou”, avaliou Iglesias. Desde o começo do mês, as secretarias de turismo começaram a se organizar num grupo de trabalho para levantar os ânimos da atividade e incentivar a vinda de turistas para a Bahia.
“O turismo é uma atividade pública e temos de trabalhar juntos para construir uma agenda, pois estamos convictos de que haverá uma reabertura no segundo semestre, e temos de ser rápidos”, disse o secretário de Turismo de Salvador Fábio Mota em reunião com lideranças do trade turístico.
As iniciativas para o Centro Histórico incluem requalificação e conservação dos equipamentos do bairro. Ainda como parte das políticas de incentivo ao turismo, localidade será o ponto de partida para o projeto ‘Sou Salvador’, instituído pela Prefeitura da capital, visa aperfeiçoar os trabalhadores da área. A estimativa é de que 470 vendedores ambulantes passem por cursos de capacitação. O fundador da ACHE diz ter se reunido com o comandante-geral da Polícia Militar, para reforçar a segurança no entorno.
Expectativas
Outra iniciativa anunciada pelo poder municipal é o projeto Afroestima, que vai oferecer oficinas e mentoria empreendedora no Centro Antigo de Salvador, dentre outras regiões, fortalecendo os saberes e culturas africanas; as baianas de acarajé, que fazem parte do cenário do Pelô e também ficaram paradas por um longo tempo, serão um dos grupos contemplados.
Com o reaquecimento do setor, os empreendedores da região esperam amenizar os prejuízos amargados durante o período de fechamento, ancorados no vasto leque de atrativos que fazem o turista querer visitar o Centro Histórico, divulgado numa roda de conversa virtual pelo Instituto Antônio Carlos Magalhães de Ação, Cidadania e Memória; a arquitetura (24%), a gastronomia (21%) e arte e cultura (19%) são os principais. Iglesias tem boas expectativas para os próximos meses de visitação ao Centro Histórico.
“Esperamos ter uma temporada espetacular. Precisamos ter a consciência de que isso não acabou, que o vírus ainda está aí, mas os protocolos estão sendo rigorosamente seguidos. Teremos uma temporada muito boa, e a minha dica para os empresários é que se adaptem, busquem soluções para se manterem firmes”, concluiu José Iglesias .
*Fonte: Tribuna da Bahia