Espíritos de personagens historicamente ignorados da construção social do Brasil voltam ao país em uma barca para um acerto de contas. É daí que parte NAU, musical afro-diaspórico-tupiniquim com direção de Daniel Arcades e Thiago Romero. A obra cênica visual, como é definida pelos diretores, terá estreia no dia 19 de agosto (quinta-feira) em uma temporada online que segue até novembro, totalizando 45 apresentações, sempre às 19h. O projeto será completamente virtual, transmitido pelo site oficial, www.projetonau.art.br.
Os ingressos serão vendidos no https://www.sympla.com.br/
Thiago Romero é um dos diretores do espetáculo e afirma que o musical nasce do anseio de recontar a história do Brasil sob a ótica de grupos que foram ignorados dessa construção: “NAU foi feito para repensar a lógica da narrativa da história a partir de personagens silenciados pelos documentos oficiais. É uma revisão necessária e que encontra brecha no que vivemos hoje, quando tantos grupos têm reivindicado seus espaços. Quando eu e Daniel idealizamos esse projeto não sabíamos que seria tão desafiador, não só pelo tempo que vivemos, mas também pela dificuldade de olharmos o outro lado da história. É a história do Brasil contada a partir da visão do colonizado, não do colonizador”.
Daniel Arcades explica que a história de NAU começou há quatro anos, mas foi em 2018 que o argumento de NAU se tornou nítido para a dupla de diretores: uma peça futurista em que personagens que viveram em diferentes épocas do Brasil voltassem e analisassem o país atual. “Hoje NAU ganha vida própria ao se mostrar uma obra fruto de um tempo e espaço completamente diferenciados dos tradicionais formatos de teatro. NAU é obra cênica virtual musical e é a composição de um sonho trabalhado numa espécie de saga da resistência, visto o caminho gerado devido à pandemia mundial, mas não deixa de ser um sonho. Nossa navegação é uma imersão e um olhar para o país através de corpos que construíram sua história, mas foram negados ao direito de narrá-la”, explica Arcades.
Com realização da Via Press Comunicação, Paula Hazin e Teatro da Queda, a montagem original conta com orientação cênica e supervisão de direção do ator da TV Globo Luiz Carlos Vasconcelos e da coreógrafa Ana Paula Bouzas, além de direção de produção de Paula Hazin. As canções foram compostas por Daniel Arcades e Filipe Mimoso – este último assina também a direção musical de NAU. Os efeitos especiais foram assinados por Vj Dexter e VJ Cayetano. Edeise Gomes assina a coreografia. O projeto foi selecionado pelo edital Fábrica de Musicais – Ano II, da Fundação Gregório de Mattos (FGM), Prefeitura Municipal de Salvador.
Longo processo de construção
Nesse novo contexto social e cultural, a dupla de diretores propôs uma construção coletiva, aberta e participativa de um novo fazer teatral, mais empírico, experimental e compartilhado. Por isso, ao longo de 2020, com a pausa forçada pela pandemia, oficinas gratuitas com nomes relevantes da arte cênica nacional foram oferecidas para um público formado por profissionais e pessoas interessadas nos temas abordados. Participaram desse processo nomes como Luís Miranda (Oficina O Personagem Cômico), Elísio Lopes Júnior (Masterclass de Dramaturgia), Fause Haten (Masterclass de Alta Costura e Figurino), Luís Carlos Vasconcelos (Masterclass de Direção) e Babaya (Masterclass de Voz). Os vídeos estão disponíveis para o público, no site de NAU.
Foi durante o processo de preparação que aconteceram também as Noites Navegantes, uma série de debates online sobre temas que dialogam com o universo do espetáculo, como O Mito Fundador Brasileiro, com Sônia Guajajara e Caboclo de Cobre; Nossos Gêneros, com Di Cerqueira, Diego Nascimento e Sanara Rocha; e Música Ordinária, com as drags Aimée Lumiere, Barbárie Bundi, Malayka SN e Spadina Banks.
NAU em números
“NAU é um projeto especial pela sua dimensão. Estamos há quase dois anos no desafio de prepará-lo e chegamos agora à estreia com uma bagagem incrível que ganhamos ao longo desse tempo e expectativa imensa para o futuro. São 45 apresentações que mobilizam profissionais de diversas áreas, alimentam a cadeia produtiva da cultura e trazem para a cena uma análise necessária da formação do Brasil”, explica Paula Hazin, produtora do projeto.
Os números de NAU justificam a expectativa por trás da estreia. São cerca de 70 pessoas que trabalham nas 45 apresentações (as exibições trarão intervenções diferentes dos olhares dos personagens sobre a história). Assistiram às Noites Navegantes e às oficinas mais de 6 mil pessoas. O calendário de ações foi dividido em três etapas, desde janeiro de 2020 a novembro de 2021, quando encerra o projeto. O primeiro momento foi marcado por uma temporada do espetáculo Rebola, seleção de elenco e lives no Instagram. Entre maio de 2020 e fevereiro de 2021 aconteceram as oficinas formativas gratuitas. Na última etapa acontece a exibição do espetáculo e atividades formativas finais. A seleção de atores, na fase inicial de NAU, contou com quase 300 inscritos.
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