Paulinho Boca de Cantor solta a voz e lança o disco Além da Boca

Por Daniel Oliveira

 

Como disse o multifacetado escritor, poeta, dramaturgo e filósofo Oswald de Andrade, “a alegria é a prova dos nove”. É nesse clima que o disco Além da Boca, do cantor e compositor Paulinho Boca de Cantor, chega ao mundo nas plataformas digitais. Em tempos tão difíceis, o artista chama a esperança para dançar em um álbum repleto de parcerias e diversidade musical.

“O disco é uma grande festa. E levo nos meus trabalhos, tanto no Novos Baianos como solo, essa missão de alegrar o Brasil nos momentos complicados. A gente sempre teve uma visão de um Brasil feliz, que a gente quer que seja feliz”, conta Paulinho.

Paulinho é um dos fundadores e uma das principais vozes do icônico grupo Novos Baianos. Foto: Paola Alfamor/Divulgação

 

A produção foi feita pelo baixista e produtor cultural Betão Aguiar, filho de Paulinho, que reuniu diversos artistas da cena paulistana, como Anelis Assumpção, Curumin, Tim Bernardes, Edgar Scandurra, para participarem do trabalho.

“Meu filho mora em São Paulo e trabalha com vários artistas. Tem uma ligação muito grande com toda essa juventude musical, com essa nova música paulista. E toda essa juventude tem o Novos Baianos como referência. E essa participação deu um frescor para o disco e também para a minha carreira”, diz Paulinho. Também participam o cantor e compositor Zeca Baleiro e o guitarrista paraense Manoel Cordeiro.

Além da Boca também traz parcerias nas composições. Há, por exemplo, músicas de Paulinho Boca de Cantor com o compositor do Novos Baianos, Luiz Galvão (Essa Patrícia e O Jogo é 90 Minutos), Zélia Duncan e Zeca Baleiro (Ah! Eugênio), Jorge Alfredo (Fé e Festa) e Jair Luz (Além do Céu, das Estrelas).

Embora mais associado ao vocal do Novos Baianos, Paulinho é coautor de faixas como Juventude Sexta e Sábado, do disco É Ferro na Boneca, e Swing de Campo Grande, clássico do Acabou Chorare, um dos principais discos da música brasileira.

“Eu era meio que um compositor bissexto no Novos Baianos. E Moraes (Moreira) e Galvão eram uma dupla de compositores. Éramos um time, cada um tinha sua função. E a minha era ser uma das vozes. Mas eu sempre compus”, pontua Paulinho, que, após o fim do Novos Baianos, em 1979, lançou um disco com suas composições no mesmo ano.

Diversidade

Com o álbum Além da Boca, Paulinho navega por diferentes ritmos. Em Eu Vou Deixar Essa Canção No Ar, abre o disco na levada do reggae, com uma letra que apresenta, de saída, o tom do trabalho: “Renovar a esperança/ que resiste dentro de nós/ Continuar acreditando/ no amanhã que vai chegar/ A vida segue, o tempo passa/ As coisas mudam de lugar”. A faixa tem a participação de Anelis Assumpção (também parceira na composição) afirmando “o tempo em espiral” capaz de renovar “mazelas ancestrais”.

“É um disco que me traz para perto de linguagens atuais”, afirma o cantor. O álbum segue da Jamaica aos botecos do Norte/Nordeste do Brasil, na música brega Um Verso de Amor, Um Universo de Amor, com os violões de Manoel Cordeiro, responsável também pelo arranjo que chama para dançar junto. “Ele é um gênio, nos violões, na guitarrada. E ele adora tocar, não quer parar. E essa coisa deixa a gente muito feliz. O disco foi gravado como uma live session”, complementa.

Paulinho Boca de Cantor passeia pelo semba e o ijexá em Essa Patrícia, em caminho entre o poeta e o encontro, entre a Praça Castro Alves e o Pelô, no ritmo das baquetas e do MPC de Curumin, instrumentista. Ah! Eugênio é um pulo na vibe paulistana, meio samba Adoniran Barbosa, enquanto Além do Céu, Das Estrelas vai para o universo romântico. Os ritmos afro-baianos retornam em O Céu da Bahia na Boca, e o samba-rock aparece em Ligeiro Demais, adornado com as guitarras alucinantes de Tim Bernardes.

O disco traz novamente ritmos paraenses em Que Nada e Se Você Deixar, Nada Me Segura, e aborda o tema do futebol, tão presente na obra do Novos Baianos, no sambinha O Jogo é 90 Minutos. Termina com a música Fé e Festa, celebrando Iemanjá e mantendo a tão necessária fé na festa. Por enquanto, o show de Além da Boca não vai acontecer. Mas o desejo de Paulinho é levar o espetáculo para todos os cantos do Brasil.

“O que mais quero, quando essa loucura da pandemia acabar, é cair na estrada com shows desse álbum, e em cada show convidar um ou dois amigos que participaram do trabalho. Nada melhor do que o calor do público depois que esse tempo passar”, finaliza o músico.

*Fonte: A Tarde

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