Recentemente, o governo francês lançou um vale cultura para que jovens de 18 anos pudessem explorar a diversidade cultural do país. A ideia era que o benefício de 300 euros fosse usado para aquisição de livros, ingressos para shows, galerias de arte, exposições entre outros atributos e experiências culturais.
Entretanto, o mais surpreendente é que, em vez de conhecer o famoso museu do Louvre ou adquirir algum clássico da literatura, os jovens preferiram comprar os mangás, famosas histórias em quadrinhos japonesas, que são muito populares entre os jovens.
De acordo com reportagem do New York Times, 75% deste benefício foi gasto com livros, o que é muito bom em se tratando de valor cultural.
Porém, as literaturas escolhidas não foram Victor Hugo, Alexandre Dumas, Antoine de Saint-Exupéry ou Jules Verne, mas sim os mangás que representaram aproximadamente dois terços da escolha.
Lojistas locais avaliam positivamente a procura, destacando que existe uma pilha de pedidos de novos mangás. Eles acreditam que, embora não sejam as literaturas mais tradicionais, o importante é que os jovens, independente disso, estão exercendo o hábito de ler, fato que não ocorria antes.
Críticas ao projeto
Embora o conceito do projeto seja viabilizar o acesso à cultura para os franceses, no país existe um conflito entre a ideia original da ação e a sua aplicabilidade.
O presidente Emmanuel Macron disse, na época do lançamento do benefício, que o vale cultural tiraria os jovens de uma bolha, viabilizando para eles o acesso a outras opções de entretenimento, potencializando assim a diversidade artística.
Entretanto, o que se viu na prática é que a juventude preferiu consumir aquilo que já era popular, em detrimento de outros produtos mais selecionados.
Este fato resultou em críticas de lideranças no país. O senador do Partido Comunista Francês, Pierre Ouzoulias, acredita que o passe sirva aos já financeiramente privilegiados, e não ajude a expandir o universo cultural dos menos favorecidos.
Além disso, sindicatos e associações acusam o atual governo de ganhar notoriedade entre os jovens com dinheiro, ao invés de financiar programas sociais existentes e que já viabilizam a democratização da cultura no país.
Como funciona o vale cultural francês na prática?
O passe consiste em um aplicativo que disponibiliza 300 euros em crédito para o jovem gastar com cultura. Desde o seu lançamento, mais de 600 mil pessoas já ativaram o benefício.
Os usuários podem gastar até 100 euros em ofertas como e-books e assinaturas de mídia online, além de serviços de streaming de música ou filmes, limitados a empresas francesas. Além disso, o passe também contempla a compra de jogos, desde que eles não possuam conteúdos que incitem a violência.
*Fonte: Jornal MG Turismo; Foto: Thomas Coex-AFP/Arquivo Turismo Total