Por Bernardo de Menezes
Símbolo de um passado nada glamuroso, um dos principais bunkers da Alemanha está sendo preparado para abrigar um hotel de luxo com jardim panorâmico, 136 quartos, bar, restaurante e outros serviços. A inauguração da obra no conhecido bunker de St. Pauli, em Hamburgo (Norte), está prevista para o final do próximo ano.
Na Alemanha, é fato incontestável a presença de símbolos, memoriais e museus que não deixam alemães e turistas ficarem indiferentes ao passado do país, notadamente aquele relacionado à Segunda Guerra Mundial. Entretanto, o construtor Thomas J. C. Matzen quer
provar ser possível transformar completamente o significado e a utilização de um equipamento antes projetado basicamente para resistir a bombardeios.
No início dos anos 1960, Matzen alugou o bunker para manter vários estúdios e empresas de mídia. Ele é o próprio financiador da construção do futuro hotel, cuja concepção respeita a história, mas agora mantém o foco num futuro promissor e ainda mais humanizado. O empresário também pretende construir salões de esporte e eventos, salas para exposições, acomodações para estudantes bolsistas e também um memorial às vítimas da guerra.
UTILIZAÇÃO
O prédio (originalmente batizado Flakturm IV Hochbunker) tem cinco andares. A proposta agora é de servir plenamente ao turismo e ao lazer, além dos negócios. Em 1950, o prédio foi alugado pela empresa NWDR, que transmitiu as primeiras imagens de televisão na Alemanha. O imóvel abriga hoje atividades comerciais e seu projeto hoteleiro (de custo e execução totalmente privados) é cercado de grande expectativa. O construtor anuncia que no parque ao lado serão plantadas cerca de 4.700 arvores e arbustos, incluindo macieiras de seis metros de
altura.
Segundo o arquiteto e paisagista Felix Holzapfel-Herziger (que desde 2014 chefia o projeto), a área verde suspensa terá um sistema de irrigação e drenagem especial. Cerca de 800 metrosde terra serão conduzidos para o teto do bunker através de tubos pressurizados. Surgiu dos moradores de St. Pauli a ideia do plantio na cobertura. Eles criaram a Associação Hillegarden e, com ajuda de engenheiros e arquitetos, deram início ao planejamento.