As perspectivas para a hotelaria brasileira em 2022 são, aparentemente, positivas, mas o sarrafo continua baixo. Com o cenário macroeconômico ainda incerto, o baque no retorno financeiro, ao longo dos meses, desaguam nos mercados turísticos e hotéis. Na prática, segundo Pedro Cypriano, sócio diretor da Hotel Invest, os números devem recuperar padrões de 2019 no próximo ano, mas com preços de 2022. O ritmo acelerado — e tão aguardado — de crescimento fica para 2023.
“A crença é de que a hotelaria terá incrementos em relação aos últimos meses. A aparência deste movimento é fantástica, mas não é bem assim. Com a base mais modesta, relacionada às porcentagens deturpadas pela pandemia, é preciso ter atenção aos números e interpretá-los com o prisma correto”, explica o executivo.
De forma objetiva, ele trouxe também os dados levantados pelo Fórum dos Operadores Hoteleiros do Brasil (FOHB) para setembro. Com destaque para os três principais indicadores da hotelaria — ocupação, diária média e RevPar — a conclusão é que o aumento dos preços é o caminho para empreendimentos alcançarem o mínimo de saúde financeira.
Abaixo, o executivo dividiu os panoramas entre Brasil, capitais e cidades do interior. Os mercados de São Paulo e Rio de Janeiro foram os únicos especificados. Veja:
Ocupação
Ao todo, 21 dos 26 mercados brasileiros estão acima de 50% de ocupação. As exceções são Sul e Sudeste, ainda com melhoras isoladas.
- Brasil: 63%
- Interior: 72%
- Capitais: 58%
- São Paulo: em torno de 40% e com aumentos esporádicos, vide Fórmula 1
- Rio de Janeiro: em 63%, retomando performance pré-pandemia (mercado offshore e lazer)
Diária média
A demanda ainda em retorno e o comportamento do consumidor ainda colocam os preços da hotelaria abaixo do necessário. Já o interior dos estados está com diárias mais próximas de 2019.
- Brasil: 78%
- Interior: 90%
- Capitais: 74%
- São Paulo: retração de 34% frente setembro de 2019
- Rio de Janeiro: retração de 27% frente setembro de 2019
RevPar
A receita por quarto de hotel disponível, como resultante de ocupação e diária média, está deprimida. Com ocupação ainda tímida e diária média longe do mais saudável, apenas seis dos 26 mercados estão acima de 2019. O destaque está em estados do Norte e Nordeste.
- Brasil: 49%
- Interior: 65%
- Capitais: 43%
Além da hotelaria
Cypriano também traz o quadro turístico geral para tratar sobre a retomada esperada no Brasil. Até agosto, por exemplo, o volume de viagens chegou a 56% dos níveis de 2019, de acordo com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
Novamente, o cenário mais positivo está na demanda nacional, que já voltou a ter 75% do volume pré-pandemia. Enquanto isso, o cenário internacional ainda galga dias melhores e recuperação com reabertura de fronteiras. Neste caso, ainda é preciso recuperar 78% do fluxo pré-pandemia.
“O macroambiente brasileiro ainda desfavorece o turismo, mas lazer nacional se destaca com o panorama atual. Mesmo assim, vale frisar que a economia ainda está longe do ideal e, no curto prazo, com viés negativo. Um mercado recessivo e pouco atrativo. A única certeza que temos é que o que consumimos ficará mais caro”, alerta o executivo.