Por Inês de Matos
Com 72% da população adulta vacinada contra a COVID-19 e as fronteiras abertas desde setembro, o Brasil já retomou a promoção turística internacional e Portugal é um dos mercados prioritários. Ao Publituris, Carlos Brito, presidente da Embratur – Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo, revela a estratégia e as expetativas do destino.
No Brasil como em Portugal, o setor do turismo foi um dos mais afetados pela pandemia da COVID-19. De um dia para o outro, também do lado de lá do Atlântico os turistas desapareceram, os hotéis fecharam e os aviões ficaram no chão. Ao Publturis, Carlos Brito, presidente da Embratur – Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo admite que “a pandemia da COVID-19 impactou fortemente o Brasil, assim como todos os países do mundo”, o que levou a que o governo brasileiro tivesse adotado “várias medidas de proteção ao setor do turismo, um dos mais afeta dos pela crise de saúde global”.
Entre as principais medidas adotadas, Carlos Brito destaca as “medidas provisórios para manutenção dos postos de trabalho, para aumento da segurança nas relações de consumo no turismo, além de disponibilização de crédito para o setor”, que ditaram “uma recuperação importante da atividade turística do Brasil”. “Mais de um terço das operadoras de turismo alcançaram faturação próxima da média histórica, que é de 75% ou mais. E, na comparação com agosto deste ano, 80% das operadoras mantiveram faturação igual ou maior no mês de setembro, demonstrando um processo de consolidação sustentado”, revela Carlos Brito, que cita dados da Braztoa – Associação Brasileira das Operadoras de Turismo.
Com o início da recuperação, a Embratur optou, numa primeira fase, por retomar a promoção doméstica e incentivar os nacionais a retomarem as suas viagens turísticas no Brasil, até porque a maioria dos países continuava com as fronteiras encerradas. “A Embratur atuou na promoção interna dos destinos turísticos, executando campanhas publicitárias, press trips e feiras, com foco na retoma das viagens com segurança”, explica o responsável, revelando que o regresso à promoção internacional só aconteceu este verão, concretamente a partir de julho de 2021, com o objetivo de mostrar que “o Brasil está pronto para receber todos os que se queiram encantar” com a natureza, cultura e hospitalidade brasileira.
No regresso daquela que é uma das principais missões da Embratur, Portugal não poderia ficar de fora, uma vez que, como refere o responsável, “além dos portugueses estarem conectados ao Brasil por meio de laços sanguíneos”, mas também da cultura e da história, há vários outros fatores que facilitam as viagens dos portugueses ao Brasil, a exemplo do elevado número de voos entre os dois países – e Carlos Brito destaca que, só em outubro, as companhias aéreas TAP, Latam e Azul retomaram 562 voos que ligam Lisboa a várias cidades brasileiras – mas também da isenção de visto para turismo, negócios, estudantes e artistas, em deslocações inferiores a 90 dias.
Destino seguro
Com o regresso da promoção internacional, Portugal entra novamente nos planos da Embratur, que conta voltar a participar em “roadshows com o trade turístico português”, mas também lançar campanhas de Relações Públicas e promover um relacionamento mais próximo com a imprensa nacional. “Para o ano de 2022, além de manter o planeamento atual, a Embratur investirá em campanhas publicitárias e participação em feiras para reforçar que os destinos nacionais estão prontos para receber novamente os nossos irmãos portugueses”, acrescenta Carlos Brito.
Para o Brasil, Portugal continua a ser um mercado fundamental, não apenas pelos laços que os dois países partilham, mas também pela apetência que os portugueses sempre demonstraram por este destino turístico, o que ditou que, em 2019, Portugal tivesse sido o 11.º mercado internacional emissor de turistas para o Brasil, com 176.229 turistas. Carlos Brito explica que, apesar de ter existido uma diminuição do fluxo de turistas portugueses que visitaram o Brasil nos últimos cinco anos, em 2018 e 2019, os números voltaram a subir, refletindo um “aumento de 21% nesse fluxo, o que demonstra sinais de recuperação”.
Tal como nos restantes mercados internacionais, também em Portugal a Embratur pretende passar a mensagem de que o Brasil é “um destino seguro”, com Carlos Brito a defender que o Governo Federal do Brasil “não mediu esforços para a realização do necessário para proteção da população, tanto em relação à Saúde quanto à Economia” e a desvalorizar as críticas à forma como o Presidente Jair Bolsonaro conduziu a estratégia do país durante a pandemia. “A Embratur detém a missão de veicular a verdade sobre o Brasil, que é um destino seguro, com mais de 72% da população adulta vacinada, e que adotou rapidamente protocolos de prevenção para proteger a todos e criar um ambiente perfeito para receber o turista brasileiro e o estrangeiro”, remata Carlos Brito. Certo é que, desde a reabertura das fronteiras entre Portugal e o Brasil, que aconteceu no início de setembro, cerca de 60 mil turistas portugueses voltaram já a visitar o país, segundo dados da IATA – Associação Internacional de Transporte Aéreo, com o presidente da Embratur a indicar que destinos como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Recife e Salvador foram, desde a reabertura de fronteiras, os mais procurados pelos turistas lusos.
Recuperação em 2023
Além de Portugal, a Embratur está também a retomar a promoção em vários mercados europeus, até porque, em 2019, o último ano turístico antes da chegada da pandemia, 24% dos turistas internacionais que o Brasil recebeu eram provenientes da Europa. “Em 2019, ano anterior ao início da pandemia, o Brasil recebeu 6.353.141 turistas internacionais. Desse total, 57% foram oriundos de países da América do Sul e 24% de países da Europa.
Os 10 principais emissores foram, nesta ordem: Argentina, Estados Unidos, Paraguai, Chile, Uruguai, França, Alemanha, Itália, Portugal e Reino Unido”, revela Carlos Brito, explicando que a Argentina, pela proximidade, é de longe o principal mercado emissor de turistas para o Brasil, com mais de 1,9 milhões de turistas, seguindo-se os EUA, com 590 mil turistas.
E, tal como em Portugal, também nos restantes mercados internacionais a Embratur tem vindo a apostar em ações de “Relações Públicas com os principais veículos de comunicação dos países prioritários”, numa estratégia que passa ainda pelo lançamento de “campanhas publicitárias e de marketing digital, aliadas à participação nos mais importantes eventos e feiras de turismo do mundo”, num calendário de ações que está a ser planeado e executado “com o objetivo de impulsionar a imagem do Brasil e atrair mais visitantes internacionais”.
A expetativa da Embratur para 2022 é, no entanto, “moderada”, uma vez que, como diz o responsável, que cita dados da Organização Mundial do Turismo (OMT), “o turismo internacional teve sinais de recuperação em junho e julho de 2021, devido à implementação da vacinação global e à flexibilização de restrições de viagens”, mas ainda com resultados longe dos níveis pré-pandemia, num cenário a que também o Brasil não deverá escapar, segundo as perspetivas da própria Embratur. “Por conta do rápido avanço da vacinação, do reaquecimento do turismo doméstico, da abertura das fronteiras e da retoma gradual dos voos internacionais, estima-se que o turismo internacional comece a apresentar sinais de recuperação na próxima temporada de verão, ainda que os níveis de chegadas de estrangeiros de 2019 devam ocorrer apenas em 2023”, explica o presidente da Embratur.
Para entrar no Brasil, qualquer estrangeiro deve cumprir também alguns procedimentos concretos, de acordo com a Portaria nº 658, de 5 de outubro de 2021, nomeadamente a apresentação de um teste negativo para a COVID-19, que pode ser antígeno e realizado até 24 horas antes do embarque para o Brasil, ou PCR com 72 horas de antecedência. Além disso, é ainda necessário preencher a Declaração de Saúde do Viajante (DSV) até 24 horas antes do embarque e apresentar o seu comprovativo, seja por via impressa ou digital, à companhia aérea antes do embarque. O certificado de vacinação também passou recentemente a ser exigido.
Ligações aéreas já superam números pré-pandemia
Fundamental para levar turistas internacionais até ao Brasil é o transporte aéreo, que foi fortemente afetado durante a pandemia mas que, segundo Carlos Brito, já está a recuperar. “Em outubro deste ano, as companhias aéreas TAP, Latam e Azul retomaram 562 voos que interligaram Lisboa às cidades brasileiras de São Paulo, Campinas e Belo Horizonte, ofertando 157.210 assentos”, revela o responsável, considerando que a abundância de voos entre os dois países é um dos fatores que contribuem para o elevado número de turistas portugueses que o Brasil recebe. De acordo com o presidente da Embratur, as ligações aéreas têm vindo a ser recuperadas, de tal forma que, em outubro, já houve “mais voos semanais entre Brasil e Portugal do que em 2019”. “Foram registados 86 voos semanais em 2019 e 127 voos em outubro de 2021, o que já demonstra uma superação referente ao início da pandemia de COVID-19”, acrescenta o responsável.
*Fonte: Publituris/pt; Fotos: Divulgação