Cerca de 200 mil pessoas invadem os arraiais da cidade. Em 2016, a movimentação econômica durante os festejos chegou a R$ 53 milhões
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São João é apenas um dos santos festejados na capital do Maranhão em junho. Durante os festejos juntam-se a ele Santo Antônio, São Pedro e São Marçal em uma das comemorações mais singulares da cultura brasileira. As manifestações populares ditam as regras com apresentações de bumba meu boi, tambor de crioula, cacuriá, dança do coco, bambaê de caixa, dança do lelê, dança portuguesa, dança do boiadeiro e as quadrilhas.
No entanto, entre os ritmos típicos do período junino, o bumba meu boi reina absoluto. São mais de 500 grupos em atuação na cidade com seus “sotaques”, indumentárias, instrumentos e ritmos característicos. Em maio, começam os ensaios dos “bois”, manifestação tombada como Patrimônio Imaterial Brasileiro, e as apresentações que se estendem até o mês de julho nos diversos arraiais da ilha. O ponto alto é o batismo do boi, que ocorre na passagem do dia 23 para 24 de junho, dia de São João.
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No barracão do Boi da Floresta, fundado em 1972, a presidente Nadir Cruz tem muita história para contar. Sua trajetória de vida é bem parecida com a de muitos integrantes do grupo, jovens e adultos, para quem o bumba meu boi representa muito mais que uma agremiação festiva. Ali se constroem futuros melhores, com oportunidades de geração de renda, auferida com as apresentações, dentro e fora do Maranhão, e vendas de produtos.
A confecção de instrumentos e indumentárias – repletos de penas de ema, fitas, bordados com miçangas, paetês e vidrilhos – é ofício que se aprende como alternativa de vida. “Já perdemos muitos jovens para o tráfico, por isso a importância do nosso projeto de atendimento a crianças e adolescentes que aqui aprendem também idiomas (inglês, espanhol e libras) e informática, além de produção de vestuário e acessórios para o boi”, conta Nadir.
Os bordados dos “couros” dos bois são uma atração à parte. É com eles que Marlene e Vitória, brincantes do Bumba Meu Boi da Maioba, conseguem, miçanga a miçanga, uma renda extra no fim do mês. Trabalho tem para o ano inteiro nesta agremiação que comemora 120 anos e chega a reunir 10 mil pessoas em suas apresentações. O jardineiro José Carlos Vieira também se beneficia dos festejos dando vida ao boi. Ele é o chamado “miolo”, aquele que fica dentro do “boi”, rodopiando sem parar. Há 10 anos desempenha esse papel, aprendido com o pai. Além da verba pública, amealhada nos períodos juninos, a agremiação se sustenta com a venda de cd´s, camisetas e outros produtos com a marca Maioba”.
Mestre Madeira da Oficina de Percussão. Crédito: Walquiria Henriques
Se os trajes dos bois enchem os olhos, os sons dos instrumentos encantam os ouvidos. É essa riqueza que o músico, bailarino e professor maranhense Ivan Madeira, do Grupo Cia de Cultura Popular Catarina Mina, transmite nas oficinas do projeto social que reúne crianças de 7 a 14 anos. Atualmente, 60 alunos são iniciados na confecção e no tocar do tambor de crioula, pandeirão, matraca, zabumba, caixas, entre outros instrumentos da cultura popular do Maranhão. “O objetivo é que eles saiam daqui em condições de se auto sustentarem por meio da música, além de ajudarem a manter a tradição do bumba meu boi”, afirma mestre Madeira, amante das artes e dos sotaques do boi.
O QUE FAZER EM SÃO LUÍS – Uma boa pedida é aproveitar o período junino para conhecer a cidade, cujo centro histórico é Patrimônio Cultural da Humanidade. Em um passeio a pé é possível admirar os casarões ornados de azulejos portugueses, igrejas, palácios e ter contato com a cultura maranhense nos bares, alguns redutos do reggae e restaurantes ali localizados. Vale também uma visita aos barracões de Bumba meu Boi, um passeio pela orla para curtir uma praia. Com tempo dá para dar uma esticada aos municípios de Raposa, colônia de pescadores que oferece passeios de barcos pelos manguezais, e São José de Ribamar, com suas praias e forte tradição religiosa.
GASTRONOMIA – O São João de São Luís é cheio de sabores principalmente com frutos do mar. São receitas comuns na mesa do maranhense e que encantam os turistas que visitam a cidade nesse período. Destacam-se o arroz de cuxá, torta de camarão, peixe frito, patinha de caranguejo, vatapá, bolo de tapioca, bolo de macaxeira, mingau de milho, milho cozido, milho assado na brasa, suco de bacuri, suco de cupuaçu, suco de murici, juçara com farinha d’água, entre outros.
SÃO LUÍS – São Luís é um dos cinco destinos selecionados para receber ações de promoção e divulgação do Ministério do Turismo. Por meio de edital de chamada pública, a pasta trabalha na transformação dos festejos juninos em um produto turístico com a cara do Brasil. Além do município maranhense, foram contempladas no edital Corumbá (MS), Campina Grande (PB), Bragança (PA) e Belo Horizonte (MG). Fonte: Agência de Notícias do Turismo