Paris: Semana da Dança no Conservatório Charles Munch

Por Duda Tawil, de Paris
O prestigioso Conservatoire Charles Munch, escola de música, dança e arte dramática do 11⁰ distrito da Cidade Luz, vive a sua Semana da Dança, quando anualmente vários espetáculos são propostos nesta temporada, encerrando o ano letivo.
A sua abertura, chamada “Se Tenir Débout” (Se Manter de Pé) foi dedicada à memória das vítimas da escravatura,  e à importância das resistências antiescravagistas. Como, por exemplo, em maio de 1802, na Guadalupe, até a abolição definitiva em 1848 na França, assim como foi no Brasil num certo 13 de maio de 1888, após tantas lutas também, com a Lei Áurea.
A bela coreografia “Hors Kabouya 2” (Desfazendo-se dos nós n°2) de Max Diakok
Antes das coreografias, foi exibido o curta-metragem “Kon Zozyo Touché” (Como um pássaro ferido), de Sandrine Pierrot e Max Diakok. Em seguida, os alunos de dança nas coreografias “Hors Kabouya 2” (Desfazendo-se dos nós n°2), de Max Diakok, com música ao vivo dele e Loig Delanoy; “Restituition de Master Classe”, de Gabriela Gomez Abaitua, com músicas de Peter Walker e Dani Barba; “Se Tenir Débout”, solo coreografado e interpretado por Gwen Rakotovao, com música de Régis Gizavo e piano por Victor Gutierrez.
Gwen no espetacular solo “Se Tenir Débout” (Se Manter em Pé)
Para encerrar a primeira noite, “Estava triste, a dança me alegrou” da coreógrafa baiana, formada e com especialização em coreografia na Ufba e mestrado na Universidade René Descartes em Paris, natural de Cachoeira e com quase 30 anos de França, Dimi Ferreira, que escolheu a música “Sal de Iemanjá”, de Carlinhos Brown. A querida e talentosa professora, que acaba de ser promovida a “Hors Classe”, o último patamar na hierarquia, no próprio conservatório onde ensina desde 2012, explica o seu espetáculo: “Esta dança, criada em 2016 para o Jovem Ballet Paris 11, é um meio de não esquecer um passado histórico que pertence a todos nós que é o da escravização de pessoas vindas do continente africano com suas danças, ritmos, em resumo, sua cultura. Através do corpo, da dança, ontem e hoje, nós podemos, apesar de tudo, continuar a saborear a seiva da vida que poderia ser a alegria gerada pelo movimento, pelo trabalho e pelas trocas artísticas”.
Com Dimi à direita, aplausos para os alunos, músicos, professores e coreógrafos. Fotos: Bernard Leford
 
A programação da semana intitulada “Mélange de Genres” (Mistura de Gêneros) continua amanhã, 21, e nos dias 23, 24 e 25 deste, com espetáculos de todos os alunos acima de oito anos: dança clássica, pelos professores Isabelle Renard, Valérie Grialou e Mingxi Zhang; dança contemporânea, por Dionísia (Dimi) Ferreira; dança jazz, com Isabelle Paoli; e dança barroca, a cargo de Ana Yepes. O Conservatório Charles Munch é dirigido por Knut Jacques, muito apreciado pelas professoras. ​
Mais informações no site: www.conservatoires.paris.fr/conservatoires/munch

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