Por Duda Tawil, texto e fotos, de Juan-les-Pins
Na cidade de Antibes Juan-les-Pins, na Costa Azul francesa, ele é “a” referência quando o assunto é espetáculo brasileiro – e de qualidade – na França, e mesmo na Europa, quando chega o verão. E estamos no auge dele! A casa de espetáculos Pam Pam é uma instituição do balneário de Juan, banhado pelo Mediterrâneo, onde fez, e faz, história.
O show internacional Pam Pam Tropical tem à frente a talentosa baiana Iracema Mendes que, há mais de 25 anos, lidera os espetáculos como produtora e diretora artística. “O Pam Pam é a primeira casa da Europa com um show brasileiro permanente, criado há 43 anos pelo seu idealizador, Jean-Yves Parizot”, comenta a soteropolitana da Liberdade, com orgulho e cheia de axé, que ali começou como bailarina no verão de 1998, casou-se com Jean-Yves, e hoje é proprietária. Ira, como é carinhosamente chamada por todos, está sempre à procura de novos talentos todas as vezes que vai a Salvador, onde nunca perdeu seus contatos com o mundo artístico local.
O bar, de coquetéis incríveis e sorvetes coloridos e espetaculares, é lindíssimo, com decoração de extremo bom gosto, inspirada na Polinésia Francesa, chamando a atenção de quem passa, e vara as noites com fila na porta. Detalhe importante: foi ele quem introduziu a caipirinha na carte, quando o drinque era desconhecido no Velho Continente! Dos sorvetes aos drinks, tudo é produzido na própria casa que abre à tarde, às 15h, e às 21h30 começa o espetáculo, que vai até altas horas do dia seguinte. O Pam Pam é caso raro na França, com serviço super-simpático de uma equipe jovem e descontraída, de pessoas de todas as origens.
O show atual atravessa o auge do verão, que é julho e agosto, e termina em 15 de setembro. É composto por uma cantora, a santo-amarense Claudya Costta, o instrumentista e diretor musical Álvaro Esdras, quatro bailarinos – Juliana Pink, Edcleide Batista, Natália Lobo e Pablo Lopes -, a percussionista Thayane e a baterista Nira Santos.
Desde 2017 no Pam Pam, quando foi convidada por Ira, que a conhecia de Salvador desde 2004, a cantora Claudya Costta tem um percurso singular. Em 2013, formou-se em Letras Vernáculas pela Ufba, foi diretora de escola na zona rural de Santo Amaro da Purificação, sua cidade natal, de tantos grandes talentos, que dispensa comentários. De lá, foi para uma escola particular no bairro de Brotas, em Salvador. Aí, a veia artística passou a germinar…
Ela conta: “Em Salvador, passei a frequentar as aulas de canto da Escola de Música da Bahia, na Mouraria. Depois, canto lírico gregoriano no Mosteiro de São Bento”. Foi uma divisão de águas, segundo ela: “Daí, fui pro canto popular, fui pra esta grande escola que são os barzinhos, que nos dão muita bagagem. Hoje, sou cantora do Cortejo Afro, mas, em paralelo, tenho minha carreira solo, já com dois álbuns gravados. Meu som é antropofágico, bebendo em fontes ricas, misturando toda ancestralidade e multiplicidade brasileiras”.
Também compositora, com músicas nas plataformas de streaming, o repertório da simpática Claudya Costta vem deste convívio com o público: “Sou uma cantora da cultura popular, e o Brasil é uma pluralidade. Você aqui encontra no show baião, maracatu, axé e nosso genuíno gênero brasileiro: o samba, que é o forte, é o nosso maior legado”.
E por fim Iracema acrescenta, feliz e orgulhosa, sobre este ícone juanais que se tornou o seu espetáculo ao longo de mais de duas décadas: “O Grupo Kaoma, da lambada, passou por aqui, fez um verão com a gente; Alinne Rosa, do Cheiro de Amor; Patrícia Alves; Jacqueline do BBB; Giane Carvalho, ex-Globeleza; entre outros. Também já fiz inesquecíveis feijoadas para os músicos brasileiros que vêm se apresentar no Jazz à Juan. Aqui é frequentado pelo jogador Armando Monteiro, do PSG; Paulo César, da Seleção Brasileira, e tantos mais. A casa é referência em toda a Riviera Francesa”.
Então, viva o Pam Pam!
Saravá!
Mais informações: www.pampam.fr e www.antibesjuanlespins.com
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