União Europeia: falta de 1,2 milhões de empregos gera impactos negativos na recuperação do turismo

Por Victor Jorge

O World Travel & Tourism Council (WTTC) e a European Travel Commission (ETC) alertaram, recentemente, para o facto de a recuperação do setor do turismo poder vir ser posta em causa com os 1,2 milhões de empregos que continuam por preencher por toda a União Europeia (UE), pedindo ações urgentes para resolver esta “situação crítica”. Em 2020, aquando do pico da pandemia, o setor do turismo sofreu, segundo as contas, uma perda direta de quase 1,7 milhões de empregos no espaço europeu. Já em 2021, quando os governos começaram a levantar as restrições às viagens e se registou uma melhoria na confiança de quem viajava, a contribuição direta do setor para a economia da UE recuperou 30,4% e reconquistou mais de 570 mil empregos.

Este ano, as previsões do WTTC apontam para uma continuação da recuperação do setor, podendo atingir os níveis pré-pandémicos, esperando-se uma evolução de quase 33% na contribuição direta para a económica da União Europeia.

 

WTTC e ETC apelam a uma união entre governos e setor privado para fazer face à falta de recursos humanos que poderá por em causa a recuperação do setor do turismo e viagens na União Europeia. 

 

 

Julia Simpson, presidente e CEO do WTTC refere, em nota de imprensa do organismo, que “a Europa registou uma das mais fortes recuperações, em 2021, acima da média global”. A responsável salienta, contudo, que “a falta de recursos humanos poderão adiar esta tendência e colocar pressão adicional no setor já de si em dificuldades”.

“Os governos e o setor privado precisam de unir-se e encontrar as melhores soluções para as pessoas que procuram melhorar as suas oportunidades de carreira que o setor do turismo e viagens pode oferecer”, frisou Julia Simpson.

De acordo com a análise realizada recentemente pelo WTTC, uma série de vagas poderão ficar por preencher durante este período de verão, estimando-se que as agências de viagens serão as mais impactadas, com a falta de 30% em colaboradores, ou seja, quase um terço das vagas ficarão por preencher.

Já quanto aos setores do transporte aéreo e alojamento deverão ficar com uma em cada cinco vagas por preencher, representando 21 e 22%, respetivamente.

Já o ETC, a entidade presidida por Luís Araújo (também presidente do Turismo de Portugal), tem vindo a trabalhar com os stakeholders mais importantes para coordenar melhor a resposta e medidas ao nível da UE, bem como facilitar as viagens.

As medidas para o “problema urgente”

Assim, as duas entidades identificaram seis medidas que os governos e setor privado podem implementar para solucionar este “problema urgente”: (i) Facilitar a mobilidade da mão de obra dentro dos países e além-fronteiras e fortalecer a colaboração a todos os níveis, fornecendo vistos e autorizações de trabalho; (ii) Permitir o trabalho flexível e remoto sempre que possível – principalmente se as restrições às viagem ainda impedirem que os trabalhadores se movam livremente além-fronteiras; (iii) Garantir trabalho decente, fornecer redes de proteção social e destacar oportunidades de crescimento na carreira – com trabalho seguro, justo, produtivo e significativo – para reforçar a atratividade do setor como opção de carreira e reter novos talentos; (iv) Capacitar e requalificar talentos e oferecer formação abrangente, bem como criar – para equipar a força de trabalho com capacidades novas e aprimoradas; (v) Criar e promover educação e aprendizagem – com políticas eficazes e colaboração público-privada, que apoiem programas educacionais e formação baseados em aprendizagem; (vi) Adotar soluções tecnológicas e digitais inovadoras para melhorar as operações diárias, bem como a mobilidade e a segurança nas fronteiras para garantir viagens seguras e contínuas e uma experiência aprimorada do cliente.

Nesse sentido, Luís Araújo frisa que a Europa, “enquanto destino turísticos líder e mais competitivo no mundo, deve estar comprometido em tornar-se também no mais sustentável”.

Contudo, o presidente da ETC salienta que “o objetivo desta transição dupla (verde e digital) só deverá ser atingida se tivermos sucesso em atrair e reter talento para este setor”, admitindo que “este é um dos maiores desafios para o setor e necessita de soluções coordenadas, múltiplas e conjuntas (públicas e privadas)”.

Concluindo, as duas entidades acreditam que “ao implementar estas medidas, os negócios do turismo e viagens conseguirão atrair e reter mais trabalhadores” ao mesmo tempo que “permitiria ao setor atender à crescente procura do consumidor e acelerar ainda mais a recuperação”, considerada “a espinha dorsal para gerar bem-estar econômico em toda região”. *Fonte: Publituris/pt; Foto: divulgação.

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