Os cancelamentos de milhares de voos por todo o mundo levaram a uma redução de 14,3 milhões de lugares, correspondendo a uma quebra global de 4%, avança a ForwardKeys com base na análise que tem vindo a realizar e que tem em conta os meses de julho e agosto de 2022 comparado com maio deste ano.
O continente mais afetado, em termos relativos, é a Ásia-Pacífico, com uma redução de 10%, o que equivale a menos 4,6 milhões de lugares nos voos internacionais. Em termos absolutos, contudo, é o continente europeu o mais impactado, avançando a consultora com uma quebra de 9 milhões de lugares, correspondendo a uma descida de 5% na capacidade.
As Américas registam um decréscimo de 1 milhão de lugares, o que significa menos 2%, enquanto a África e Médio Oriente é a única região a que são apontados crescimentos, nomeadamente, mais 255 mil lugares e 1% de subida na capacidade.
Amsterdão e Londres lideram quebras
Olhando em detalhe para a realidade europeia, a ForwardKeys refere que a capacidade intra-europeia reservada registou uma quebra de 5% em todo o continente, com os Países Baixos e o Reino Unido a assinalar as maiores quebras, com menos 8% e 7%, respetivamente. Nestes dois países, e analisando a disrupção no tráfego aéreo, Londres registou uma variação negativa, em termos de capacidade de lugares, superior a um milhão (-8%), enquanto Amsterdão assinala uma variação maior (-11%), mas somente 541 mil lugares a menos.
Seguem-se Milão (-8% e uma quebra de 259 mil lugares), Frankfurt (-7% e uma quebra de 253 mil lugares), Istambul (-6% e uma quebra de 269 lugares).
Por companhias aéreas, os dados indicam uma redução maior nas companhias de bandeira (-6%) do que as lowcost (-5%), verificando-se que é a easyJet a registar a maior quebra no número de lugares (-1,4 milhões de lugares e uma variação de -9%). Em termos de variação, no entanto, foi a British Airways a mais impactada (-13% e menos 700 mil lugares).
Consumidor menos confiante
Já a reação dos consumidores mostra uma quebra na confiança dos mesmos, tendo iniciado na última semana de maio e que rapidamente piorou, com as reservas de última hora, até à semana de 10 de julho, a cair 44% quando comparado com os níveis de 2019. As reservas de Amsterdão e Londres, por exemplo, caíram 59% e 41%, respetivamente.
O nível recente de disrupção nos horários dos viajantes é ilustrado por um salto na proporção de viagens parcialmente canceladas e modificações no total de reservas. De 30 de maio a 10 de julho, quase triplicou de 13% antes da pandemia (em 2019) para 36% neste verão, demonstrando o grave impacto da disrupção do tráfego aéreo na confiança do consumidor.
O colapso das reservas de última hora e o aumento dos cancelamentos e alterações está a ter um impacto negativo significativo nas perspectivas da indústria de viagens para o verão. Em 30 de maio, o total de reservas de voos intra-europeus para julho e agosto estava 17% abaixo dos níveis de 2019. No entanto, sete semanas mais tarde, em 11 de julho, estavam 22% abaixo, correspondendo a uma desaceleração de 5 pontos percentuais.
Mais uma vez, a desaceleração relativa foi muito pior para Amsterdão e Londres. No final de maio, as reservas para o período de julho-agosto estavam 9% abaixo dos níveis de 2019 em Amsterdão, enquanto Londres registava uma subida de 9% à frente. Desde então, as reservas em ambos os casos caíram 22% e 2%, respetivamente, o que equivale a uma desaceleração de 13 pontos percentuais nas reservas de Amsterdão e de 11 pontos percentuais no caso de Londres.
Voos para Lisboa afetados
Lisboa figura entre os destinos mais afetados com o cancelamento de reservas, com partidas de Amsterdão e Londres. Se no caso da cidade neerlandesa as quebras nas partidas com destino a Lisboa são de 18%, já de Londres, a redução é menor e fixa-se nos 7%. Isto porque, nas reservas para julho-agosto, até maio de 2022, estas estavam 49% acima dos níveis de 2019, ficando somente 31% acima na semana até 11 de julho. Já no caso londrino, a análise da ForwardKeys indica uma quebra de 4% no primeiro período e de -11% no segundo.
Para Olivier Ponti, vice-presidente de Insights da ForwardKeys, estes dados podem ser analisandos tanto “do lado positivo como negativo”. Ou seja, do lado positivo, o responsável indica a “forte retoma na procura depois da pandemia”. Contudo, Ponti refere que “a retoma foi “tão forte que os aeroportos têm dificuldade em dar resposta”.
Embora considere que os aeroportos irão conseguir enfrentar o desafio dos recursos humanos, ou melhor, a falta deles, é possível identificar já “algumas tendências preocupantes”.
“Desde logo, o aumento do preço dos combustíveis, em muito causado pela guerra na Ucrânia, irá fazer subir os preços dos voos”, diz Ponti. Além disso, o responsável da ForwardKeys refere ainda a “inflação, também consequência da guerra, como um fator que fará com que os turistas possuam menos capacidade financeira para viajar”. Em terceiro lugar, Ponti aponta que “o crescente nível de disrupção parece estar a afetar a procura, sendo possível verificar um arrefecimento nas buscas efetuadas na Internet por voos e reservas, ao mesmo tempo que se regista um aumento nos cancelamentos”, conclui. *Fonte: Publituris/pt; Foto: Getty Images.