A discussão já durava há várias semanas, com sobretudo os países bálticos a mostrarem-se indignados com o facto de cidadãos de um país em guerra aproveitarem as “amenidades” do estilo de vida europeu, como se não existissem hostilidades.
Esta quarta-feira, numa reunião informal dos ministros dos Negócios Estrangeiros dos 27, em Praga, foi assinado o “acordo político” de suspender imediatamente o Acordo de Facilitação de Vistos com a Rússia, um instrumento diplomático que permitia aos cidadãos russos um acesso quase automático à União Europeia.
“Desde meio de julho vimos um substancial aumento de russos a atravessarem as fronteiras dos países europeus vizinhos e isso tornou-se um risco de segurança para estes países”, disse o representante da diplomacia externa europeia, Josep Borrell, no final da reunião na capital checa. Borrell salientou ainda, que vários países que participaram na reunião desta quarta-feira consideraram que “muitos russos viajaram para lazer e compras como se não houvesse guerra nenhuma. E os Estados-membros consideraram que isto não pode ser ‘business as usual’”.
O ministro dos Negócios Estrangeiros da Estónia, Urmas Reinsalu, país que proibiu em julho a entrada de russos, já tinha dito há semanas ser inconcebível que “deixemos que cidadãos de um país agressor visitem pacificamente o Louvre e depois voltem para o seu país como se nada fosse”.
Vistos caso a caso, mas há milhões que já foram emitidos
Ao início da tarde desta quarta-feira, Borrell recordou que já existe uma proibição dirigida especificamente aos “indivíduos que suportam o regime de Putin”. E que a UE não quer impedir o acesso de indivíduos que não apoiam a guerra na Ucrânia, nem da sociedade civil no geral.
Mas, a partir de agora, “os vistos serão concedidos avaliando a situação individual de cada pedido” e não em grosso. Há no entanto, o caso de milhões de vistos que já foram concedidos e os ministros dos Negócios Estrangeiros decidiram pedir à Comissão Europeia que “aprecie esta situação complexa” e apresente uma proposta de “linha de conduta” para estes casos.
A suspensão do acordo com a Rússia de facilitação de entrada dos seus cidadãos irá “reduzir significativamente o fluxo de russos na UE”. A abordagem é comum a todos os países para evitar que “haja um shopping de vistos pelos vários países”, algo de que já se tinham queixado os países bálticos, como a Lituânia e a Estónia, que embora já tivessem cancelado a emissão de entradas a russos, nada podiam fazer com a passagem pelas suas fronteiras dos que tinham obtido vistos em outros países mais benévolos como, por exemplo, a Alemanha.
Além disso, para os países de fronteira com a Rússia, onde, segundo disse Borrell, a situação está a tornar-se desafiante, foi decidido que estes países podem “tomar medidas a nível nacional para restringir a entrada de cidadãos russos, sempre em conformidade com o Acordo de Shengen”. *Fonte: Contacto/pt; Foto: divulgação.