O Rotas Afro, caminhada turística que acontece em cidades do interior de São Paulo, entra para o pioneirismo do afroturismo em Realidade Virtual (VR). Desde o dia 28 de setembro, que o público, através de uma experiência imersiva, tem acesso a importantes espaços para a história e cultura negra do município de Piracicaba. A exemplo do Clube 13 de Maio, Casa do Hip Hop e Quilombo Corumbataí, que por motivos logísticos são mais difíceis de serem acessados pelo passeio presencial. “A experiência permite que as pessoas vejam e ouçam esses espaços por dentro. Além disso, o nosso trabalho buscou criar uma experiência única, convidando grupos culturais locais para realizarem apresentações musicais exclusivas para nosso projeto“, explica Julia Madeira, fundadora do Rotas Afro.
O som e as imagens do filme foram captadas em 360º, de modo que faz com que o espectador seja transportado para um ambiente virtual onde vive uma experiência artística e cultural singular. O público pode assistir utilizando óculos especiais para experiência imersiva através de aplicativo que poderá ser baixado diretamente no óculos. Além disso, no canal do Youtube do Rotas Afro terá um QR Code que também direciona o telespectador para conhecer o tour virtual.
Há tempos o movimento negro brasileiro sinaliza a necessidade de mudanças nas formas de narrar a História do Brasil e aliar a tecnologia e o afroturismo pode trazer novas possibilidades. Segundo Júlia, a realidade virtual ainda é restrita aos grupos mais privilegiados na sociedade. Para ela, esta iniciativa pode ser uma forte aliada à vida e ao futuro das pessoas negras e suas produções. “A ideia é que mais pessoas acessem o afroturismo por meio desta tecnologia e que seja um passo importante para a descolonização da produção do conhecimento histórico e promoção de experiências turísticas afro centradas“, salienta Madeira.
O projeto, que foi contemplado pelo PROAC, (Programa de Ação Cultural de São Paulo), foi construído em conjunto com Bruna Epiphanio, fundadora da produtora Olhar Através e Bruno Lottelli, fundador da GRÃO FILMES. A obra também contou com o apoio de grupos tradicionais de Piracicaba: Batuque de Umbigada, Batalha Central e EPCA (Escola Piracicabana de Capoeira Angola), que contribuíram no roteiro e mobilizaram seus grupos para a gravação. Entre os parceiros também estão: Eduardo Liron (programador), Renan Vasconcelos (mixagem de som), Robert Sidoli (captação de imagens), Danilo do Carmo (direção de fotografia), Isadora Maria Torres (captação de som direto), Beatriz Ferraz (produção de set), Robson Peqnoh (foto still, bastidores), Guilherme Martins (colorização), Andressa Santos (coordenação de redes sociais), Daiane Amaral (assessora de imprensa) e Rangel Egídio, da Crioula Design (responsável pela criação de peças gráficas).
Com a iniciativa, Julia Madeira espera atrair os mais diferentes públicos e contribuir para que a presença de corpos negros, bem como a sua arte, filosofia e cultura sejam plenamente respeitadas e história preservada. A guia turística já planeja levar a realidade virtual para outras ações de afroturismo e estuda formatos de distribuição para que essa tecnologia alcance o maior número de pessoas.
Sobre o Rotas Afro – Projeto de afroturismo que conecta pessoas, lugares e histórias negras. Desde 2019, vem se consolidando na cidade de Piracicaba baseado nas pesquisas do historiador Noedi Monteiro e do filósofo Antônio de Paula Junior, e atualmente, atua na cidade de Campinas em parceria com o historiador Guilherme Oliveira. Além do roteiro aberto ao público geral, o projeto busca atender escolas e professores gratuitamente através do “Rota Afro nas Escolas”. A fundadora do Rotas Afro é Julia Madeira, Guia de Turismo especializada em afroturismo e produtora cultural.*Foto: divulgação.
