O legado de romantismo e rebeldia de Erasmo Carlos

Por Irlam Rocha Lima

 

A notícia da morte de Erasmo Carlos pegou muita gente de surpresa e impactou os músicos brasileiros e, por conseguinte, brasilienses de diferentes formas. Um deles é Daniel Zukko, guitarrista e vocalista da Baby Meu Bem Os Brotos do Jacaré, banda que se dedica à obra de Roberto Carlos e Erasmo Carlos.

“O programa é apresentado de segunda-feira a sábado do meio dia às 14h. Estava no ar, quando recebi a informação da morte deste pioneiro do rock nacional. O Erasmo estava hospitalizado, mas acreditava na sua recuperação. No momento em que soube que ele havia morrido, o sentimento foi de perda de uma pessoa querida. Imediatamente, muito emocionado e pesaroso, transmiti a notícia para os ouvintes da rádio”, conta.

Há 10 anos à frente do grupo cover, do qual é um dos fundadores, revisita o vasto repertório de músicas das quais o Tremendão é co-coautor. “Conheço bastante a obra de Roberto e Erasmo, dos grandes sucessos às menos conhecidas. Nos shows da banda opto por cantar clássicos como Do fundo do meu coração, dos dois; Sentado a beira do caminho e Mais um na multidão. Essa última ele gravou com Marisa Monte”, destaca.

Líder e vocalista da Rock Beat, Daniela Firme diz que foi “com profunda tristeza” que tomou conhecimento da morte de Erasmo, pelas redes sociais. “Sempre vi Erasmo como uma força do rock brasileiro com suas composições em que a rebeldia e o lirismo convivem harmoniosamente. Isso, desde Pode vir quente que eu estou fervendo, da época da Jovem Guarda, movimento que ele comandou com Roberto Carlos, como aprendi com minha mãe”, observa.

Valorização da mulher

Firme exalta outra faceta da personalidade do Gigante Gentil: “Erasmo sempre valorizou a mulher e deu prova disso na canção Sexo frágil, em que diz num dos versos: “Dizem que a mulher é sexo frágil/ Mas que mentira absurda/ Eu que faço parte da rotina de uma delas/ Sei que a força está com elas”.

Paulo Veríssimo, criador e vocalista da banda Quatro Estações, que busca manter vivo o legado da Legião Urbana, revela que sempre teve muita admiração pelo trabalho de Erasmo Carlos. “Ouço Erasmo desde os sete anos de idade. Considero É preciso saber viver, que conheci bem antes dos Titãs regravar, uma das composições mais inspiradas desse gigante da música brasileira, que acaba de nos deixar”, ressalta.

Segundo o cantor e compositor, foi o avô José Veríssimo quem lhe apresentou a Erasmo, ao lhe presentear com o LP Carlos,de 1971. “Erasmo sempre buscou se atualizar. A banda que o acompanhava tem jovens músicos em sua formação”, constata. “Tive imenso prazer de conhecê-lo pessoalmente em 2019. Estava no Aeroporto JK e o encontrei. Pedi para fazer uma foto com ele, que gentilmente atendeu minha solicitação”, lembra.

Ícone do rock brasiliense, Philippe Seabra, guitarrista, vocalista e fundador da Plebe Rude vê Erasmo Carlos como um alicerce do rock brasileiro. “Como compositor e por sua postura foi um exemplo para as gerações de roqueiros que vieram depois. Quando ele surgiu, junto com o Roberto Carlos, à frente da Jovem Guarda, eu ainda era criança e morava nos Estados Unidos”, comenta. “Só fui me inteirar sobre sua obra, ouvindo ele criou nas décadas de 1970 e 1980, em sua fase mais pop. Erasmo deixou um grande e precioso legado”, acrescenta Seabra.

Produtora do Capital Moto Week, Juliana Jacinto chegou às lágrimas quando ouviu o noticiário sobre a morte de Erasmo Carlos. Foi ela quem trouxe o cantor e compositor para dois raros shows em Brasília. “Erasmo foi uma das atrações das edições de 2019 e 2018 do nosso festival”, recorda-se.

” Fiquei impressionada, desde o primeiro contato, com a simplicidade e a gentileza desse expoente do do rock nacional e da música popular brasileira. Os shows que fez, no festival, reuniram multidões e ele mostrou-se felicíssimo com a acolhida dos brasilienses, aos quais emocionou com suas belas canções.Algumas delas foram cantadas em coro pela plateia”, rememora.

*Fonte: Correio Braziliense; Imagem, crédito: Kleber Santos/CB Arte/DA PRESS.

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