Cavalcante: turismo sustentável em terras quilombolas

Por Geraldo Gurgel

Um dos principais destinos turísticos da Chapada dos Veadeiros, Cavalcante (GO) tem entre seus principais atrativos os vãos entre montanhas e rios com grotões, nascentes, cachoeiras, corredeiras e cânions. O Vão das Almas e o Vão do Moleque, entre outros quase inacessíveis, serviram de abrigo para índios e escravos fugitivos do garimpo. A área de 250 mil hectares entre Cavalcante, Teresina de Goiás e Monte Alegre abriga, hoje, o maior território quilombola do Brasil, habitado pelos Kalunga. Uma das principais atividades econômicas deste povo é o turismo, marcado pela sustentabilidade, história e tradições.

 

 


Crédito: Prefeitura de Cavalcante (GO)

No local, as famílias ainda mantêm o estilo de vida autossustentável. O povo Kalunga, que na língua banto significa lugar sagrado e de proteção, também pratica agricultura, pecuária, extrativismo, caça e pesca. A maior população Kalunga, com cerca de 5 mil pessoas, é a de Cavalcante. A comunidade Engenho II, a 30 km do centro de Cavalcante, atrai visitantes em busca do turismo de experiência e oferece opções de pousadas, camping e restaurantes caseiros.

Até o final do século passado os moradores viviam isolados, o que garantiu que um dos cartões postais da Chapada dos Veadeiros, a Cachoeira Santa Bárbara, de poço cristalino, continuasse preservada. O acesso é controlado pelos Kalunga. O guia Colecí Gonçalves, com sangue Kalunga e indígena (Avá-Canoeiros) é um dos sete guias de turismo cadastrados no Ministério do Turismo e que atuam na região.


Crédito: Prefeitura de Cavalcante

Os Kalunga ainda organizaram um centro de atendimento ao turista com lojinha, onde o visitante encontra do artesanato quilombola aos produtos da roça com forte tradição indígena, tempero africano e sabores do Cerrado. Nos dias mais movimentados a comunidade recebe até 200 turistas do mundo inteiro. Os moradores foram treinados para recepcioná-los e orientá-los pelos caminhos que levam aos demais atrativos, entre eles, as cachoeiras Capivara e Candaru (70m), acessadas por trilhas de 2 km e 4 km, respectivamente. São caminhos que serviram de rota de fuga, hoje trilhados pelos praticantes do ecoturismo em busca de natureza e aventura. Se tiver sorte, o visitante se depara com uma das muitas festas populares com rituais católicos e danças africanas, ampliando a experiência em uma imersão cultural entre os povos que preservam, além da natureza, suas tradições. O local foi reconhecido pela Fundação Palmares, vinculada ao Ministério da Cultura, como Sítio Histórico e Patrimônio Cultural Kalunga.

RIO DO PRATA – O complexo de sete cachoeiras do Rio do Prata fica a 67 km de Cavalcante. É um dos atrativos mais procurados pelos turistas e leva um dia para ser visitado. O acesso é pela estrada de terra Cavalcante-Minaçu, seguido de caminhada por 6 km de trilhas que conduzem a sequência de quedas com poços para banho em águas transparentes.


Créditos: Prefeitura de Cavalcante (GO)

No final da trilha chega-se à cachoeira Rei do Prata, onde o rio corta um paredão de pedra formando uma queda de 12 metros em um enorme e profundo poço com praia de areia e seixos. O local paradisíaco é um dos cartões postais da Chapada dos Veadeiros e compensa a caminhada. Um pouco abaixo fica a cachoeira do Urubu-rei com queda de 20 metros e mirante com vista para o final do vale com o Vão do Moleque ao fundo, lembrando que o território é Kalunga. Fonte: Agência de Notícias do Turismo

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