Por Nayara Oliveira
Fazer turismo é ir além de ver paisagens bonitas. É vivenciar a diversidade, promover a inclusão, conhecer a história do Brasil e aprender com ela.
Por esse motivo, o Afroturismo, uma modalidade de viagens que tem como objetivo destacar e fortalecer a cultura negra, é um movimento que ganha espaço no setor turístico e se mostra cada vez mais relevante. Foto: MTur.
A ideia é fazer com que o viajante tenha uma verdadeira imersão na cultura negra e os benefícios desse tipo de visita são inúmeros: reconexão com os próprios antepassados, respeito à diversidade, aumento da consciência e perspectiva de mundo, e vivência das tradições brasileiras.
“Uma das principais belezas existentes no turismo do Brasil reside na sua diversidade e isso é mostrado por meio de seu povo. Incentivar e vivenciar o afroturismo é resgatar um passado de lutas que hoje deve ser ressignificado, respeitando os nossos antepassados e promovendo a igualdade nos dias de hoje, o que é pauta do presidente Lula, do nosso governo. O turismo também é uma ferramenta de promoção e valorização das diferentes culturas existentes no nosso país”, destaca a ministra do Turismo, Daniela Carneiro.
No Brasil, a diversidade de roteiros de Afroturismo tem ganhado o coração dos viajantes. De Norte a Sul, é possível conhecer, aprender, se emocionar e ficar fascinado com atrativos turísticos que narram a história do povo negro pelo olhar de quem é preto. Além do mais, os tours são para todos os públicos, destacando, além de belas paisagens e monumentos, o acesso ao turismo a todas as pessoas, a promoção de viagens mais seguras aos turistas negros (por meio de ações afirmativas e acolhimento) e a ampliação da presença dos profissionais negros no turismo.
Conheça alguns roteiros que trazem essa narrativa:
ALAGOAS
O tour começa por uma parada obrigatória na história do símbolo da resistência contra a escravidão: Zumbi dos Palmares. A cidade alagoana União dos Palmares foi, durante o período colonial, o local que abrigou o maior quilombo brasileiro onde Zumbi ficou conhecido.
O Quilombo dos Palmares era formado por escravos fugitivos, indígenas e brancos expulsos das fazendas. Hoje, ele carrega a história de um de seus líderes e de todos aqueles que lutaram contra a escravidão. O local fica a 80 km da capital Maceió e é tombado como patrimônio histórico, possuindo um Parque Memorial e recebendo visitantes que se tornam mais conscientes ao adentrarem o espaço.
BAHIA
Salvador, capital do estado baiano, é repleta de história e parada obrigatória para quem quer conhecer os marcos turísticos que representam a população negra. A cidade é conhecida por abrigar o maior número de negros no Brasil e enche os olhos e o coração do turista com um histórico de lutas e superação.
O Pelourinho, por exemplo, narra a história onde pessoas escravizadas eram castigadas. Foto, crédito Nelson Rocha-Arquivo PTT.
Esse triste fato hoje é ressignificado através do turismo, onde os visitantes podem conhecer um pouco mais sobre o passado e o legado deixado pelos negros para seus sucessores.
Ainda em Salvador, na Ladeira do Curuzu, o turista pode conhecer o local onde um bloco afro dá um show à parte e atrai uma multidão. Além disso, muita cultura e conhecimento são disseminados no Museu Afro-Brasileiro, em igrejas da cidade, como a Nossa Senhora Rosário dos Pretos. O viajante também pode vivenciar, de pertinho, as religiões de matriz africana e o sincretismo religioso que marca a espiritualidade do brasileiro.
Por falar nisso, na última quinta-feira (02.02), Salvador e todos os devotos da rainha do mar vão estar em festa pelo Brasil. Isso porque a data celebra Iemanjá, um orixá africano feminino que faz parte do candomblé e de outras religiões afro-brasileiras. Iemanjá é considerada padroeira dos pescadores, jangadeiros e marinheiros.
RIO DE JANEIRO
Assim como Salvador, a cidade foi palco de luta contra a escravidão. O Rio de Janeiro recebeu pessoas escravizadas e, por esse motivo, a zona portuária ficou conhecida como pequena África e se tornou um atrativo turístico para a consciência dessa marca do passado.
Além disso, o turista pode visitar locais como a Pedra do Sal (onde os escravos descarregavam sal) e desfrutar da riqueza cultural de uma roda de samba ou degustar a gastronomia local com pratos típicos da culinária afro-brasileira.
O Sítio Arqueológico Cais do Valongo também é parada obrigatória para o Afroturismo. Principal porto de entrada de africanos escravizados no Brasil e nas Américas, ele integra a lista do Patrimônio Mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) e hoje é um verdadeiro museu a céu aberto.
MINAS GERAIS
A cidade ficou famosa graças à exploração de ouro, e recebia muitos escravos, que ficaram responsáveis pela construção dos casarões antigos e das igrejas que tornaram a cidade um patrimônio cultural da humanidade. Hoje, o legado dos antepassados negros vai além das construções e se perpetuou na cultura e nas tradições da cidade.
Por lá, o turista pode passear pelas igrejas de São Francisco de Assis, de Santa Ifigênia dos Negros, de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos ou visitar as minas de ouro – que contavam com o trabalho e a inteligência africana aplicada na técnica. Fonte: MTur.