Por Juarez Cruz* Hoje, dia 08 de março, comemora-se o Dia Internacional da Mulher.
Sabemos que tem mulher e tem mulher, afinal de qual delas iremos falar?
Vamos falar da mulher brasileira, preta, branca, parda, casada, separada, solteira, com ou sem filhos para criar;
Porque também não falarmos das mulheres profissionais liberais, autônomas, que fazem o motor da economia andar e prosperar de nosso país.
Ou das mulheres do setor público e privado e daquelas que ousaram ocupar o espaço político para se posicionarem, lutarem por seus direitos e marcarem presença, num lugar antes dominado somente pelos homens.
É importante se lembrar das professoras, profissionais de saúde, das administradoras, jornalistas, artistas e das policiais, das balconistas, garçonetes, quituteiras, garis e de todas as empreendedoras que labutam pelas ruas para trazerem o pão de cada dia pra dentro de casa.
Porque não falar também das diaristas, babas, cozinheiras e cuidadoras de idosos, que fazem o trabalho das mulheres que não tem tempo para fazê-lo ou das mulheres que simplesmente se negam a fazer por se acharem diferentes, superioras.
Falaremos das artesãs, das parequedistas, das atletas de diversas modalidades e das que pilotam aviões, barcos, maquinas industriais e agrícolas, carros de aplicativos, taxis, caminhões; das que pilotam motos fazendo trabalho delivery que tanto quebra o galho de quem não teve tempo de comprar ou cozinhar.
Assim como não devemos esquecer ás mulheres bombeiras, do Salvar e as que trabalham nas UPAs e prontos socorros se dedicando, diuturnamente, a salvar vidas de quem simplesmente não conhecem.
Lembremo-nos das mulheres que estão nos abrigos de idosos, das enfermas que lutam pela vida numa cama hospitalar, muitas delas ás vezes sem um acompanhante para chamar de seu: um filho ou filha, marido, namorado, amante, irmã ou irmão, mãe, pai ou avô ou quiça, um(a) amigo(a) qualquer para estar ao seu lado.
Mais importante, e também necessário, não esquecermos das mulheres de rua, abandonadas ou não por suas famílias, ou pela falta de oportunidade, ou pelas políticas públicas segregacionista e excludente, impostas pelos políticos que vitimam as mais pobres e lhes tiram as chances de galgar algo melhor dentro da sociedade.
Certamente estas mulheres não são lembradas em momento algum, mesmo quando perambulam pelas ruas da cidade catando o lixo para matar a fome, mostrando seus corpos sujos e flácidos, morando sob as marquises de lojas ou em baixo de viadutos fétidos. Como zumbis, elas caminham solitárias entre a multidão, tornando-se invisíveis diante dos olhos cegos do poder público e da sociedade elitista, que se interessam apenas pelas mulheres que podem comprar ou serem compradas com presentes inúteis, que serão jogados no lixo tempos depois da comemoração do seu dia.
Neste Dia Internacional da Mulher, de qual mulher estamos mesmo falando, cara pálida?
*Juarez Cruz é escritor e cronista. Autor do livro “Por Trás dos Teares”. Colaborador da “Revista Artpoesia” e escreve crônicas para sites e jornais. Mora em Salvador-BA. Contato: juarez.cruz@uol.com.br