Destino: Yearbook Casa Vogue mostra os encantos da Ilha do Ferro

A edição da Casa Vogue mais aguardada do ano, o Yearbook, tem uma reportagem especial sobre a Ilha do Ferro, na seção Destino. Localizado a 266 km de Maceió, de um lado, o distrito é cercado pelo rio São Francisco, do outro, por densa caatinga. Com cerca de 500 habitantes, o povoado também se destaca por suas casinhas de fachadas coloridas, construídas em meados do século 20, durante o apogeu das produções de algodão e cana-de-açúcar. Não bastassem as belezas naturais, ainda leva a fama de ser o lugar com mais artistas por metro quadrado do Brasil. “A vila é um centro vital de criação popular, com muitos habitantes dedicados à arte, seja em madeira ou em bordado”, afirma a jornalista e curadora Adélia Borges.

Uma das principais atrações do destino é visitar os ateliês, alocados nas residências dos artesãos. O mais conhecido é o Boca do Vento, que se tornou famoso graças a Fernando Rodrigues – o artesão confeccionava tamancos, ofício aprendido com o sogro, até descobrir o talento artístico aos 70 anos.

Povoado no sertão alagoano nos últimos anos anos consolidou-se como um dos grandes polos de artesanato e arte popular do país. Foto, crédito Gui Gomes.

Foi o olhar apurado do fotógrafo alagoano Celso Brandão que identificou originalidade nos bancos de mulungu, com formas de totens e assentos forrados de borracha de pneus de bicicletas. Foto: Gui Gomes/divulgação.

Não tardou para que as peças ganhassem o mundo com a ajuda de Celso e de Adélia, que os incluiu na curadoria da exposição ‘Uma História do Sentar’, ao lado de móveis de Fernando e Humberto Campana, para a inauguração do Museu Oscar Niemeyer, em2002, em Curitiba.

Além da pesca, o bordado boa-noite é outro patrimônio da região. Com nome de uma flor local, a técnica de desfiar o pano de cambraia de linho chegou ao distrito por influência dos portugueses e se perpetuou entre os fazeres das mulheres. Toalhas, guardanapos, cortinas, jogos americanos e almofadas são bordados pelas artesãs, que se reúnem na cooperativa Art- Ilha desde 1998. Antes da passagem do designer Renato Imbroisi pela vila, a convite do Museu A CASA do Objeto Brasileiro, de São Paulo, o bordado era branco. Renato as incentivou a investir em linhas coloridas e novos padrões surgiram.

Os encantos não param por aí. O talento desse povo simples e hospitaleiro se manifesta também na música, com seresteiros e forrozeiros a se apresentarem nas noites de brisa fresca na rua principal. “Na Ilha do Ferro você tem a oportunidade de conversar espontaneamente com os locais. Essa convivência é enriquecedora e, por isso, meu desejo é de que essa harmonia permaneça e que os forasteiros respeitem e conservem a riqueza natural e humana, sem querer se impor a ela ou descaracterizá-la”, reflete Adélia Borges.

A matéria na íntegra pode ser conferida no Yearbook 2023, disponível nas bancas de todo o país.

 

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