Por Berna Farias – Texto e fotos
Sol que nasce primeiro, mar de água morninha, quentura do aconchego de um povo que sabe receber bem, tudo na Paraíba lembra calor. Mas por aqui também tem frio gostoso. Na região do Brejo, as temperaturas amenas são um atrativo a mais, um diferencial em municípios cheios de história, cultura, gastronomia e paisagens de tirar o fôlego.
Com o objetivo de divulgar os atrativos naturais e culturais da região, há quase duas décadas acontece o Caminhos do Frio, ação da Secretaria de Turismo e Desenvolvimento Econômico e Empresa Paraibana de Turismo (PBTUR) em parceria com os municípios. A ação chega, em 2023, à sua 18a edição com dez municípios participantes e em ritmo de expansão.
Ao todo, são dez municípios participantes, no período de julho a setembro. Depois de Areia, Pilões, Matinhas e Solânea, em 31 de julho foi a vez de Serraria, onde a programação da Rota Cultural inclui shows musicais, espetáculos teatrais e cavalgada. Um engenho montado em plena praça da cidade, perto da igreja do Sagrado Coração de Jesus, é atração à parte, com degustação de cachaça e fabrico da rapadura.
Cordel dá o tom
A literatura de cordel é o tema do Caminhos do Frio em Serraria. Toda a decoração da praça e ruas adjacentes traz elementos dessa arte, que é uma forte marca cultural do Nordeste. Os folhetos de cordel aparecem até nas barraquinhas gastronômicas, onde todo tipo de iguaria, dos docinhos ao churrasco de bode, não deixa o visitante passar vontade. Tem até a inovação do “espetinho de tripa”.
Na abertura, com prefeitos e representantes de outras cidades brejeiras e da Empresa Baiana de Turismo (PBTUR), a companhia de teatro Camuca fez a apresentação da cidade com o espetáculo “Serraria em 8 cordéis”. A história da “Princesa do Brejo”, que remonta ao século XVII, é recontada de forma lúdica, desde a ação pioneira dos desbravadores, a instalação dos engenhos e da serraria que deu nome à cidade, até sua emancipação e importância atual.
Como ocorreu nas cidades anteriores, a PBTUR e a Secretaria de Turismo e Desenvolvimento Econômico (SETDE), com a Lokvans Receptivo, realizaram um “fampress” com jornalistas e influenciadores para conferir os atrativos locais. Ainda participarão da Caminhos do Frio, que só encerra dia 10 de setembro, Borborema, Remígio, Bananeiras, Alagoa Grande e Alagoa Nova. Foto: PBTUR.
A ação tem como objetivo divulgar as atrações naturais e culturais das cidades. “Nossa missão é divulgar o que cada localidade tem de melhor, para que as pessoas busquem mais por esses destinos”, explicou o Presidente da PBTUR, Ferdinando Lucena. De acordo com a Secretária de Turismo e Desenvolvimento Econômico, Rosália Lucas, cada cidade do brejo paraibano tem sua singularidade. “O Caminhos do Frio é um evento que movimenta essas regiões e estimula a economia local”, ressalta.
Turismo integrado
“O Brejo só não tem o mar. Temos tudo aqui: gastronomia, artesanato, engenhos de cachaça, cachoeira, turismo de aventura – o maior rapel do estado está em Pilões”, relata o secretário de Turismo de Pilões Jaime Sebastião de Souza Neto, presidente do Fórum de Turismo do Brejo e consultor em Destinos Turísticos da região.
Segundo Jaime, o Brejo paraibano vem se tornando a maior região turística do estado, com 20 municípios turísticos, dez deles integrando o Caminhos do Frio. “Esse turismo acontece de forma integrada: somos uma região geográfica com um raio de 30 quilômetros de município a outro, permitindo que grupos se desloquem facilmente de um lugar a outro, até por trilhas, favorecidos pelo clima ameno com média de 19 graus de temperatura”.
O frio é compensado pelo calor do aconchego, que predomina em ambientes como o Targino Sítio, em Pilões. Os visitantes são recebidos pelo dono, Severino José Targino da Silva, 62 anos de pura simpatia, e a filha, Raniela Targino. O lugar oferece café da tarde, almoço aos domingos e espaço para quem levar sua barraca para acampar: o camping já conta com um trailer e a estrutura vem sendo ampliada. No alto, o pôr do sol e um mirante, com amplitude que permite avistar municípios vizinhos, são atrações adicionais. E tem fogueira, pra tornar o aconchego ainda maior.
Conhecida por seus engenhos e pelas riquezas culturais, Serraria é a quinta cidade a receber o Caminhos do Frio, que se encontra em sua 18a edição. O povoado, localizado no alto de uma serra, era conhecido como Espinhaço do Brejo, e teria surgido a partir da instalação de uma serralheria por Manoel Birindiba, equipamento que depois deu nome à cidade.
Em seu lugar teria sido construída a igreja matriz do Sagrado Coração de Jesus. No mesmo ano, 1851, é construída, por Firmino Fernandes, a capela de Nossa Senhora da Boa Morte, favorecendo ainda mais o desenvolvimento do povoado. A capela é atração por estar situada no cemitério local.
Localizada a 89 km de João Pessoa, Serraria se destacou pelo plantio de cana, fumo, café e agave, este chegando a produto de exportação, e já contou com mais de 40 engenhos funcionando até a década de 1980, na produção de rapadura e cachaça. Com altitude de 612 metros acima do nível do mar, as temperaturas chegam a 15° com sensação térmica de 12° de maio a agosto, e já foram relatadas chuvas de granizo.
Entre os atrativos, estão os engenhos Martiniano Cachaça Cobiçada, onde o turista conhece todo o processo de fabricação da cachaça do corte da cana ao engarrafamento, e o Engenho Baixa Verde, datado de 1883, que guarda um dos acervos mais completos da arquitetura colonial no Nordeste, incluindo a imponente casa-grande, capela e senzala.
Lá é produzida a cachaça Vila Real. Dispõe de reserva ecológica e oferece cavalgadas e outras atividades.
Também tem o Sítio Trincheiras, onde o ex-prefeito Roberto Cavalcanti recebe os visitantes com uma vista espetacular de um alto mirante e visita às plantações de café. Na gastronomia, recomenda-se o Mirante 360° no Sítio Macaíba aos sábados, domingos e feriados, e o Taberna Bar, no cemtro da cidade. Para ficar, a Pousada Pinheiros da Serra, na Praça Antonio Bento (principal).
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