Museu de Arte Contemporânea da Bahia abre as portas com “virada cultural” de 60 horas

Enquanto skatistas realizavam manobras velozes e surpreendentes numa pista de skate montada à frente de um edifício neoclássico de 1912 sob holofotes de luz branca e azul, um caminhão munck (hidráulico) erguia artistas de grafite a seis metros de altura para pintar um enorme mural numa parede. Este é apenas um fragmento da inauguração do Museu de Arte Contemporânea da Bahia (MAC_BAHIA), mais novo equipamento cultural do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC), unidade vinculada à Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (SecultBA), que ocorreu sexta-feira (29), em Salvador.

Enquanto skatistas realizavam manobras velozes e surpreendentes numa pista de skate montada à frente de um edifício neoclássico de 1912 sob holofotes de luz branca e azul, um caminhão munck (hidráulico) erguia artistas de grafite a seis metros de altura para pintar um enorme mural numa parede.

 

Na abertura compareceram artistas, intelectuais, representantes federais, estaduais e municipais, moradores do bairro e representantes de várias comunidades de periferia de Salvador. O MAC_BAHIA detém jardins, grandes árvores, um casarão centenário (o Palacete do Comendador Bernardo Martins Catharino, tombado pelo IPAC desde 1986) com quatro pavimentos – todos com exposições – e uma edificação contemporânea ao fundo, onde acontece a exposição Agô de um dos mais prestigiados artistas baianos da atualidade, Ayrson Heráclito.

Para a diretora geral do IPAC, Luciana Mandelli, a abertura deste equipamento é resultado de uma construção coletiva, no momento de reconstrução das políticas culturais que o Brasil está vivendo. “Depois de um longo período de terra arrasada, onde fazer crítica e debate estava proibido, estava como um direito cassado e impedido, a decisão de apostar na construção do MAC_BAHIA garante termos lugares onde a gente volte a produzir e formular opinião crítica, onde possamos organizar debates antes marginais e relegados, dando mais visibilidade a eles, explorar as contradições que a sociedade contemporânea nos coloca, sempre pensando na construção coletiva, na pluralidade e na diversidade que formam a cultura”, afirma Luciana.

Para Bruno Monteiro, secretário de Cultura do Estado da Bahia, o Museu já abre com uma programação diversificada com performances, ações e mostras artísticas para deixar muito claro qual é o papel e o sentido de um equipamento cultural como este. “O governador Jerônimo Rodrigues tem nos convocados permanentemente para que a Cultura esteja no centro de um projeto de desenvolvimento, de inclusão e que compreende a arte com todas as suas manifestações. O MAC_BAHIA está aqui como uma entrega concreta dessa forma de fazer política e de compreender a cultura”, explica Monteiro.

Para o artista Ayrson Heráclito fez questão de ressaltar que a Bahia sempre foi propositiva nas transformações culturais brasileiras. “Fico feliz de participar desse momento no MAC e dedico essa exposição e esses espaços que estou conquistando a todos os artistas jovens da Bahia, que começam a construir suas trajetórias, que não desistam, tenham fé e axé para continuar e conquistar!”

ACERVO

O MAC_BAHIA vem suprir uma lacuna e atende uma antiga expectativa do meio artístico e museológico do estado, em uma organização mais clara com relação aos acervos sob a salvaguarda do IPAC, responsável pela gestão dos principais museus baianos de arte – o MAM Bahia, o MAB, e agora o MAC – e pela política museológica para o setor no âmbito estadual.

Daniel Rangel, diretor do MAC_BAHIA, explica que o acervo do Museu é composto de obras que foram transferidas do Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM Bahia) para formar o acervo inicial do MAC_BAHIA. São cerca de 175 trabalhos, de 102 artistas de diferentes regiões do país, que foram premiados ao longo das 16 edições do Salões do MAM Bahia, que aconteceram entre 1994 e 2009. “O que a gente está fazendo agora é pegar essas obras que entraram ao longo desses 16 anos, através dos Salões, para dar início ao Museu de Arte Contemporânea da Bahia. O MAC é um museu que nasce hoje, mas que já carrega uma história”, explica Rangel.

Para Rangel, mais do que um museu de arte contemporânea, a ideia do espaço é “fazer um museu contemporâneo de arte. Um museu que seja inclusivo, permissivo, que seja provocativo, que a gente abra o espaço para que a arte contemporânea possa talvez acontecer”, afirma o diretor.

PROGRAMAÇÃO ATÉ AMANHÃ

Marcando a inauguração do novo Museu de Arte Contemporânea da Bahia, até o domingo (01/10) aconteceu o MAC_Bahia – 60 horas, com uma programação artística diversificada e ininterrupta, que foi iniciada às 10h da sexta-feira, 29/09, e terminou apenas às 22h do domingo, 01/10. A programação contou com as exposições Acervo inicial MACBahiaAgô-Ayrson Heráclito e Muro; performances de break-dance, poesia e música; bate-papos e oficinas; projeções de vídeo mapping e cinema a céu aberto; arte digital com dj, vj e live code; pista de skate; yoga, entre outras atrações.

Ao longo da noite de sexta (29) e da madrugada do dia (30) aconteceu o Cine-Paredão. A manhã do dia 30 começou com piquenique frugal, prática de meditação e Qi Gong (Tai Chi), e com atividades de Skate Arte e Grafite nas paredes laterais no limite do museu. A agenda do dia ainda reservou atividades com no laboratório MAC Digital e o Espaço COLABORAR, uma caminhada bate-papo pela exposição Agô, com o artista Ayrson Heráclito, seguida de performance musical com o Grupo de Percussão da UFBA às 18h30 e video-mapping com VJ Gabiru. O programa do Cine Paredão seguiu das 21h às 23h e a programação ainda contou com a instalação imersiva LAB ICON da Universidade Federal da Bahia, marcando a agenda da garagem digital, às 21h30 e a exibição do Cine paredão, às 23h.

No domingo (01/10), a programação da madrugada seguiu com o Cine Paredão até às 5h. No amanhecer houve o piquenique frugal e a meditação e yoga com a professora Carla Dantas, às 8h30. As performances Skate e Arte e as intervenções de arte urbana, com graffiti e lambe, e o Dub no MAC complementou a agenda da manhã. No Espaço Colaborar, às 15h, o visitante companhou a ativação LAB MAC Digital. Uma caminhada bate-papo pelos muros de Arte Urbana aconteceu  às 16h30. O fim da tarde de domingo contou com a performance musical do cantor e compositor Tiganá Santana, às 17h30. Um Video-mapping – VJ Gabiru seguiu até as 22h, além do Cine Paredão, com programa das 20h às 22h, encerrando a programação da virada cultural. Fotos, crédito: Fernando Barbosa/ IPAC-BA.

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